quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Janelas Do Cotidiano

Você mora em uma casa e um apartamento ? Afinal , da janela da janela de sua casa ou apartamento , o que você vê ? Uma paisagem cinzenta , típica das grandes cidades , ou algo mais bucólico ? As janelas de nossa casa ou apartamento são um dos canais de acesso com o mundo . A partir delas vemos os mais diversos tipos , que são atores dessa grande peça chamada VIDA . E é  essa grande peça teatral da vida real o tema da crônica-poesia de hoje , de autoria do escritor francisquense GIOVANNI LEMOS . CONFIRA :

"Abrem-se as cortinas , o cenário surge e os personagens se apresentam . Quantas histórias se têm como pano de fundo . Quantas cenas e paisagens são emolduradas pela abertura arquitetônica ,



 onde embuçados , os principais atores , com seus amores  e desencantos  , escondem os segredos de experiências vividas em tímidos episódios .

 Assim , como os vários modelos de bocas apresentados aos transeuntes



que admiram as características estilísticas de cada cenário , verificamos na diversas histórias , cenas e personagens que dão vida no palco às grandes obras .

 Na manhã , os primeiros acordes iniciam muito lentos e discretos , como num natural despertar de pois de grandes encenações .



 O ar , ao adentrar totalmente os espaços , renova e revigora , estimulando os ânimos a novos espetáculos .

 No início das tardes os ensaios se repetem e todos os que surgem , como coadjuvantes , observam atentamente como será o desfecho da peça .



 No descer natural das cortinas , ofuscando as luzes do dia , prenunciando o grande espetáculo contemplado pelo céu das estrelas e das luzes artificiais , se apresentam novos e curiosos capítulos sobre temas inusitados .



 Mundos discretos verificam as mentes da plateia que se identificam com cada ato . Vestes personificam atores , retratam a alma de cada real personagem , que , numa tentativa hipócrita , busca esconder a natureza de seu íntimo . Segredos que continuam ocultos numa face que nada esconde a real fisionomia que o revela .

 Para cada apresentação , um público específico , como também , para cada história encenada . No olhar frenético da plateia , o julgo circunda o pensamento , definindo o que , possivelmente , certo seria como veredicto .

 Diálogos infindos em episódios maçantes são encenados nas janelas ribaltas sem pudor algum .

 


Os sons das vozes ecoam e muitos deles notabilizam-se em cenas memoráveis ou , lamentavelmente , em vulgares tragédias . A dramaturgia , em gestos , orientados pelos textos , nos leva a uma reflexão sobre como interpretamos nossos papéis pré-escritos .

 Nos grandes espetáculos - vistos nos teatros das fachadas -

 




alisamos cenas cotidianas de muita valia . Vaidades pueris que acumulam festivas perdas ; orgulhos insanos que nada acrescentam ; luxúrias descabidas que atormentam o espírito ; calúnias que aniquilam e invejas que anulam capacidades pueris .

 Nas vidraças que servem de tímidas escotilhas às janelas cotidianas , escorrem lágrimas , as lágrimas do tempo .



 Lágrimas de felicidade ? Lágrimas de arrependimento ?

 Você fará seu próprio julgamento e dará o veredito .

 As cortinas fecham e as luzes da ribalta se apagam .

 Amanhã , teremos um novo espetáculo . "

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