Você mora em uma casa e um apartamento ? Afinal , da janela da janela de sua casa ou apartamento , o que você vê ? Uma paisagem cinzenta , típica das grandes cidades , ou algo mais bucólico ? As janelas de nossa casa ou apartamento são um dos canais de acesso com o mundo . A partir delas vemos os mais diversos tipos , que são atores dessa grande peça chamada VIDA . E é essa grande peça teatral da vida real o tema da crônica-poesia de hoje , de autoria do escritor francisquense GIOVANNI LEMOS . CONFIRA :
"Abrem-se as cortinas , o cenário surge e os personagens se apresentam . Quantas histórias se têm como pano de fundo . Quantas cenas e paisagens são emolduradas pela abertura arquitetônica ,
onde embuçados , os principais atores , com seus amores e desencantos , escondem os segredos de experiências vividas em tímidos episódios .
Assim , como os vários modelos de bocas apresentados aos transeuntes
que admiram as características estilísticas de cada cenário , verificamos na diversas histórias , cenas e personagens que dão vida no palco às grandes obras .
Na manhã , os primeiros acordes iniciam muito lentos e discretos , como num natural despertar de pois de grandes encenações .
O ar , ao adentrar totalmente os espaços , renova e revigora , estimulando os ânimos a novos espetáculos .
No início das tardes os ensaios se repetem e todos os que surgem , como coadjuvantes , observam atentamente como será o desfecho da peça .
No descer natural das cortinas , ofuscando as luzes do dia , prenunciando o grande espetáculo contemplado pelo céu das estrelas e das luzes artificiais , se apresentam novos e curiosos capítulos sobre temas inusitados .
Mundos discretos verificam as mentes da plateia que se identificam com cada ato . Vestes personificam atores , retratam a alma de cada real personagem , que , numa tentativa hipócrita , busca esconder a natureza de seu íntimo . Segredos que continuam ocultos numa face que nada esconde a real fisionomia que o revela .
Para cada apresentação , um público específico , como também , para cada história encenada . No olhar frenético da plateia , o julgo circunda o pensamento , definindo o que , possivelmente , certo seria como veredicto .
Diálogos infindos em episódios maçantes são encenados nas janelas ribaltas sem pudor algum .
Os sons das vozes ecoam e muitos deles notabilizam-se em cenas memoráveis ou , lamentavelmente , em vulgares tragédias . A dramaturgia , em gestos , orientados pelos textos , nos leva a uma reflexão sobre como interpretamos nossos papéis pré-escritos .
Nos grandes espetáculos - vistos nos teatros das fachadas -
alisamos cenas cotidianas de muita valia . Vaidades pueris que acumulam festivas perdas ; orgulhos insanos que nada acrescentam ; luxúrias descabidas que atormentam o espírito ; calúnias que aniquilam e invejas que anulam capacidades pueris .
Nas vidraças que servem de tímidas escotilhas às janelas cotidianas , escorrem lágrimas , as lágrimas do tempo .
Lágrimas de felicidade ? Lágrimas de arrependimento ?
Você fará seu próprio julgamento e dará o veredito .
As cortinas fecham e as luzes da ribalta se apagam .
Amanhã , teremos um novo espetáculo . "
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