sexta-feira, 12 de julho de 2013
histórias do Hilton......É andando que se anda!
Mais uma história de HILTON GORRESSEN.....desta vez com jeito de especulação filosófica!CONFIRA E APRENDA COM OO MESTRE!
"Dita assim, a frase acima parece a rainha das obviedades: claro que não é deitado que se anda. Este cronista deve estar maluco, daqui a pouco vai dizer que é comendo que se come. Mas, olhando bem, existe algo de filosófico por trás dela. Para se andar (ou, metaforicamente, desenvolver alguma coisa) não é necessário nada mais do que sair caminhando. É mais ou menos dizer: andando é que se chega. Mas existem várias formas de se chegar, uma delas indo de Mercedes. De andar só existe um jeito. Incrivelmente, muitos não conseguem fazer isso. Em vez de sair caminhando, perdem-se nos detalhes, nos planos, nos sonhos.
De mais a mais, a vida é uma caminhada. Como disse o poeta espanhol Antonio Machado (frase que foi apropriada por muitos): caminhante, não há caminho; o caminho se faz ao andar. O destino do caminhante é incerto. Existem os desvios, os atalhos, as falsas rotas, as voltas ao lugar de partida. Aproveitem as paisagens, os encontros, as alegrias fugazes, pois o destino final é a morte.
Vamos deixar esses prolegômenos de lado e passar ao prosaico: andar, no sentido concreto do termo, foi para mim sempre uma opção. Iniciei-me como andarilho já no tempo de ginásio, obrigado a caminhar vários quilômetros para chegar à escola. Ao mesmo tempo, como meu pai escriturava livros contábeis, tinha como missão buscar notas fiscais ou fazer cobranças nos estabelecimentos da clientela, muitas vezes em locais distantes. Não tive o luxo de bicicletas, muito menos de automóvel. Vencia distâncias na “carcanha”, como se dizia naquele tempo.
Quando comecei a trabalhar, como só iniciava o expediente à tarde, aproveitava as horas da manhã para andar pelos arredores da cidade, voltando animado para enfrentar o “batente”.
E aprendi a ir meditando meus textos enquanto caminhava, costume que conservo até hoje. Quantas boas ideias me surgiram e foram desenvolvidas no trajeto entre minha casa e o centro da cidade. E a caminhada me ensinou uma coisa: por mais longe que esteja seu ponto de chegada, ao dar os primeiros passos você já não está no mesmo lugar.
Acredito também que quem tem pernas para caminhar não necessita de psicólogos ou psiquiatras. Enfrentei diversas crises em longas caminhadas, andando até desanuviar o cérebro. É uma receita que indico a todos.
Enquanto tiver pernas para andar, vou caminhando pela vida, em todos os sentidos."
(NOTA DO BLOG:texto publicado no jornal Notícias do Dia em 10.07.2013)
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