SAHELANTHROPUS TCHADENSIS , este nome comprido e estranho é o nome de nosso provável ancestral mais remoto . Ele viveu entre 6 e 7 milhões de anos atrás no que hoje é o sul do deserto do Saara , mais especificamente na atual República do Chade , em uma região que outrora foi uma vasta e riquíssima floresta , fato comprovado pela grande quantidade de fósseis encontrados na região . Esse ser baixo ( media em média 1, 30 metro de altura ) , desengonçado e remotamente ligado à nós , não apenas deu início a uma fantástica evolução que resultaria na espécie humana atual mas também a uma das muitas coisas que nos diferenciam de outros animais : A COMUNICAÇÃO . Dos sons guturais daqueles simples e primitivos seres chegou-se aos modernos hi-fis , fibras óticas , internet.......E no meio disso tudo existem as palavras .
Estima-se que entre 3.000 e 6.000 línguas sejam faladas no mundo e , embora diferentes , quase todas elas têm o mesmo significado . Elas podem selar amizades e acordos , trazer alegria , servir para difundir conhecimentos como também podem servir para enganar , manipular , declarar guerras e brigas e exterminar povos . Ou podem ainda ser ocas , fazendo parte de discursos vazios . E é justamente sobre o poder das palavras , especialmente em época de eleição , o tema da crônica de hoje , de HILTON GORRESEN . CONFIRA :
"Palavras são palavras , nada mais que palavras . Este é o paradoxo : as palavras são tudo e não são nada . Se por um lado simplificam um elo entre nós e a realidade ( sem as palavras não teríamos nem a possibilidade de formular um pensamento ) , por outro lado podem ser a maior fonte de enganos , de dissimulações .
Nas mãos de literatos , palavras inventam significados , têm múltiplos sentidos , dizem mais do que aparecem nos textos .
Nas mãos de certos grupos , palavras disseminam ideologias , que mascaram e deformam a realidade . Nenhum grupo no poder iria declara ao povo : tomamos tal atitude para beneficiar nossos partidários ou patrocinadores .
Suas ações deixam de ter ( maus ) objetivos específicos , pessoais , e se ' universalizam ' , travestindo-se em benefícios comuns .
Palavras fazem um desvio do passado ou constroem um passado novo e apresentam futuros promissores , adequando-se aos interesses comuns . Desse modo , mediante uma operação linguística , o caminho de alguns passa a ser o caminho de ( quase ) todos . É o que se chama de discurso , em sua acepção ideológica .
Quando se avizinham eleições , dezenas de candidatos jogam no ar apressados apelos , em seus poucos segundos de exposição na telinha da TV . Alguns são 'macacos velhos ' , buscando reeleição , outros são ingênuos bem ou mal intencionados .
Quem sabe alguns ( ou a maioria ) deles até desconheçam as funções e os limites de poder de um representante do povo .
Quem sabe alguns deles , atraídos pelos polpudos vencimentos de um político , pensem em apenas como dizem popularmente ' tirar o pé do lodo ' . Daí repetirem chavões que possam impressionar o leitor ; daí proporem ações que talvez não tenham o poder ou a possibilidade de realizar , como o folclórico candidato que prometeu revogar a lei da oferta e da procura . É como se dissessem : dê-me o seu voto que irei resolver todos os seus problemas .
Eleitos , passam a sofrer pressões internas e de ' lobbies ' a fim de apoiar ' outros ' interesses ........
Não é declarando alguma coisa - e aí vem a ilusão da palavra - que irei transformá-la em realidade . Palavras não são atos ( minto : existem palavras que têm força de atos , são as que têm o poder de nomear , exonerar , casar , separar , etc......) . Palavras não fazem chover nem evitam inundações .
Quem sabe o que vai na cabeça de quem se lança a uma candidatura ? E como distinguir , entre os apressados discursos dos candidatos , aqueles que são dignos de credibilidade ?
É como diziam os antigos : as palavras voam . E também a memória de quem as pronuncia . "
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