quinta-feira, 31 de julho de 2014

Quando Vim Para Joinville

Voltaremos agora no tempo , mais especificamente à distante década de 60 .........Um recém chegado desembarcando na Rua  Princesa Isabel ( sim , a rodoviária de Joinville chegou a funcionar lá ! ) logo de cara daria com a CONFEITARIA DIETRICH ( o prédio foi demolido na década de 80 e hoje funciona um estacionamento no local ) e provaria de seus deliciosos e famosos doces . Caso fosse um dia muito quente , a alguns metros dali provaria dos deliciosos sorvetes da SORVETERIA POLAR ( no local hoje funciona uma loja das CASAS BAHIA )  e também a nacionalmente famosa CERVEJA ANTÁRCTICA DE JOINVILLE , fabricada pela antiga  CERVEJARIA CATHARINENSE ( o local é hoje a CIDADELA CULTURAL )  . O  forasteiro gostava de esportes ? Sem nenhum problema , ele poderia assistir ao disputado e emocionante clássico de futebol AMÉRICA  X  CAXIAS  ou as renhidas disputas de remo entre os clubes CACHOEIRA E ATLÂNTICO  . Ele gostava de cultura ? CINES PALÁCIO E COLON ( este último em frente a Biblioteca Pública ) , os espetáculos na HARMONIA LIRA e no clube dos GINÁSTICOS  ou quem sabe até conversar com famoso escultor FRITZ ALT , andando com  sua inseparável bicicleta .

 Gostava de porto e mar ? PORTO DO BUCAREIN ( onde hoje existe a ponte MAURO MOURA ) . Acabamos de descrever uma Joinville completamente diferente , quase pré-histórica para as gerações mais jovens  e saudosa para os mais velhos  . E saudosismo marca a crônica de hoje , de autoria de HILTON GORRESEN . CONFIRA :

"Quando vim para Joinville, a cidade era deliciosamente provinciana. Vim com minhas lembranças de menino, nas eventuais visitas à cidade: o ônibus da Viação Vogelsanger, a parada em Araquari – galinhas ciscando nas ruas de terra –, os casarões avarandados, os cafés com bolo na confeitaria Dietrich, o Cine Palácio, o Mercado, a estação de trem, ponto final das visitas.
Enc

ontrei quase tudo como minha imaginação havia deixado. Ainda não haviam derrubado casarões para construção de prédios. A via principal era a Rua do Príncipe. América, Glória, Boa Vista e outros eram 'bairros afastados' como reza a canção 'Velho Realejo '. ( ABAIXO , RESPECTIVAMENTE , FOTOS DA DÉCADA DE 60 DA PRAÇA DA BANDEIRA E DA RUA DO PRÍNCIPE )




No elevado onde se achava a igreja, eram realizadas as festas que arrecadavam recursos para construção da catedral. ( ABAIXO , FOTO DA ANTIGA CATEDRAL DE JOINVILLE  )



 Na barraca de bingo, a Nazira Zattar me chamava, espalhafatosa, acenando um cartão; envergonhado, eu procurava me safar, estava sem dinheiro.
Havia me matriculado na nascente faculdade de Letras, a funcionar no Colégio Santos Anjos. Lembro da emoção da primeira aula, estava participando de um momento histórico para a cidade. E novo para mim. A maioria dos professores vinha de fora, de Florianópolis ou Curitiba. Uma das primeiras coisas que fiz na cidade foi tornar-me sócio da Biblioteca Municipal, capitaneada pelas funcionárias Sônia e Selma, com as quais fiz logo amizade.
À noite, saído das aulas, ia para o Castelinho ou para a Lanchonete Disneylanches, onde já me tornara conhecido dos garçons. No final de semana, ou quando me 'ausentava' das aulas, filmes no Cine Colon ; ( FOTO ABAIXO )



 me sentava nas primeiras fileiras para observar as moças que entravam pela frente, diante da enorme tela. O incêndio do Colon foi o fim de um hábito delicioso.
Aos domingos havia os sorvetes da Polar, ( FOTO ABAIXO )



 o movimento de moças na rua. Nos dias de semana, a caranguejada no Bar Caxias, às dúzias, acompanhada da cerveja geladinha. A disputa entre os admiradores da Brahma e os da Antártica. Naquele tempo, eu era um antarticista (será que existe esse termo?), sabe como é, a água de Joinville... ( ABAIXO , FOTO DA ANTIGA FÁBRICA DA ANTÁRCTICA EM JOINVILLE )


 As 'bavárias'  na Sociedade Ginástica, um carnaval fora de época, sem falar nas dancinhas no clube Joinville e na boate “Engrenagem”. Os “quebra-cacos”, com muito chope e sopa preta. As disputas de futebol entre o Caxias e o América. ( ABAIXO , FOTO DO ESTÁDIO ERNESTÃO EM 1960 , PALCO DA MAIORIA DOS CLÁSSICOS  AMÉRICA X CAXIAS )



 Os primeiros livros, úteis e necessários, nas livrarias Record e Joinvilense.
Sim, conheci outra Joinville, que podia respirar livremente, hoje com suas veias entupidas de trânsito e afogada entre prédios de mil olhos . "


 

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