Já há mais de um ano o leitor do ALAMEDA CULTURAL já se acostumou com as sempre críticas crônicas de DONALD MALSCHITZKY . Atento observador dos costumes e vícios da sociedade , como ele mesmo explicou em entrevista para o ALAMEDA CULTURAL , elas são escritas com a esperança de que sensibilizem quem as lê para o caminho do bom senso . Outro lado pouco conhecido do escritor são bentense é o de poeta.......
Duas conclusões podem ser tiradas da crônica de hoje : 1- É uma poesia em forma de crônica e 2- É uma verdadeira viagem literária , partindo da literatura tupiniquim , citando personagens de MACHADO DE ASSIS , JOSÉ DE ALENCAR e ÉRICO VERÍSSIMO ; passeando pela literatura estrangeira , com personagens de nomes como PABLO NERUDA , MIGUEL DE CERVANTES , WILLIAM SHAKESPEARE ,CONAN DOYLE e até mesmo elementos da mitologia grega e chegando ao final não muito feliz . CONFIRA :
"Esbararam-se . No susto , olharam-se . Nos olhos . E seguem seus caminhos . Ele ainda se vira em busca de uma razão , não do olhar , mas de algo que explicasse a impressão que ficou . ' Bonito ' , pensa ela . Seguem seus caminhos .
E se ela fosse Diana , guerreira , pronta a lutar todas as batalhas e vencê-las por ele ? Seguiriam por céus em busca da suprema luta , a que para sempre sublima os corações .
Quem sabe os olhos de ressaca , igual aos de Capitu ,
eternamente vítima do ciúme dos julgamentos decorrentes o embriagassem também e andassem bêbados , rindo do mundo .
Ou seria ela a ' Reina ' de Neruda , com sua coroa de cristal , pisando em tapetes imaginários , e ouviram juntos o hino que enche o mundo , mas que é reservado apenas aos ouvidos dos dois ?
Poderia haver mel em seus lábios , como Iracema , desenhados apenas para adoçar os dias os dias de acordarem como um para ouvir o amanhecer .
Ou Julieta ,
perdida de amor e perdendo-se por ele , virando lenda , mulher que Helena , a de Tróia , que também virou lenda e causou guerra .
Mais forte seria Úrsula , pilar de Macondo , a solitária cidade ou a mulher sem nome a guiar cegos , como faria com ele , homem , com sua cegueira que é dos homens .
Poderia ele ser Romeu ,
jurando e cumprindo , para sempre amá-la .
Capitão Rodrigo , que depois de morto , ainda amou , mas poderia leva-la para mais longe de toda dor .
Não , Don Juan , não ,
mas , se tivesse dele o encantamento e de Heitor a bondade e a justiça , talvez nem precisasse da força e da determinação de Hércules para carrega-la nos braços e soprar felicidade em seus cabelos .
No início ela riria , mas depois cairia de amores por sua pureza se ele fosse Don Quixote e , por ela , desistisse de Dulcinéia e a ensinasse a enfrentar gigantes disfarçados de moinhos .
Sendo Alexandre , ela o ensinaria a andar em cada encosta conquistada .
E se Sherlock , sagaz e observador , trocasse seu cachimbo por beijos , interrompendo suas investigações somente para pedi-los e saboreá-los .
Poderiam ser tantos ligados por um encontro , colados por um esbarrão , mas continuam assim , ela simplesmente Maria , ele simplesmente João , em olhares que se perderam no éter sem nunca mais se encontrarem . "
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