quarta-feira, 20 de julho de 2016

Cadê Elas ?

Pinhão , quentão , pipoca , doces , enfeites , bandeiras ,  fogos de artifício , trajes caipiras , casamento de mentirinha , dança da quadrilha - no bom sentido , é claro - e muita alegria e irreverência ......Como mandam a tradição e o figurino , esses são os ingredientes de uma legítima FESTA JUNINA , certo ? Algum morador daqueles pequenas e isoladas comunidades ribeirinhas da vastíssima região amazônica brasileira muito provavelmente discordaria .....Ali segue-se uma curiosa e secular tradição durante os festejos juninos e que leva o nome de CORDÃO-DOS-BICHOS : nela os participantes dançam acompanhados de pequenas orquestras e encena-se uma história na qual um caçador mata um bicho e é levado à presença do rei ou da rainha do cordão para receber a sua sentença . E ela é a seguinte : o réu deve RESSUSCITAR o animal que matou para poder recuperar a liberdade ......A exemplo do que aconteceu com o Carnaval , as festas juninas - que oficialmente são uma celebração dos santos católicos ANTÔNIO ( 13 de junho ) , JOÃO BATISTA ( 24 de junho ) e PEDRO ( 29 de junho ) - nada mais mais são do que apropriação por parte da Igreja católica de antigas festas e rituais PAGÃOS , ou seja , de religiões não cristãs e baseadas em elementos da natureza seguidas por antigas povos , como romanos , celtas , saxões , germanos , vikings e eslavos e também muito provavelmente rituais praticados por nações indígenas e povos africanos , Portanto , é muito provável que  a curiosa tradição folclórico-ecológica amazônica que citamos há pouco seja um resquício de antigos rituais pagãos .......Mudando de assunto , você já reparou que o irreverente escritor francisquense HILTON GORRESEN anda bem saudosista ! Pois nesta crônica histórico-saudosista ele conta um pouco da história das festas juninas e chama a atenção para um elemento delas que há décadas anda desaparecido......CONFIRA :

"Num texto da década de 1940, o jornalista e crítico musical Jota Efegê ( ABAIXO ) nota que

ninguém mais compunha músicas de Natal. E isso não mudou até hoje. As belas

canções natalinas continuam as mesmas daquela época.

Músicas alegres, festivas,

mas também aquela tristinha, composta por Assis Valente ( ABAIXO ) , do menino que pensava que

todo mundo fosse filho de Papai Noel. Nem todos, menino, nem todos...


Isso me fez lembrar que desde minha infância não apareceram também novas

canções para homenagear o trio de santos festejados nas noites frias, tão frias de

junho...


Sempre achei que os festejos juninos buscavam lembrar um paraíso rural

distante, onde campeava a felicidade, de mistura com ingênuos namoros, fogueiras e

balões, num lindo céu cheio de estrelas, como nas historinhas do Chico Bento ( ABAIXO ) , e onde

era preciso agradar e até chantagear os santos a fim de conseguir um bom casamento.


A curiosidade que me move quando deparo com assuntos históricos me fez

buscar meus velhos alfarrábios ( é mentira, hoje em dia basta clicar no Google ) a fim de

extirpar as dúvidas sobre a origem dessas festas.


Como a maioria das festas tradicionais, as festas juninas tiveram origem em ritos

pagãos ligados às estações do ano, nos quais se acendiam fogueiras. ( ABAIXO , FOGUEIRA EM UMA DAS MARGENS DE UM LAGO EM HELSINQUE , A CAPITAL DA FINLÂNDIA )

Encampados

posteriormente pela Igreja e espalhados pelo mundo ocidental, esses ritos

transformaram-se em homenagem aos santos católicos Antônio, Pedro e João. ( ABAIXO , RESPECTIVAMENTE , ANTÔNIO , PEDRO E JOÃO BATISTA )



As

festas, que em Portugal tinham caráter agrário, foram trazidas ao Brasil pelos

portugueses ( ABAIXO )  durante o período colonial.


Na certa que houve muitas modificações através do tempo. Da China, na época

dos descobrimentos, os portugueses trouxeram os enfeites, os balões e foguetes ( ABAIXO ) .

 Da

França, séculos mais tarde, a dança da quadrilha.( ABAIXO )

 ( Quadrilha aí não se refere, como

alguns podem pensar, àquele bando de malfeitores que se especializaram em desviar

o patrimônio público para seus bolsos ou para o caixa 2 de seus partidos ).

 Era uma

dança composta por quatro pares ( se fosse por três pares seria talvez tridilha ),

dançada nos salões pelos aristocratas ( ABAIXO ) . Mas sua origem foi uma contradança ( ou

country dance ) inglesa.

A famosa encenação do ' casório '  foi incluída porque em alguns

países aproveita-se a ocasião para realização de casamentos autênticos.


Assim como nas músicas carnavalescas, em que foram dispensadas as

saudosas figuras de Arlequim,

 Pierrô

e Colombina,

 ninguém mais compõe canções

falando de fogueiras e balões, nem os lindos versos dizendo que as estrelas são os

balões lá do céu. "

Nenhum comentário:

Postar um comentário