quarta-feira, 31 de março de 2021

METE BRONCA , DODÔ !!!!

" Ainda não amanheceu em Barra Velha ( ABAIXO ) . Ao fazer um lanche rápido, apenas para aguentar até tomar um café de verdade na volta da pedalada , tento ver o movimento nas folhas para determinar a direção do vento que não sopra. Uns pontos brancos refletem a luz da cozinha , pontos que comumente não estão lá. Acendo a luz externa e aparecem as cascatas de alvos botões que enfeitam o pé de ora-pro-nobis.
A bicicleta espera e o dia demora para amanhecer ao menos um pouquinho para que seja possível fotografar melhor o momento. Um nisco de claridade ajuda, fotografo, deixo um bilhete pra Cida ( ' Veja o “bom dia” do Ora-pro-nobis ' ) e coloco o pedal na estrada. Por conta da surpresa , sabendo que em poucas horas as flores estarão abertas , mudo o roteiro programado e decido voltar para um trajeto que há mais de ano não usava : atravessar a ponte pênsil ( ABAIXO ) , ir até a boca da barra , enfrentar a areia e pedalar menos para estar de volta na hora em que os botões se abrirem.
Na ponte, outro espetáculo : o sol se mostra aos poucos ( ABAIXO ) , descansando no mar e nas nuvens até se transformar em bola escarlate , pintando um rastro de fogo sobre as águas. De manhã, os molhes da barra se impõe mais imponentes , e é lá que as ondas, ao terminarem sua dança contra as pedras , se inclinam e borrifam a plateia de gaivotas e do humano intruso , como se à espera de aplausos.
Até o Centro, um trecho forrado de areia quase sempre meio solta e de cachorros , esses bem soltos e que se divertem a atacar qualquer coisa de duas rodas que se mova. Dois parados à espera, um pequeno ataca , obrigando-me a descer. Levanto a voz e ele ( ABAIXO ) se afasta um pouco , sem parar de latir. A outra, parece não ter gostado da brincadeira , vai adiante e só me olha. Converso com ela e se aproxima com a cauda igual a ventilador. Faço carinho e se entrega de vez. Volto a pedalar e me acompanha um bom pedaço como se fôssemos companheiros desde sempre.
Em casa, abelhas, mamangavas, borboletas e vespas não sabem quais flores beijar primeiro , tamanha a profusão. Pousam numa e já seguem para outra e , depois , outra. Em comum, as bundas amarelas , pintadas de pólen. A vida ferve , sabendo que o espetáculo é efêmero e tem de ser aproveitado : antes que anoiteça ( ABAIXO ) , as flores murcharão. Lá estão , murchas e escurecidas , tributo a um dia que valeu mais a pena. "

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