segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Momento Lírico : Dentro De Mim Mora A Palavra

Algumas pessoas contam sua história através de livros , outras através de íntimos diários , tem aqueles que contam através de canções  ; já outros como a poetisa RITA DE CÁSSIA ALVES resolvem contar através dos versos ....... .. CONFIRA :

"Descanse seus olhos sobre estas linhas  ,

ou pouse a ponta dos dedos no lado das letras  .



O que vou contar  diz respeito à criança que estou , mimada sem pressa .



Aos seis anos , diante do carro de bonecas , brinquedos e jogos de montar  desfilavam nas mãos dos meninos e meninas  , deslumbrados pela oferta natalina .





Escolhi o minal . Precocemente a capa e as folhas douradas viriam antes das rezas de um Deus que me Sabia .



A primeira leitura surgiu das histórias . Inventei nomes e criei as minhas .



Bichos falavam e fabulavam em outra vida .



Pouco tempo depois , quem me curava tratou de curar as feridas  que o imaginário da moça costurava  .



Os fios do escritor que me chegavam às mãos  criaram uma nova pele : esta seda / seda poética  que se infiltrava pela derme , recitando  .



Dos meus dentros amorosos  , o que na veia pulsava , impulsava escritas compartilhadas .



A tapeçaria , cosida no resultado dos dias , tornou-se panorama de crônicas , romances e textos curtos  em que a poesia se alongava .





Era imperioso contar o que me via e a docência nada mais foi do que a porta escancarada deste aprendizado .



Nos escritos da arte de conviver ,descobri que alunos são notas : musicais .



Deles extraí minérios e a pedra bruta da minha condição de aprendiz  .



Quem diz que ensina  , nem sempre se inventa .



E é preciso urgência na força mental e fragilidade na boca para receber as falas do outro .





é imperiosos o silêncio em respeito ao verbo de outrem , e esse ontem que revisito é um lapso de entrega e desvario .



Como se rio fosse , foz de rios e lodo colorindo a mulher de branco , os signos e sinais sabem pintar cenários reinventados pela delicadeza .



Hoje os nomes de quem escreve a cidade no concreto  e na raiz  - esta flor do asfalto que a memória dá outro caule e roupagem - abraçam todas as artes  .



Amanhã , mesmo que se diga tarde para o que cedo se perpetua , ainda assim estenderei este texto-tributo , manto e ninho , aos que me acrescentam .



Dentro de mim mora a palavra , e eu contaria tudo outra vez ! "

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