Era uma marca registrada : católicos ferrenhos e um tanto supersticiosos , uma das primeiras coisas que os portugueses faziam ao se estabelecer em um lugar era construir uma pequena capela com um nome invocando algum santo ou santa e que mais tarde seria a igreja matriz daquela povoação que estavam fundando . Com São Francisco do Sul não foi diferente e no local da atual igreja matriz existiu uma modesta capela , aonde , em 1665 foi enterrado MANOEL LOURENÇO DE ANDRADE , que fundara a cidade em 23 de março de 1658 . A atual igreja começou a ser construída em 1699 para só ser concluída em 1823 , tendo a princípio , apenas uma torre . Quantas história aquela velha igreja não presenciou.........Ela também é um cenários da crônica de hoje , de autoria de um legítimo filho de São Chico : o escritor HILTON GORRESEN . Cheio de saudade ele relembra não apenas a velha igreja mas também o colégio onde estudou : o velho STELLLA MATUTINA . CONFIRA :
"O Colégio Stella Matutina foi o mais tradicional de São Chico . Por ser administrado por freiras e por estará poucos metros da Matriz , ( FOTO ABAIXO )
tinha uma 'parceria ' coma igreja . De seus quadros de alunos saía o contingente de sacristães . Na verdade eram coroinhas , pois sacristão era o funcionário que cuida da igreja . O sacristão , do qual me lembro , recolhia a contribuição durante as missas , de cabeça baixa e mão fervorosamente sobre o peito , e acendia as velhas do altar de Nossa Senhora .
Ser sacristão ( ou coroinha ) era uma função concorrida entre os meninos .
Dava direito a tocar os sinos e assubir no alto do campanário , a torre no qual esses estavam . Podiam utilizar a mesa de pingue pongue na sacristia e mesmo participar de um time de futebol , o time do padre . O acesso ao cargo era muito fácil , bastava ser 'bom menino ' ( muitas vezes , não era assim ) , e decorar o latinório que ensinava nas missas . Quando o padre clamava o ' orbinus vobiscum ' ,
os meninos respondiam ( feijão com marisco ) : ' et cum spiritu tuo ' . Na horinha da consagração , badalavam os sininhos e nas missas solenes espalhavam fumaça de incenso , sacudindo uma panelinha .
Por influência da escola , tinha-se orgulho em fazer a primeira comunhão . Qual a criança que não esperava esse dia ? Contar ao padre os ' enormes ' pecados : ' Padre , dai-me a vossa benção porque pequei .......' As crianças saíam em fila da escola pouco antes de iniciar a cerimônia , vestidas de branco ,
segurando uma vela com lacinho nas mãos , e conduzidas por algumas meninas vestidas de anjo . Na mente , a recomendação de não engolir a hóstia . No final da cerimônia voltavam ao colégio onde quebravam o jejum com um farto café com cuques e doces .
Havia colaboração da escola também nas procissões . Certa vez tive de percorrer a rota colégio-igreja à frente de um grupo de pessoas , vestindo uma bata colorida
e carregando um belo estandarte . Quem me conhece , não deixaria de estranhar isso . Mas a verdade é que , quando percebi a irmã superiora com aqueles apetrechos , parecendo procurar um ' voluntário ' , corri e me escondi no banheiro . Mas a bendita irmã
foi me encontrar e não deu outra : além de amargar esse tal desfile , ainda fiquei de pé uma missa inteira , debaixo do púlpito , com o estandarte nas mãos . Quando os coroinhas bimbalhavam os sinos eu levantava o estandarte .
Na despedida do colégio , a gente cantava : ' ......de ti eu levo saudades , saudades tantas de ti ' . E eu não sabia que , 50 anos depois , isso seria verdade . "
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