segunda-feira, 23 de março de 2015

A Nossa Torre Eiffel

O ano era o remoto 1856 e aquele jovem e pequeno povoado surgido cinco anos antes , de nome francês e habitado quase que só por alemães e suíços , tinha cerca de 1.400 pessoas . A essas poucas pessoas se juntava um jovem casal vindo do que hoje é a Alemanha e embarcado no navio MATHILDE CORNELIA . Por uma dessas incríveis coincidências , ele também nasceu em 9 de março , só que que de 1834 e na pequena cidade de Hamersdorf . Marceneiro e saboeiro , ele , a sua esposa Emilie  , assim como aqueles pessoas que ali viviam , além da roupa do corpo e de alguns e pouco valiosos pertences tinha a enorme vontade de começar uma vida e um enorme  trabalho pela frente , em um lugar onde havia muito por se fazer  .........O jovem casal escolheu a distante e quase isolada ESTRADA ANABURGO para viver e que localiza-se em uma região na época conhecida como NEUDORF , o hoje bairro Vila Nova . Para ter alguma renda extra , além da marcenaria , à noite ele fabricava velas e sabões , produtos essenciais naquela época precária e de pioneirismo . As velas e sabões rendiam muito mais dinheiro do que a marcenaria e ele e sua segunda esposa ( ele ficara viúvo e casara-se com a também imigrante EMMA RAUTER , que em 1951 - ano do centenário de Joinville - ainda estava viva ) mudaram-se para o centro da colônia em 1871  , mais especificamente para um terreno entre a atual rua Nove de Março e a Travessa Mato Grosso . Logo aquele terreno tornou-se pequeno demais para a outrora modesta fabriqueta instalada nos fundos de sua casa  e eles mudaram-se para um grande terreno , entre as atuais ruas Senador Felipe Schmidt e Visconde de Taunay . FRIEDRICH LOUIS WETZEL , falecido em 1918 , não apenas criou o embrião do que viria a ser a metalúrgica WETZEL ( a empresa foi criada em 1932 pelo seu filho mais velho , HERMANN FRIEDRICH - mais conhecido como GERMANO - , em parceria com WIGAND SCHMIDT ; a fábrica de sabões e velas , administrada por dois dos irmãos de Germano , acabou fechando as portas pouco tempo depois ) mas também acabou dando origem aquele que é um dos grandes ícones de Joinville : A FAMOSA  CHAMINÉ DA WETZEL . O que é muito bem lembrado pelo escritor CARLOS ADAUTO VIEIRA , na crônica de hoje . Nela ele também chama a atenção para a proliferação de edifícios e o crescimento desordenado da cidade . CONFIRA :

"Há 58 anos admiro a chaminé da Wetzel , ícone empresarial de Joinville . Talvez a mais alta do Estado . Em Joinville houve e há outras ainda . A da Arp , felizmente , sobrou .( O PRÉDIO MAIOR NA FOTO ABAIXO É DA ANTIGA MALHARIA ARP  , COM SUA CHAMINÉ )



 Está no shopping Cidade das Flores .Uma , das Indústrias Colin ( FOTO ABAIXO ) , sobre o ribeirão Mathias , foi posta abaixo pela avenida JK , mas sob protestos .



    Cheguei a alugar uma casa na rua Henrique Meier  para poder , todos os dias pela manhã , quando ia para o escritório , descer toda a rua para passar próximo a ela ( FOTO ABAIXO )



 e descer a Visconde de Taunay . Posteriormente , quando retornamos de São Francisco do Sul , buscamos um apartamento que me permitisse , já pela manhã , ver a imponente chaminé , ainda não desmanchada , nem encoberta por prédios de seu tamanho ou mais altos .

    Há tempos , sugeri  que em torno dela , se criasse um memorial da empresa joinvilense em uma área - exatamente - um morgo , medida muito utilizada por aqui , especialmente  a partir do início da colonização . Pois sempre me pareceu que a vida empresarial da colônia teve início ali



e ela poderia ser considerada o símbolo da pujança da Terra dos Príncipes , hoje .



    Como a especulação imobiliária respeita muito pouco os marcos civilizatórios de Joinville - o que é hoje , a explêndida  Ministro Calógeras , ponto de visita obrigatório de nossos turistas , com as belíssimas residências  em amplas áreas floridas e arborizadas por espécies embelezadoras e frutíferas ?



 Que orgulho tínhamos de a exibir aos nossos vistantes normais , convidados e turistas !

    Cada vez mais espigões !



 Em nome de quê ? Progresso ou devastadora ganância ? Em prejuízo da beleza urbana . Da melhor qualidade de vida . Para todos . Assombra-me imaginar que , a qualquer dia , pela manhã , possa acordar e procurar nossa soberba chaminé e não a ver , porque escondida , cercada por alguns espigões .



 Dependerão da energia elétrica ( os apagões ) para a sua vida . Desesperando os seus ocupantes . Sem elevadores , sem portões eletrônicos , sem água aquecida , telefones fixos sem fio , sem televisão , rádios , sem cargas para os aparelhos mais modernos da tecnologia , celulares , tablets . Absolutamente , sem conforto . E segurança ? "


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