Como se não bastasse , no país existem vulcões e ele está sujeito a ação de terremotos , sendo que um deles destruiu a sua capital em 1773 . Por tudo o que acabamos de descrever , a Guatemala parece ser mais uma daquelas republiquetas de banana , exceto por um detalhe : uma das mais complexas e fascinantes civilizações do mundo , A DOS MAIAS , teve seu centro em território guatemalteco , embora aquele civilização jamais tivesse tido um líder centro , formado um império e tido uma capital . Boa parte das ruínas maias está na Guatemala e também um número considerável de seus habitantes descende dos antigos maias . Até mesmo uma figura mitológica maia , O QUETZAL , dá nome à moeda do país . Se o Brasil jamais chegou perto de ganhar um PRÊMIO NOBEL , a Guatemala já conseguiu esse feito , através da líder indígena RIGOBERTA MENCHÚ , vencedora do PRÊMIO NOBEL DA PAZ , em 1992 . Na crônica de hoje , além de um relato de sua viagem pelo país , em 2012 , o escritor DONALD MALSCHITZKY relata também um fato que presenciou naquele país . CONFIRA :
"Prédios seculares com suas paredes absurdamente espessas rachadas ou até caídas, inclusive na Universidade San Carlos de Guatemala, ( ABAIXO )
uma das primeiras da América Latina, oficialmente reconhecida em 1676. Nas ruas, ambulantes da necessidade vendendo comida
dentro das mais abomináveis medidas de higiene; muita gente morando nas calçadas, em improvisadas barracas, ali mesmo fazendo suas necessidades. Passara um pouco mais de um ano do terremoto mais destrutivo já acontecido no País, com 23 mil mortos. As ruínas maias ( ABAIXO ) não foram afetadas.
Em Quetzaltenango (ABAIXO - lugar de abundância de quetzais – o quetzal é o pássaro símbolo da Guatemala -), a uns 160 km da Capital,
no meio do imenso mercado a céu aberto, uma pequena igreja antiga, toda branca e mantida em pé graças a escoras de troncos de árvores que a cercavam. Seu chão parecia ser formado por estrelas, tamanho o número de velas acesas, a única iluminação.
No meio delas, homens e mulheres indígenas, cada um segurando instrumento feito de uma lata furada presa a cordas, fazendo as vezes de turíbulo. Nas latas, brasas e uma mistura de folhas. Oravam em sua língua e caminhavam entre as velas, movendo seus turíbulos em longos arcos. Eram senhores das nuvens. Surreal, belo, tocante, primitivo. Nas orações, mais do que pedir,
cobravam pelos pedidos feitos e não atendidos: pela vaca que acabou morrendo, a lavoura que não produziu, o filho que não se curou. Sinceros, sem qualquer hipocrisia.
Esse quadro pleno de simplicidade e poesia é de um contraste brutal com outro com o qual nos deparamos diariamente: a intolerância religiosa e o uso de Deus e do diabo
Esse quadro pleno de simplicidade e poesia é de um contraste brutal com outro com o qual nos deparamos diariamente: a intolerância religiosa e o uso de Deus e do diabo
para fins que, muito mais, servem ao segundo. Muitos, mesmo bem intencionados, com fé e uma vida exemplar, são levados a condenar qualquer manifestação religiosa diferente da que professam, qualquer cerimônia que não segue os estreitos cânones a que estão acostumados, e chamam o sincretismo de coisa do capeta, ( ABAIXO , PASTOR SILAS MALAFAIA )
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