terça-feira, 17 de novembro de 2015

Trifobia

Você já pensou como seria a nossa vida caso não existissem vários objetos , que além de serem  simples , são comuns e até bastante banais ? Vamos a um exemplo : é provável que neste exato instante em que você está lendo estas mal escritas linhas alguma CANETA esteja ao seu alcance .....Pois agradeça a um sujeito húngaro chamado LADISLAO BIRO ( 1899-1985 ) por ela e suas "irmãs " existirem . Em 1937 o nosso amigo , também conhecido como Lazlo , trabalhava como revisor gráfico em um jornal de Budapeste e tinha uma dúvida : como criar uma caneta que não borrasse e cuja tinta não secasse no depósito ? Essa pergunta começou a ser respondida quando ele observou o funcionamento de uma máquina rotativa : o cilindro era empapado de tinta e imprimia o texto no papel-jornal . Auxiliado pelo irmão - Georg - que era químico e por um amigo - Imre Geffért - que era técnico industrial , ele acabou matando a "charada " : criou um tubo de plástico que armazenava a tinta e na sua ponta uma esfera de metal que girava distribuía a tinta de maneira uniforme  pelo papel .

     Acontece que a Europa vivia uma época conturbada e logo estourou a Segunda Guerra Mundial ( 1939-1945 ) : não havia outra alternativa senão deixar a Hungria e Ladislao escolheu a Argentina , radicando-se em Buenos Aires em 1940 . Lá abriu , em parceria com um amigo , uma fabriqueta de fundo de quintal , ou melhor de garagem e as suas canetas só começaram a se comercializadas em 1943 , levando o nome de BIROME . De tão boas , chamaram a atenção da renomada revista norte-americana TIME , que publicou um matéria a respeito delas em 1944 e isso não despertou o interesse apenas dos leitores : uma empresa dos Estados Unidos interessou-se pelo invento e o comprou de Ladislao pela bagatela de 2 milhões de dólares . As primeiras CANETAS ESFEROGRÁFICAS chegaram no Brasil ainda na década de 40 , através da loja paulistana GALERIA DAS CANETAS . Uma caneta não serve apenas para escrever um texto , ela também pode ser um pretexto para mais uma das curiosas recordações do jornalista e contador de histórias ROBERTO SZABUNIA ......Na crônica de hoje o Forrest Gump de Joinville também dá uma mini aula de português  e ao final explica o significado da estranha palavra que dá título a este texto . CONFIRA :



"Ei, admita : você já enfiou a ponta do lápis



 ou de um clipe desmontado naquele



furinho da Bic ( ABAIXO ) e ficou girando a caneta como uma hélice ? Não ?



Grupo ! Já fez



isso e nem se lembra . Vem do tempo de ginásio minha lembrança desse troço



( pronuncia-se trÓço , com entonação aberta , viu ? ) .



 Dificilmente utilizávamos



clipes nas aulas ,



 então era a ponta do lápis ou do compasso que servia de



' eixo '  pra hélice . O problema do compasso



– ou de um alfinete – era que



acabava perfurando o tubinho da carga ; se naquele nível ainda houvesse tinta ,



a sujeira era inevitável . Outro ponto contra o giro da Bic era quando a caneta



escapava do eixo ; o movimento inercial levava-a longe , não raro na orelha do



colega ao lado .





Abro um parágrafo de parêntesis , sem aplicá-los . Falei ali em cima de furar a



carga e provocar vazamento . Pois é : pra mim, sempre zeloso do bom estado



do material escolar , uma Bic vazada era uma prova de desleixo .



 Sinceramente ,



e desculpe-me a comparação caro leitor e limpinha leitora , mas uma caneta



suja , sem tampa , com a traseira aos pedaços de tanto ser roída , era como uma



calça cagada .



Sério !



Era quase uma imagem do aluno , bastava comparar a



caneta com o boletim :



 quanto mais judiada uma , mais vermelho o outro .



Material malcuidado , aluno reprovado



 – ou no mínimo sempre atrasado . Sim ,



orgulho-me de meu material escolar no primário e no ginásio , no Santa



Teresinha ( ABAIXO )  e no São José .



 A primeira providência , após voltar da Tipografia São



Carlos com os novos cadernos , era encapá-los



 e identificá-los – sempre com a



inestimável ajuda da querida e paciente tia Maria .



 Cartilhas e livros mereciam o



mesmo cuidado . Canetas , lápis , borracha , apontador e compasso ficavam bem



acondicionados no penal



( sabe por que chamamos o estojo de penal aqui no



Sul ? Porque originalmente ele servia pra guardar penas ,



 as precursoras das



canetas , ora) . Tive apenas uma maleta e uma bolsa



 nos meus nove anos de



ensino fundamental , pois sempre cuidei bem deles . E vou além : o penal que eu



usava no ginásio , um de couro de jacaré com zíper...



Sabe qual ? Pois é,



acertou: AINDA TENHO ! É , sim , tá aqui , ó , tô segurando o danado agora ; fica



na gaveta da minha escrivaninha ,



guardando um compasso de precisão que



usei na faculdade ( na primeira, em São Paulo , nos anos 70 - ABAIXO  ) .





Voltemos ao furo da Bic . É óbvio que não tinha a função de servir pra enfiar



ponta de eixo de hélice . Vi há pouco no Facebook ( rede social também é



cultura , né ? ) .



O furinho ( ABAIXO ) tem a função de igualar a pressão atmosférica do



interior da caneta com a externa .



 Assim : se não fosse o furo, o tubinho



estouraria nas alturas (um prédio muito alto, num avião ou no topo do



Aconcágua - ABAIXO ) .



E aí seria aquela sujeira a que me referi antes . E o outro buraco , o



da tampa , pra que serve ?



Enquanto o da lateral nasceu junto com a caneta , o



da tampa veio depois , só pra permitir a passagem de ar se alguém engole o



objeto . Virou EPI .



E tripofobia , ô cronista , esqueceu-se do título ?



Ah , sim, descobri hoje que



tripofobia é o pavor a buracos, furos e coisas assim .



Então , um tripófobo nunca



brincou de hélice com uma caneta Bic . Acabou o espaço, tchau ! "




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