Curiosamente o ator Jonathan Harris foi o último a fazer parte do elenco e a princípio teria uma participação pequena e secundária : com o tempo tornou-se que o protagonista e de um violão perigoso passou a ser apenas um covarde preguiçoso . Outros fatos interessantes : o episódio-piloto jamais foi ao ar ( consta que teria sido o episódio mais caro já produzido na história da televisão ) e alumas de suas cenas acabaram sendo aproveitadas nos 5 primeiros episódios . Também nele a nave não tem o nome de Jupiter 2 mas sim de GEMINNI 12 ( uma referência ao programa espacial dos Estados Unidos , desenvolvido entre 1961 e 1966 )........Em 1965 ao ir ao ar o episódio NO PLACE TO HIDE , não tinha início apenas mais seriado de TV mas sim um dos mais lembrados , cultuados e festejados seriados televisivos de todos os tempos : o icônico LOST IN SPACE , ou PERDIDOS NO ESPAÇO ( curiosamente , no primeiro disco da LEGIÃO URBANA , de 1985 , também existe uma música com esse título ......) ......Nem sempre o rumo da trama foi o mesmo : no primeiro ano o seriado focou a aventura e a ficção científica , no segundo - já com imagens coloridas - ele perdeu meio que o sentido e tornou-se quase que uma comédia e no terceiro ano voltou a enfocar a aventura e ao mesmo tempo tornou-se quase que um humorístico pastelão . O público não deu muita bola para isso e as suas audiências foram um verdeiro fenômeno para época .......Os milhões de aficionados do seriado teriam uma desagradável surpresa : em 6 de março de 1968 foi ao ar o octogésimo terceiro ( 83 ) e último episódio - UMA SUCATA NO ESPAÇO - sendo que , curiosamente , algumas cenas daquele que seria a quarta temporada já estavam gravadas .......Comenta-se que a radical e inexplicada decisão da emissora teria ocorrido em função de um corte geral de custos : vários outros projetos da emissora não tiveram o mesmo sucesso que Lost In Space e quase levaram a CBS à falência .......De tão marcante , o seriado ganharia uma versão cinematográfica em 1997 , justamente o ano em que se passava a trama nos anos 60 , e curiosamente os atores June Lockhardt , Mark Goddard , Marta Kristen e Angela Cartwright não participaram da nova versão em seus personagens originais , mas sim interpretando personagens secundários . No Brasil o seriado também criou gerações de aficionados : foi exibido pelas TVs RECORDE , GLOBO ( sim a poderosa emissora do plim-plim o exibiu entre 1970 e 1978 ) , TUPI , BANDEIRANTES , GAZETA e mais recentemente a TV BRASIL ( as emissoras de TV fechada FOX e FX também o exibiram ) . Um desses apaixonados pelo seriado é o jornalista e contador de histórias ROBERTO SZABUNIA .......Também fã assumido do seriado western BONANZA , o Forrest Gump de Joinville acabou escrevendo esta crônica , que o ALAMEDA CULTURAL traz em primeiríssima mão ! CONFIRA :
"John , Don ( ABAIXO )
e o Robô estão numa das pequenas estações de monitoria
instaladas durante o período – cerca de um ano terrestre – em que
permanecem no planeta que acabou se tornando um lar.
Nos últimos tempos – o equivalente a alguns meses no calendário terráqueo –
percebiam-se registros sísmicos anormais
nos sensores espalhados no
perímetro cada vez mais amplo em torno da Júpiter II.( ABAIXO )
- Estranho, John. Se fosse na Terra, diria que estamos na iminência de um
terremoto – argumenta Don, com a expressão preocupada que lhe enruga a
testa.
- Ou de uma erupção vulcânica – complementa o comandante ( ABAIXO ) , igualmente
contrariado com a leitura dos instrumentos, a agulha desenhando picos e vales
no rolo.
- Talvez ambas as suposições estejam corretas, professor – acrescenta com
sua característica voz grave o Robô ( ABAIXO ) , atento e também registrando e analisando
os dados em seus circuitos internos.
Antes que alguém se manifeste novamente, o que era leitura se torna
sensação real, e o solo começa a tremer, como se de fato um terremoto
estivesse começando, ou um vulcão se preparasse para cuspir lava e rochas
incandescentes.
À medida que o tremor cresce, o cenário passa da
tranquilidade para o caos: instrumentos caindo, fragmentos de rocha rolando,
fendas se abrindo.
- Para a nave, rápido! – alerta, já ordenando, o comandante.
Ao chegarem ao acampamento, o panorama caótico é amplificado: mesas
caindo, equipamentos se quebrando, roupas no improvisado varal
da sra.
Robinson voando, agora sob uma ventania vinda do nada.
Em meio ao alarido,
sobressaem os ganidos de desespero de Smith:
- Oh, meu Deus! É o fim do mundo! Vamos morrer! Salvem-me!
Maureen, Judy, Penny ( ABAIXO ) e Will mantêm um mínimo de serenidade, até em
contraste com os berros de Smith.
Cada um procura segurar o que pode,
agindo de acordo com a preparação exaustivamente feita antes da decolagem,
uns dois anos antes.
O caos dura em torno de um quarto de hora, cessando
quase tão instantaneamente quanto começou. A desolação logo dá lugar à
organização, sempre a característica principal do professor John Robinson ( ABAIXO ) , já
habituado a enfrentar situações adversas.
Don e Maureen assumem suas
funções de imediatos, ele voltado às questões técnicas; ela ( ABAIXO ) , às humanas,
consolando a sempre assustada filha mais nova e verificando eventuais danos
físicos – nenhum, felizmente,
a não ser os morais do ainda apavorado Smith ( ABAIXO ) ;
para ele, como sempre, sobram as palavras ríspidas de Don .
- Ora, cale-se Smith! Pare de choramingar, o pior já passou.
Serenados os ânimos, é a hora de buscar explicações e iniciar o rescaldo.
- John, nunca tivemos um tremor tão forte antes – comenta Maureen ( ABAIXO ) , tentando
não parecer excessivamente nervosa.
- Acho que estamos passando por uma situação nova, Maureen – comenta
Don.
- De fato – complementa John ( ABAIXO ) –, os instrumentos mostraram uma leitura que
ainda não havíamos visto. Há um nítido aumento na atividade sísmica. Ainda
não sabemos o motivo.
- Talvez o planeta esteja iniciando um período de instabilidade a partir do
núcleo – arrisca o piloto, novamente com a testa franzida.
- Acho que é um bom motivo para apressarmos nosso cronograma de testes do
propulsor da nave. Talvez precisemos acioná-lo antes do que prevíamos –
avisa o professor.
Will ( ABAIXO ) é o primeiro a concordar:
- Sim, papai, estamos otimistas quanto ao funcionamento do propulsor. O Robô
acha que podemos testá-lo em alguns dias.
- A informação procede, B9 ? – inquire o comandante, numa rara utilização da
nomenclatura oficial do autômato. ( ABAIXO )
- Positivo, professor Robinson. Com alguns ajustes, poderemos testar o
combustível preparado com o mineral extraído do solo planetário. Os dados
indicam uma boa probabilidade de êxito.
- Em números, Robô – pede o major West.
- Entre 65 e 85 por cento, já considerada uma margem de erro, major –
responde B9. ( ABAIXO )
- Bem – acrescenta o comandante, pensativo e ao mesmo tempo decidido
como sempre –, creio que a estimativa é boa o suficiente.
- Suficiente para quê? – pergunta Maureen ( ABAIXO ) , lá no fundo conhecendo a
resposta.
- Para acelerarmos o processo e sairmos daqui antes que o planeta vá pelos
ares – decreta Robinson. ( ABAIXO )
O pesado ar de preocupação geral só é aliviado pelo sorriso de Smith.
- * -
John, Don e o Robô ( ABAIXO ) preparam a decolagem do planeta em que passaram tanto
tempo
– e que demonstra estar à beira de um colapso, a julgar pelos registros
sísmicos anormais. Com beltrônio suficiente para uma desesperada tentativa, a
nave enfim ganha o espaço. O antigo lar já é um pontinho distante, quando o
planeta explode num clarão ofuscante.
Com os instrumentos de navegação
orientados para uma suposta rota em direção à Via Láctea ,
a tripulação se
acomoda nas cápsulas de criogênio, preparando-se para “hibernar”. Cabe ao
Robô manter-se alerta.
- Bons sonhos, família Robinson! – é a última frase do autômato.
- Puxa, até parece que o Robô está chorando – comenta Will.
- Ora, essa lata de sardinha enferrujada não tem sentimentos – rosna o dr.
Smith.
Algum tempo – difícil precisar quanto – depois, a voz do Robô é ouvida:
- Bem-vindo professor Robinson!
- Obrigado, Robô. Relate – ordena John ( ABAIXO ), enquanto os demais despertam do
sono criogênico.
- Os cálculos eram corretos, professor. Veja – diz o Robô, deslizando até a
janela do comando.
- Oh, meu Deus, John. Conseguimos! – diz Maureen ( ABAIXO ) , abrindo os braços e
acolhendo os filhos.
Smith ( ABAIXO ) é o mais empolgado:
- A Terra! É nossa Terra! Voltamos!
De fato, lá fora a visão é do azul planeta Terra.
Reassumindo o comando, os
Robinson determinam a aterrissagem num ponto do estado de Nevada, nos
Estados Unidos ( ABAIXO , DESTACADO DE VERMELHO ) , onde há uma estação espacial adequada. A resistente
estrutura da Júpiter vence sem problemas a reentrada.
O ponto de
aterrissagem, porém, ainda que nas coordenadas corretas, não revela nada
semelhante a uma base. Só se vê a natureza: mata esparsa, solo, rochas,
cursos d’água...
A nave aterrissa suavemente numa ampla clareira. A reação a
bordo vai do espanto geral à calma do comandante:
- Não sabemos quanto tempo ficamos fora. A base pode ter sido transferida.
Mas estamos em Nevada. Robô, análise do exterior.
- Atmosfera: 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e pequenas quantidades de
outros gases. Ar: respirável.
- É mesmo nossa velha Terra. Estamos de volta! Vamos! – comanda John.
Smith ( ABAIXO ) atropela a família, e aos Robinson só resta sorrir ante a cena do ex-
clandestino se ajoelhando e beijando o solo.
Em torno, uma cena mais do que
comum: vegetação típica da região das Rochosas ( ABAIXO ) , pássaros, ar puríssimo.
Algumas horas depois John, Don e Smith partem em rápida expedição rumo a
uma pequena elevação, uma légua à frente. O que veem, então, é difícil de
explicar: num pequeno vale adiante, em torno de um lago, pastam alguns bois.
Descendo a colina, tomam um susto ao se deparar com dois homens a cavalo,
usando trajes do velho Oeste;
um jovem, canhoto a julgar pelo coldre no lado
esquerdo do cinturão; outro mais velho, encorpado, usando um chapelão de
copa alta. É o jovem quem cumprimenta, com um sorriso:
- Bom-dia estranhos. Estão perdidos ? Sou Joe Cartwright ( ABAIXO ) ,
este é meu irmão
Hoss. Bem-vindos à fazenda Ponderosa ! ( ABAIXO ) "
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