terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O Ruidoso Silêncio

Atenção , atenção ! Pedimos agora que você bote a sua memória para funcionar : qual acontecimento ocorrido em sua vida até hoje mais lhe marcou ? Já pensou ? Obviamente esse fato tão forte e tão presente em sua memória começou a partir de uma visão  , e você sabe como funciona essas verdadeiras máquinas fotográficas naturais que são os nossos olhos ? Bom , os nossos olhos estão presos - cada um deles - por 6 músculos em cavidades e são esses mesmos músculos que permite que eles se movimentem em várias direções . Um olho é constituído de 10 " peças " : PUPILA ( orifício pelo qual a luz penetra no olho ) , ÍRIS ( músculo responsável pela abertura da pupila ) , CÓRNEA ( uma espécie de janela curva e que é responsável por boa parte de foco do olho ) , CRISTALINO ( localizado atrás da pupila , ajusta o foco do olho ) , RETINA ( a camada do fundo do olho e é nela que a imagem formada pelo cristalino é projetada ; é necessário um decimo de segundo para que uma boa imagem seja projetada nela  ) , NERVO ÓPTICO ( feixe nervoso constituído por cerca de 1 milhão de fibras  nervosas , é através dele que são transmitidos os impulsos nervosos ao cérebro ) , HUMOR VÍTREO ( parte gelatinosa e transparente que preenche o globo ocular e que ajuda a manter a sua forma esférica, nele a luz é focalizada de modo mais preciso  ) , ESCLERÓTICA ( camada rígida e fibrosa que constitui o branco do olho ) , BASTONETES ( células responsáveis pela distinção entre as cores preta e branca e que conseguem trabalhar mesmo com baixos níveis de luminosidade ) e CONES ( células permitem uma visão em cores , mas para isso necessitam de muita luminosidade ; tantos os cones quanto os bastonetes estão concentrados na retina e estima-se que exitem 125 milhões de bastonetes e 7 milhões de cones , também são os cones e os bastonetes que transmitem os impulsos nervosos ao cérebro para depois serem transformados em imagens  ) .
       Essa máquina complexa e sensível é protegida pelas PÁLPEBRAS que internamente têm uma membrana chamada de CONJUNTIVA e que oferece proteção extra . As pálpebras  , mal comparando , são uma espécie de pára-brisa : o ato de PISCAR leva os olhos , espalhando e misturando AS LÁGRIMAS . Você sabia que um adulto é capaz de piscar os olhos 24 vezes por minuto ? E tem mais : quando se está cansado , o número aumenta para 40 e entre os 5 e os 10 anos de idade - e ainda quando se está lendo - o número de piscadas é bem menor ......Até é possível ficar um tempo sem piscar , mas no máximo por 4 minutos . Estima-se que a cada minutos ficamos 1,2 segundo sem ver visto que cada piscadela dura 50 milésimos de segundo.......Outro fato interessante : ao anoitecer perde-se primeiro a habilidade de se ver a cor vermelha , depois o laranja , o amarelo , o verde e o por último o azul......E foi através disso tudo que acabamos de descrever que o Forrest Gump - ROBERTO SZABUNIA - deu início ao relacionamento com aquela que viria a ser a sua atual e digníssima esposa ! Na crônica saudosista-romântico-filosófica de hoje o veterano jornalista e contador de histórias relata mais uma das saborosas histórias vivenciadas ou testemunhadas por ele e ainda faz uma reflexão a respeito desse sentido tão especial de nosso corpo : A VISÃO .......CONFIRA :

"Cena corriqueira: primeiro dia de aula de uma das séries iniciais do ensino

básico (pra minha geração, ali pela segunda ou terceira série do ginásio - ABAIXO , FACHADA DO COLÉGIO ONDE ROBERTO ESTUDOU EM RIO NEGRINHO ).

 Tem

aluna nova na turma. O pai é bancário ( ABAIXO ) , assume uma gerência na cidade, a

família se transfere, aluga casa, os filhos são matriculados no colégio etc. etc.


Acontece com frequência, em qualquer lugar ou época dessa imensa nação.


Tá, voltando ao primeiro dia de aula. A nova aluna, de seus 12 ou 13 anos, não

sabe onde se esconder quando o diretor a apresenta à turma – a maioria

convivendo desde o jardim de infância ( ABAIXO ) .

Feitas as apresentações, a acanhada e

tímida menina ainda é forçada a ir até o quadro-negro escrever o germânico

sobrenome cheio de consoantes. Além da timidez, sobressai-se outra

característica, física : é bem bonita.


A piazada, hormônios adolescentes em ebulição, se ouriça.

Nada, porém, de

palavras. No exemplo em foco, vivemos os meados do século passado, cidade

pequena, ( ABAIXO , DESFILE ESCOLAR EM RIO NEGRINHO , EM 1966 )

tempos em que os jovens praticavam a disciplina trazida de casa e

do colégio das freiras ( ABAIXO ) .

Só quando o diretor incentiva, a turma se une no coro de

' seja bem-vinda ! ' . A novata, coitada, reflete na camisa branca do uniforme todo

o rubor do rosto.


Meninas avaliam, guris idem. Mas tudo em educado silêncio.

Dois ou três

sentem uma rápida aceleração no batimento cardíaco.

Com o passar dos dias,

das semanas e dos meses, a menina se enturma, o silêncio entre as iguais se

transforma em confidências e cumplicidade.

 Mas os meninos, especialmente os

que sentiram o coração bater mais forte, continuam quietos. Externar

sentimentos, só com o olhar – mesmo esse, disfarçado, fugaz, logo desviado.


Não raro, a história termina um dia com troca de alianças. Mas tudo começou

em silêncio, na troca de olhares. ( ABAIXO , ROBERTO E ESPOSA )

A propósito, veja só que frase bonita : ' As mais

lindas palavras de amor dão ditas no silêncio de um olhar ' .

 Ainda que tal lirismo

lembre os grandes poetas, foi um artista plástico e inventor o autor do verso:

Leonardo da Vinci ( ABAIXO ) .

Será que teve algo a ver com o enigmático sorriso da

esposa de Francesco del Giocondo, eternizada no famoso retrato ? Silêncio...



A expressão do silêncio, motivo desta crônica, é frequente na história desse

nosso planetinha.

 Fico imaginando o relacionamento entre nossos ancestrais

hominídeos ( ABAIXO ) , num tempo sem linguagem. A força do silêncio e do olhar devia

ser tremenda.

 No reino animal, sabemos, o poder da sedução está na força

física: o macho mais forte torna-se dominante. ( ABAIXO , BRIGA ENTRE GORILAS )

O ser humano, porém, creio que

já se valia de atributos mais sutis desde o alvorecer da humanidade.

 Dotado de

inteligência e capacidade de raciocínio, por isso mesmo chamado ' sapiens ', o

homo ancestral não podia sair por aí desmontando cabeças no porrete;

 afinal,

a força do grupo era necessária na execução de tarefas de sobrevivência como

caçar. Então, a conquista exigia o atiçamento de outros sentidos, sendo a visão

o principal.

Como disse Da Vinci, nada como o ruidoso silêncio da troca de

olhares.



Acho que o mundo anda muito barulhento. É interessante, às vezes, exercitar o

poder do silêncio. O poder do olhar é forte. Experimente. "


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