que desembarcaram no porto de São Francisco do Sul naquele famoso 9 de março de 1851 mais os 74 noruegueses que desembarcaram ali dois dias antes ) encontraremos diversas peculiaridades , a começar pelos noruegueses : tendo saído do porto da cidade norueguesa de Trondheima ( ABAIXO ) bordo do navio SOPHIE ( a embarcação levava 120 passageiros , todos homens ) ,
tinham como objetivo chegar na Califórnia , atraídos pela ilusão da fortuna rápida e fácil causada pelo ouro , que recém fora descoberto naquele Estado norte-americano ( ABAIXO ) e cuja notícia se espalhava pelo mundo ,
acontece que uma terrível tempestade atingiu e avariou o navio nas proximidades do Rio de Janeiro ( ABAIXO ) os fez mudar de planos e lá na então capital do Brasil
maior parte deles acabou sendo convencida por um representante da SOCIEDADE HAMBURGUESA , empresa que loteou e colonizou Joinville e região , a vir para a futura colônia que estava prestes a ser fundada na então província de Santa Catarina .
Em sua maioria tendo idades entre 20 e 30 anos e com um nível social e educacional bem inferior aos dos suíços e alemães vieram não em um mas sim em 2 navios - o MARRECO ( que trouxe a maior parte deles ) e o GLÓRIA DOS ANJOS ( cujos 13 passageiros acabaram deixando a colônia já em 28 de março ; curiosamente os seus nomes não constam na lista oficial da Sociedade Hamburguesa ) - e um deles na verdade nem era norueguês mas sim sueco .......( ABAIXO , DESENHO DE UM PATACHO , O TIPO DAS EMBARCAÇÕES QUE TROUXERAM OS NORUEGUESES )
Era o padeiro PETER GUSTAV PETTERSEN , que na ocasião tinha 35 anos de idade e que acabou morrendo em 22 de janeiro de 1857 ( uma árvore o atingiu ) casando-se com a imigrante suíça BÁRBARA MUELLER e deixando numerosa descendência ( consta que existe uma foto sua no acervo do Museu Nacional de Imigração e Colonização ) . A maior parte das casas daqueles primeiros imigrantes foi justamente construída por eles ( uma dessas casas foi a de THEODOR RODOWICZ-OSWIEMCISKY , autor do primeiro livro a respeito de Joinville , publicado em Hamburgo em 1853 ) e dos 61 imigrantes que permaneceram na colônia , apenas 9 decidiram se radicar de maneira definitiva . Desses nove , seis acabaram criando uma olaria que funcionava em regime cooperativista , localizava-se no local onde hoje está a antiga sede da Prefeitura Municipal de Joinville ( ABAIXO )
e que após um ano de funcionamento acabou sendo adquirida por BENNO VON FRANKEMBERG -LUDWIGSDORFF , diretor da colônia entre 1852 e 1855 e autor da mudança de nome de Dona Francisca para Joinville . Em relação aos passageiros da Colón , a maioria esmagadora - 78 pessoas - era de suíços , sendo quase todos oriundos do cantão ( equivalente a um Estado brasileiro ) de SCHAFFHAUSEN ( ABAIXO ) , no extremo norte daquele país . E os alemães ?
Na verdade a Alemanha não existia : isso só viria a ocorrer em 18 de janeiro de 1871 , na luxuosa SALA DE ESPELHOS DO PALÁCIO DE VERSALHES ( o reino da Prússia , um dos países que formaram a Alemanha havia acabado de derrotar a França ) quando um grupo de príncipes de vários daqueles países se reuniu e proclamou GUILHERME I ( 1797-1888 - ABAIXO ) , rei da Prússia , o primeiro imperador , ou KAISER , alemão .
Em 1851 , em lugar de alemães tinha-se 40 imigrantes oriundos do reino de OLBEMBURG ( ABAIXO , O ANTIGO BRASÃO DOS REIS DE OLBEMBURG ) , 2 imigrantes da PRÚSSIA ( o casal Johann Carl Emil e Caroline Anna Boelicke ) e 1 imigrante da região de SCHWARZBURG - RUDOLSTADT , o agricultor JOHANN WOLFGANG SHACK . Outra curiosidade : dos 40 imigrantes de Oldemburg , cinco nasceram no reino de HANNOVER e Caroline Anna Boelicke nasceu na ilha caribenha de BARBADOS !
Como se observa Joinville já nasceu multicultural e isso se intensificaria ainda mais até dezembro de 1881 , quando a imigração para Joinville praticamente cessa : ao longo de mais de 30 anos imigraram para Joinville entre 11.102 e 15.924 pessoas ( ABAIXO , IMIGRANTES EMBARCANDO EM HAMBURGO ) , de 65 nacionalidades diferentes , incluindo imigrantes oriundos
de regiões que mais tarde formariam não só a Alemanha como também as atuais Áustria , República Tcheca e Polônia ( grande parte do numeroso contingente de imigrantes "alemães " era natural de regiões hoje polonesas como SILÉSIA e POMERÂNIA - ABAIXO - e que foram anexadas àquele país após a Segunda Guerra Mundial ) .
Apesar de tantas línguas , dialetos e culturas , o objetivo da Sociedade Hamburguesa era mais do que claro : criar um grande centro produtor e exportador agrícola e que também fosse consumidor de produtos industrializados vindos da "Alemanha " . Por isso deu-se preferência aos imigrantes do norte alemão ( luteranos e nacionalistas ) , de países ou regiões de fala e cultura alemães e ou de imigrantes luteranos e de cultura germânica , como suecos e dinamarqueses . Figuras , como OTTOKAR DOERFFEL ( 1818-1906 - ABAIXO ) - funcionário da Sociedade Hamburguesa , prefeito ( 1874-1877 ) e fundador de diversas entidades de caráter sócio-cultural e recreativo - ligadas à empresa acabaram contribuindo para aculturar os não-alemães .......
Em relação ao número de pessoas que citamos há pouco exitem vários poréns : em várias ocasiões a lista e número de imigrantes dos navios eram diferentes dos do relatórios feitos pelos diretores da colônia , o que não permite ter um número exato de imigrantes e muitos imigrantes permaneceram um brevíssimo tempo em Joinville , dirigindo-se na verdade para outros destinos , sendo que alguns deles , como São Bento do Sul ( ABAIXO ) e Rio Negrinho na época ainda faziam parte do território de Joinville . Esses números também poderiam ser bem maiores , visto a grande quantidade de falecimentos que ocorreu à bordo de muitos navios .
Outro detalhe : antes mesmo da fundação oficial de Joinville , mais especificamente desde 22 de maio de 1850 , já estavam aqui uma família "alemã " ( SCHNEIDER ) , uma família sueca ( VON KNORRING ) , LOUIS FRANÇOIS LEONCE AUBÉ ( representante do Príncipe de Joinville - ABAIXO ) e seu cozinheiro ( LOUIS DUVOISIN ) e ainda o engenheiro responsável pela escolha do local e das primeiras construções da futura colônia , HERMANN GUENTHER , e sua companheira , a feminista berlinense JULLIE ENGELL , sendo que todos eles tinham a tarefa de justamente de preparar o local para a chegada da primeira leva de imigrantes .
E isso sem consideramos também os moradores luso-brasileiros que viviam na região há mais de 200 anos e seus escravos e ainda povos pré-colombianos , como os SAMBAQUIANOS ( ABAIXO , ESQUELETO DE SAMBAQUIANO ) e os índios CARIJÓ , e um francês conhecido como M. FRONTIN ( era um dos franceses que fundaram uma fracassada colônia na região da península do Saí ) , que vivia em uma choupana próxima ao local onde hoje está o monumento A BARCA ........
Em 9 de março de 1999 , portanto 148 anos após a data oficial da chegada daqueles pioneiros e sofridos imigrantes , o jornal A NOTÍCIA fez aquela que talvez tenha sido uma das melhores reportagens de seus quase 100 anos de existência , publicando entrevistas feitas estrangeiros residentes na cidade e oriundos de 20 países : Líbano , Irã , Israel , Irlanda , Egito , Austrália , Bélgica , Espanha , Cuba , Inglaterra , Holanda , Alemanha , Japão , Suíça , Argentina , Itália , México , Rússia , Dinamarca e até mesmo da hoje extinta Iugoslávia ( ABAIXO , MAPA E BANDEIRAS DO EXTINTO PAÍS ) , sendo que nos meses seguintes o tradicional jornal entrevistou outros estrangeiros residentes em Joinville mas já se passaram 17 anos e tudo muda ........
Com certeza o número de estrangeiros residentes aqui nesta pequena Babel chamada Joinville é muito maior e nos últimos anos quem caminha pelas ruas da cidade , mais especificamente na zona sul já logo nota um sotaque diferente........São sujeitos negros , de pele brilhosa e bem cuidada , dentes alvos , bem vestidos e falando numa estranha língua : trata-se dos HAITIANOS ( ABAIXO ) e a língua em questão é o CRIOULO , uma mistura de francês -a língua dos antigos colonizadores daquele país caribenho - com dialetos africanos , como IORUBA , FON e EWÉ . O vídeo do dia mostra um pouco da situação desse sofrido povo , que também vem contribuindo para construir a grandeza de Joinville . VALE A PENA CONFERIR !
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