Iniciaremos o texto de introdução da crônica do dia de maneira diferente : COM UMA DICA DE TURISMO ( É bom que isso fique claro : não estaremos fazendo "merchan" para alguma agência de turismo ) .....O inverno mais intenso dos últimos 10 anos pede , ou melhor , EXIGE um passeio por um típico paraíso serrano e já que a pedida , ou melhor , a exigência é esse tipo de cenário então que tal "dar um pulo " em RIO NEGRINHO , a cerca de 80 quilômetros de Joinville ? Rios , cachoeiras , lagos , fazendas e construções centenárias , um cenário digno de uma pequena cidade perdida no interior da Europa e de quebra um fabuloso passeio ferroviário de 67 quilômetros , em meio a um trecho intocado de Mata Atlântica e que passa por diversas cachoeiras , entre esse município e Corupá .....O turista mais atento ou aquele que quiser passar alguns dias nessa pequena e bucólica cidade localizada a 72 metros acima do nível do mar e que observar mais atentamente o biotipo dos moradores locais , sua fala , seus costumes e a arquitetura local não terá a mínima dúvida : assim como nas localidades vizinhas há ali fortíssima presença e influência da colonização alemã e , em menor grau , de italianos e poloneses . Mas , incrivelmente , o grande pioneiro e fundador da cidade não foi nenhum conterrâneo de BEETHOVEN , LUCIANO PAVAROTTI ou do papa KAROL WOJTYLA , vulgo JOÃO PAULO II ( 1920-2005 ) , mas sim um conterrâneo de ZINEDINE ZIDANE ( ai ! ) e BRIGITE BARDOT ( oba ! ) : o francês LOVIS FOULOIS ......Um dos engenheiros responsáveis pela abertura da antiga ESTRADA DONA FRANCISCA - a hoje estrada SC-301 - presume-se que por volta de 1875 ele tenha implantado um acampamento de operários da obra no que é hoje a confluência entre as ruas DOM PIO DE FREITAS e do SEMINÁRIO e que acabou sendo o núcleo inicial da futura Rio Negrinho . Porém , essa história é um pouco mais longa : acredita-se que por volta de 1872 algumas famílias de brasileiros , quase todos eles oriundos de São José dos Pinhais e de Curitiba , tenham inciado a ocupação da região . A longa e confusa disputa jurídica entre Paraná e Santa Catarina por uma região de cerca de 48.000 quilômetros quadrados , que só terminou em 1916 , explica o pioneirismo parananense : os paranaenses consideravam a região do planalto norte como sendo sua......
Porém , segundo a história oficial , a data de 24 de abril de 1880 marca o início de Rio Negrinho : a partir dali famílias vindas da Europa , como os WEHMUTH , os KWITSCHAL , os DRECHER , os OLSEN e os GROSSI começaram a se estabelecer na região ....Na imaginação tudo é possível , até voar e flutuar no espaço , e partindo desse princípio iremos a uma possibilidade absurda na vida real : imagine que todos esses pioneiros , já orgulhosos pelo fato de a pequena cidade ser um dos pólos moveleiros do Brasil , se deslocassem para a cidade de Criciúma sendo que ano é 1974 e o evento são os tradicionais JOGOS ABERTOS , a versão barriga-verde das Olimpíadas . Eles certamente teriam ainda mais motivos para se orgulhar e estufar o peito : a equipe de handebol de Rio Negrinho - esporte que recém fora introduzido na cidade - está decidindo o título da competição contra a poderosa equipe de Florianópolis . Os pioneiros , bem assentados na arquibancada , logo perceberiam entre os jogadores- raçudos , diga-se de passagem - há um rapaz aloirado e que embora não seja um primor de atleta , encara aquela disputa come se ali estivesse em jogo o seu prato de comida ! Esse mesmo rapaz é apaixonado por futebol , palmeirense inveterado ( bom , ninguém é perfeito ! ) e ao que consta sempre envia para a redação da revista PLACAR distintivos de clubes de futebol de sua cidade para serem publicados pela revista e volta sempre se envolve em alguma polêmica protagonizada por um folclórico personagem dessa mesma revista , chamado CAPU ......Pois é , o hoje jornalista de jeito sisudo , eterno contador de histórias e um decanos do jornalismo joinvilense - ROBERTO SZABUNIA - já foi atleta ! Na saudosista e emocionante crônica de hoje o Forrest Gump de Joinville relembra esse momento tão especial em sua vida e , é claro , revela o resultado do decisivo duelo contra os atletas da capital .....CONFIRA :
"O ano é 1974, a cidade é Criciúma ( ABAIXO , UMA VISÃO DA CIDADE DE CRICIÚMA NOS ANOS 70 TENDO EM PRIMEIRO PLANO O ESTÁDIO HERIBERTO HULSE ) . Estou numa quadra poliesportiva, visto
camisa azul ( número 7, o mesmo que eu usava nos aspirantes do Ipiranga ),
calção branco e meias zebradas azul e branco.
Nos pés, tênis Íris brancos,
novinhos. Nenhum escudo ou identificação na camisa. O distintivo é meu
coração azul-verde- branco, as cores da bandeira da minha querida Rio
Negrinho. ( ABAIXO , BANDEIRA E BRASÃO DE RIO NEGRINHO )
Lá dentro, lidero o time de handebol, multiplicando em quadra a
liderança do nosso comandante professor Carlinhos. O cronômetro aponta 2
minutos para o fim do jogo ; no placar, 15 x 13 para Florianópolis. É a decisão
da medalha de ouro. ( ABAIXO )
Já fôramos demolidos pela máquina da Capital na fase
classificatória, numa goleada acachapante; mesmo assim, avançáramos para
as etapas seguintes em segundo lugar, eliminando Presidente Getúlio e São
Joaquim ( este na prorrogação, pois então não havia empate no handebol - ABAIXO ).
Agora, porém, era diferente. Já conhecíamos bem o esquadrão da Ilha, tanto
da surra tomada dias antes, quando de assistir aos seus jogos. Nosso treinador
armou o time, claro, numa retranca dos diabos, defesa acima de tudo. E
funcionou, tanto que a dois minutos do fim, Abel e Lári, nossos goleiros ( ABAIXO ) se
revezando, só buscaram a bola na rede quinze vezes.
Naquele momento,
acreditávamos até na vitória. Seria uma zebra enorme, daquelas de abalar
estruturas. Mas, por que não ?
Dois minutos, no handebol, são suficientes pra
empatar um jogo e levá-lo à prorrogação. Pois vamos...
Um solavanco me acorda. Lá se foi o sonho... A Kombi ( ABAIXO ) na qual fazemos a
viagem de volta a Rio Negrinho passou num buraco.
A realidade: na estreia,
vencêramos de fato Presidente Getúlio, por 30 x 7, dando aquela injeção de
ânimo. No segundo jogo, 14 x 14 contra São Joaquim e derrota na
prorrogação. Pra fechar, acachapantes 60 x 8 contra Floripa.
Sem problema,
valeu a experiência. Afinal, Rio Negrinho conhecera o handebol ( ABAIXO ) apenas alguns
meses antes, por iniciativa de Carlinhos Michels, professor de Educação Física
do Colégio Estadual Manoel da Nóbrega e do Ginásio São José. Treináramos,
se tanto, uns quatro meses, o suficiente para conhecer a fundo as regras.
Como nos Jasc a modalidade era recente, pudemos entrar sem seletiva.
Foi minha segunda participação nos Jogos. Na anterior, 1973 em São Bento ( ABAIXO , FOTO DE RUA DE SÃO BENTO DO SUL EM 1973 ) ,
fui reserva no time de vôlei; os adultos eram titulares e a piazada do Manoel
formava o time de baixo. Nossa única função era servir de sparring nos treinos.
Mas participamos, com orgulho, de toda a solenidade de abertura dos Jogos.
Desfilamos uniformizados, alguns liberaram as glândulas lacrimais no
juramento do atleta e, como era perto, curtimos os Jogos na totalidade. Em
Criciúma, no ano seguinte, mais pompa na abertura, no estádio Heriberto
Hülse ( ABAIXO ) .
Minha última participação em Olimpíadas... ops ! .... Jasc... foi em 1975,
Chapecó, com desfile no estádio Índio Condá.( ABAIXO )
Claro que todos sonhávamos com decisão, consagração... Voltar a Rio
Negrinho com a medalha de ouro no peito, desfilar pela cidade ( ABAIXO , A ENTÃO SEDE DA PREFEITURA DA CIDADE ) , ganhar
homenagens.
Os Jasc ( ABAIXO ) eram a nossa Olimpíada. Ali, tínhamos as metas de
vencer como pessoas e de honrar a bandeira da nossa cidade. Mesmo sem
medalhas, cumprimos os objetivos, com certeza. "
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