UM BAIXINHO ENCARNADO E MARRENTO LEVOU O BRASIL A UMA DE SUAS MAIORES VITÓRIAS ......Se você imediatamente pensou no hoje excelentíssimo deputado ROMÁRIO de Souza Farias , que levou aquele limitadíssima seleção brasileira de 1994 a conquistar a Copa do Mundo dos Estados Unidos , errou feio ! O baixinho em questão foi o ultra ambicioso , nepotista e doente ( sofria de úlcera no estômago , daí ele sempre aparecer com a mão no bolso em seus retratos ) imperador francês NAPOLEÃO BONAPARTE ( 1769-1821 ) e a ordem dada por ele naquele longínquo ano de 1807 era claríssima : nenhuma nação poderia comerciar com o Reino Unido , sob pena de ser invadida em caso de desobediência da ordem daquele que foi um dos maiores gênios militares que o mundo conheceu . Essa era a notícia que o bonachão , gordo , comilão e esperto - embora quase sempre indeciso - rei português DOM JOÃO VI ( 1767-1826 ) não queria ouvir ......Afinal , como ir contra um velho aliado ( Portugal e Inglaterra mantém uma aliança diplomática desde o século 14 ) e que ainda por cima - em virtude do tratado econômico-diplomático de Methuen ( assinado na cidade holandesa de mesmo nome , em 1703 ) - era praticamente o dono de seu pequeno , endividado , empobrecido e decadente reino ? Por outro lado aquele era um excelente argumento para um velho plano : transferir a sede do ainda gigantesco império português para o Brasil ,algo que já se cogitava no século 16 ....Sem outra alternativa , Dom João acabou optando pelo lado britânico : naquele ensolarado 29 de novembro de 1807 uma gigantesca esquadra - formada por 8 naus , 5 fragatas , 3 brigues e 30 navios mercantes - deixou o cais da Torre de Belém , em Lisboa e sob vaias dos abandonados e ignorados súditos portugueses , zarpou rumo a terras tupiniquins para aqueles que talvez os 14 mais importantes anos da história do Brasil , resultando no famoso GRITO DO IPIRANGA .....A esquadra desembarcou no Brasil , a princípio em Salvador , na tarde de 22 de janeiro de 1808 e só foi chegar em terras cariocas na manhã de 8 de março , depois de 45 dias de permanência na primeira capital do Brasil : além de um colossal volume de cerca de 60.000 livros e manuscritos , móveis , jóias e objetos luxuosos , estava a bordo da esquadra algo próximo a 15.000 pessoas , entre a própria família real portuguesa , seus serviçais ( eram 350 ) , nobres , cortesões e seus respectivos puxa-sacos . Mas como acomodar todo esse povo ? A solução encontrada foi a mais simples possível : estima-se que perto de 2.000 residências cariocas tenham sido desocupadas , com os seus proprietários tendo sido simplesmente enxotados ! As portas das residências "requisitadas " receberam as iniciais PR , uma abreviação de "Príncipe Regente " mas que o povo sabiamente tentou de chamar logo de PONHA-SE NA RUA ou PRÉDIO ROUBADO.....
E todo esse povo trabalharia aonde ? EM CARGOS PÚBLICOS , ora pois ! Ainda em terras baianas , a primeira medida tomada por Dom João após aquele famoso decreto assinado em 28 de janeiro de 1808 e que liberava os portos "às nações amigas de Portugal " ( as tais "nações amigas " eram na verdade uma só : o Reino Unido ) foi criar 3 secretarias : NEGÓCIOS DO REINO , DA GUERRA E DOS ESTRANGEIROS e DA MARINHA E ULTRAMAR , começava ali a FARRA DO "SERVIÇO " PÚBLICO .....Você anda descontente com a qualidade dos serviços públicos brasileiros , o atendimento , a preguiça e o tradicional mal humor de boa boa parte dos funcionários públicos ? Pois é , para o cargo de secretário de Negócios do Reino o generoso Dom João escolheu o MARQUÊS DE AGUIAR ( seu nome era Fernando José Portugal ) e veja o que um dos maiores historiadores brasileiros - FRANCISCO ADOLFO DE VARNHAGEN - escreveu a respeito dele em 1854 : " Minguado de faculdades criadores para sacar da própria mente e da meditação fecunda as providências que as necessidades do país fossem ditando , o marquês de Aguiar parece ter começado por consultar o almanaque de Lisboa e , à vista dele , ter se proposto a satisfazer a grande comissão que o príncipe lhe delegara , transplantando para o Brasil com os seus próprios nomes e empregados ( para não falar de vícios e abusos ) , todas as instituições que lá havia , as quais se reduziram a muitas juntas e tribunais , que mais serviam de peia do que de auxílio à administração , sem meter em conta o muito que aumentava as despesas públicas , e o ter-se visto a empregar um sem-número de nulidades , pelas exigências da chusma dos fidalgos que haviam emigrado da metrópole e que , não recebendo dali recursos , não tinham o que comer " .....Era preciso também manter a pose : os antigos cortesões , agora já transformados em funcionários públicos , faziam questão de andar pelas ruas dos Rio de Janeiro exibindo suas luxuosas roupas e modos requintados , tudo isso para mostrar que eram superiores à "ralé " .....Embora a infame e absurda BUROCRACIA BRASILEIRA remonte aos primórdios da colonização portuguesa , a maioria dos historiadores é enfática ao afirmar : ela teve início coma vinda da família real portuguesa ao Brasil . E o tema da crônica de hoje é justamente essa coisa tão absurda - para não dizer BURRA - que contribui tanto para atrasar o Brasil e que tem o nome de burocracia , só que que ele será abordada de uma maneira , digamos , diferente .....Falou em HUMOR ? Então automaticamente falou em um de seus mestres : o escritor "são chiquense " HILTON GORRESEN , que mais uma vez nos brinda com mais uma de suas impagáveis histórias .....CONFIRA :
"A cidade era pequena. Um grupo de amantes da música reuniu-se e resolveu fundar uma
sociedade lírica. (ABAIXO )
Dentre eles, o maestro Parmênides, regente da banda de música local,
e
o escriturário Mirinho, que fazia imitações de Nelson Gonçalves ( ' boemia , aqui me tens
de regresso...' ).
Já possuíam um local, não muito amplo, mas que dava para o gasto. Conseguiram
também quase uma centena de cadeiras para o público, doadas por amigos e familiares
( todo mundo tem em casa uma velha cadeira, e não sabe o que fazer com ela ).
Só
faltava uma mesa de bom tamanho para as reuniões dos associados. Mirinho lembrou
que na biblioteca, no térreo da prefeitura, havia uma bela mesa, antiga, praticamente
sem uso ( ABAIXO ) . Aliás, servia apenas para que jovens desrespeitosos sentassem em cima, como
se fosse a casa da sogra, sem respeito ao recato do ambiente.
O eficiente secretário da sociedade elaborou um ofício à biblioteca ( ABAIXO ) , solicitando doação
ou ao menos empréstimo do bem ( quando se trata de patrimônio do governo é
conveniente mencioná-lo como bem, mesmo que seja um traste, o que não era o caso da
mencionada mesa ).
A resposta do diretor da biblioteca veio rápida, desconfio que queria
livrar-se com urgência daquele ' antro de moleques ' . Teria o maior prazer em fazer a
doação do bem, mas este era propriedade do departamento de água e esgotos ( ABAIXO ) , no
terceiro piso do prédio, ao qual deveria ser encaminhada a solicitação.
E escrevendo
isso, pegou o contínuo e o segurança( ABAIXO ) e mandou devolver a mesa, mediante ofício, ao
departamento competente.
Ao receber aquele bem não solicitado, o diretor mandou examinar os controles e
descobriu que a mesa havia sido deixada naquele departamento pela secretaria de obras
públicas, por falta de lugar em suas salas. Com o devido ofício, a mesa foi
reencaminhada àquele órgão ( ABAIXO ) , no andar abaixo.
O surpreso diretor de obras ficou
aliviado quando se verificou que a origem do cada vez mais pesado bem, segundo seus
pobres carregadores, era a sala do prefeito ( ABAIXO ) , nos fundos do terceiro pavimento. Toca pra
lá.
A secretária do gabinete ( ABAIXO ) não quis receber o bem. Pediu, no entanto, ao contador para
verificar seu registro. Estranhamente, a mesa não constava dos registros da prefeitura.
– Não podemos receber, nem fazer doação de um bem que não possuímos – disse.
E agora ? Alguém lembrou de pedir informações ao 'seu ' Beneplácito ( ABAIXO ) , o mais antigo
servidor do órgão, já passado da época de aposentadoria.
– Aquela velha mesa ? Me lembro sim. Foi comprada para o acervo da biblioteca ( ABAIXO ) . Não
sei como veio parar aqui. "
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