Depois de algum tempo fizemos o nosso velho e imprescindível amigo DICIONÁRIO AURÉLIO trabalhar e a sua resposta para a nossa pergunta - " O QUE É SOLIDARIEDADE ? " - foi a seguinte : " Laço ou vínculo recíproco de pessoas ou coisas independentes . 2- Apoio a causa , princípio , etc... de outrem . 3 - Sentido moral que vincula o indivíduo à vida , aos interesses dum grupo social , duma nação ou da humanidade ".....Indo mais além e descobrindo a origem dessa palavra fizemos uma viagem no tempo fomos parar na França do remoto século 18 , mais precisamente de 1765 : foi nesse ano que pela primeira vez aparecerem registros dessa palavra e seu significado original era " RESPONSABILIDADE MÚTUA " ( basta relembrar aqueles aulas de história do mundo , que provavelmente você não devia gostar : SOLIDARIEDADE foi uma das palavras de ordem dos envolvidos naquele levante ocorrido em 14 de julho de 1789 e que acabou influenciando vários outros movimentos revolucionários pelo mundo , inclusive as independências das nações latino-americanas na primeira metade do século 19 ) .
Porém , indo mais longe e procurando a origem mais remota dessa palavra fomos parar na Roma do tempo dos césares : como a maior parte dos vocábulos existentes nas línguas de origem latina , Solidariedade teve uma remota origem no termo SOLIDUS , que significava " Firme , inteiro , inteiro " , ou seja , um significado completamente diferente daquele que expusemos logo no início deste texto ou do termo francês Solidarité ......Mas , afinal o que faz uma pessoa vir a ter um sentimento tão raro e nobre , sendo capaz até mesmo de renunciar a uma vida de confortos e sem maiores problemas para se dedicar quase que única e exclusivamente a pessoas que nem sequer têm em mente a possibilidade de sonhar e de ter uma vida no mínimo digna ? Talvez a resposta para esta pergunta esteja na crônica de hoje , de autoria do jornalista e eterno contador de histórias ROBERTO SZABUNIA : interessante e de linguagem informal - como todas as outras crônicas do Forrest Gump de Joinville - nela Szabunia rememora uma prazerosa experiência que teve recentemente e , principalmente , descreve o nobre trabalho desenvolvido já há algum tempo por um heroínas joinvilenses . Ou seria um batalhão de super mulheres ? ......CONFIRA :
"'Os sentimentos verdadeiros se manifestam mais por atos que por palavras.' A
frase do dramaturgo inglês William Shakespeare ( ABAIXO )
define bem o trabalho de um
dos mais dedicados e sinceros grupos voltados à ação comunitária, o
joinvilense Mutirão do Amor. ( ABAIXO )
Ali, os atos de tricotar, costurar, bordar e montar
kits de enxovais para bebês são a verdadeira demonstração dos melhores
sentimentos de um grupo de mulheres.
Há dois dias, tomando um café com dona Mery, dona Arlete e uma parte das
sessenta voluntárias, pude sentir na alma esse amor que se irradia dos
corações das voluntárias. A palavra ' mutirão ' é a que melhor poderia definir a
labuta das associadas, transformando lã e outros tecidos em belos
casaquinhos, mantas, sapatinhos e demais peças do vestuário do recém-
nascido.
Ainda vou contar essa história em detalhes, mas adianto um resumo. A história
começa lá em 1983, logo após aquela primeira grande enchente que deixou
muitas cidades catarinenses sob a água. ( ABAIXO , PREFEITURA DE BLUMENAU TOMADA PELA ÁGUA )
Mery e Arlete encabeçaram um
esforço pela coleta de donativos, depois encaminhados aos atingidos pela
cheia nas cidades da região. ( ABAIXO , RUA XV DE NOVEMBRO , EM BLUMENAU )
Passado o drama da enchente, o mutirão em prol dos desalojados e
desabrigados deixou uma boa semente plantada em solo fértil. Aquele grupo
de mulheres decidiu dar um novo sentido aos seus 'krentze' ( NOTA DO BLOG : encontros de mulheres típicos das regiões de colonização alemã ) , temperando o
café com solidariedade, e surgiu o Mutirão do Amor.
Da sala de estar, depois a garagem da família Paul, a entidade foi se mudando
para espaços maiores, até chegar à casa própria, numa tranquila rua
residencial do Saguaçú ( ABAIXO ) . Quando estive lá, terça à tarde, coincidiu de chegar
um funcionário de um Centro de Referência em Assistência Social, o CRAS,
para pegar sua parcela de kits.
As roupas, confeccionadas com qualidade e
esmero, hoje devem estar à espera de novos joinvilenses de famílias
necessitadas – talvez algum bebê até já esteja usando, pois devem ter nascido
muitos de terça até hoje.
Isso é importante: as voluntárias se aplicam muito no que fazem, produzindo
peças que fariam bonito em qualquer butique especializada. E sem ganhar
nada além da satisfação de estar trabalhando pelo bem da comunidade.
Pelo
contrário, elas até pagam uma mensalidade para manter a casa. O maior
pagamento, pra elas, é a alma lavada, a manifestação dos sentimentos pelos
atos, como escreveu Shakespeare. ( ABAIXO )
Também saí da casa com o coração mais leve pelos momentos agradáveis lá
passados.
Ah, sim, e com o estômago mais pesado, após umas fatias de bolo e
uma xícara de café com leite.
Mas, como nem só de atos se manifestam os
sentimentos, as palavras transbordam o tempo todo. Afinal, trinta e poucas
mulheres no mesmo ambiente não é a receita para o silêncio. Os encontros,
enfim, também são uma oportunidade de socialização, de troca de ideias, de
planos e planejamento. Assim é um mutirão. "
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