terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O homem de quem roubaram a capacidade de chorar

Quando aquele menino negro da etnia shosa nasceu no vilarejo de Umtata,ao norte da África do Sul,ela ainda era chamada de União Sul- Africana e era uma colônia britânica,controlada por algumas famílias brancas,em sua maioria de origem inglesa e holandesa.Desde muito cedo indignou-se com tamanha desigualdade e em 1944 entrou no Congresso Nacional Africano(CNA0,o partido político dos negros sul-africanos.Em 1952 liderou um movimento de desobediência cível contra o odioso sistema político,econômico e social imposto pelos brancos e após ser preso durante 5 anos entrou para a luta armada contra o sistema dos brancos.Preso em 1962,passou longos 28 anos na cadeia e logo percebeu que a violência não era o melhor caminho para derrotar o inimigo e procurou aprender o africâner,a língua dos brancos.Libertado em fevereiro de 1990,daquele momento até 1994 desarticulou o odioso,racista e abominável APARTHEID.Eleito presidente da África do Sul,aos 76 anos,disse a seguinte frase:"A ÁFRICA DO SUL AGORA É A NAÇÃO DO ARCO-ÍRIS!".NELSON MANDELA era tão cheio de defeitos quanto qualquer um de nós mas foi grande e nobre,perdoando seus antigos algozes.Sua trajetória de vida nos serve de ensinamento e reflexão,especialmente na época em que estamos vivendo :O NATAL.Na crônica de hoje DONALD MALSCHITZKY traz sua visão sobre esse grande homem.CONFIRA: "Confusão no trânsito,pouco ou nenhum lugar para estacionar, lojas apinhadas de todos os tipos,mesas com gente se apinhando e é Natal.Sinceramente,esse espírito de pressa consumista não faz parte do meu cardápio.Exaspera-me. No meio disso tudo,'African Christmas',a canção natalina mais bonita que já ouvi-desculpem-me os que só gostam de 'Noite Feliz',que também é maravilhosa-,apresentado no concerto do grupo Edelweiss,na quarta(4),em uma viagem de celebrações natalinas ao redor do mundo. Na quinta(5),morre Nelson Mandela,'o necessário com seus pecados',como o chamei em outra crônica.Nos jornais do mundo não faltaram pronunciamentos e ,ao menos nos que li,nehum lhe rendeu a tradicional homenagem que se rende aos mortos:todos falaram do Mandela vivo, assim como o povo sul-africano(FOTO ABAIXO) canta e ri por ele ter existido e por seu legado que nunca alguém conseguirá apagar. John Dramani Mahama,presidente de Gana,(FOTO ABAIXO) escreveu belo artigo no 'New York Times' com título 'Mandela ensinou um continente a perdoar'.Nele ,coloca:'Vinte e sete anos de sua vida que se foram.Dia após dia de trabalho árduo em uma pedreira de calcário,quebrando pedras brancos debaixo de um sol forte implacável, sem qualquer proteção nos olhos,virtualmente destruiu seus vasos lacrimais e,durante anos,furtou até sua habilidade de chorar.'Mais adiante:'Ele tornou-se um ícone não apenas da esperança,mas da capacidade de curar feridas.' Curar feridas.E voltamos à canção que se lamenta da situação africana,do bem que nunca vence,mas vai crescendo em esperança.O estribrilho diz:'Dê-me um Natal Africano,paz e amor para curar nossa terra/Precisamos de Natal Africano,que passaremos juntos,de mãos dadas.' Curar,curar e foi a curar feridas que que esse homem se dedicou a cada minuto da vida depois de sair da prisão, e ele tinha todas razões do mundo para destilar ódio,vingar-se,promover uma guerra santa.Sabendo-se imperfeito e sempre deixou isso muito claro,tratou de perdoar e de promover o perdão,ensinando-nos a fazê-lo. Construiu uma nação,imperfeita,como todas,(ABAIXO,FOTO DA CIDADE DE JOHANESBURGO) mas nação para a qual deixou os natais desejados,para serem festejados de mãos dadas."

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