terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O último canto

Nas sociedades indígenas e orientais eles são valorizados e reverenciados,tratados como fonte de conhecimento e sabedoria.Já nas sociedades ocidentais,movidas pelo capitalismo e consumismo,eles são tidos como estorvos,imprestáveis e dementes.Definitivamente ser idoso na sociedade em que vivemos não é nada fácil......na crônica,quase um poema, de hoje DONALD MALSCHITZKY aborda sobre a derradeira etapa da vida :A VELHICE.CONFIRA: "Gonçalves Dias(FOTO ABAIXO) escreveu 'Juca Pirama' que,em tupi,significa 'o que há de ser morto e o que é digno de ser morto'. 'Meu canto de mortes,guerreira,ouvi:sou filho das selvas....',lembra? Há um anseio de perenidade no canto:sabendo que será sacrificado,o índio quer deixar suas sementes pelas palavras.Depois,a história muda,masseu início é este.Esse anseio de perenidade está presente em toda a natureza,que se perpetua pela descendência.O homem tem uma preocupação adicional:deixar sua mensagem,de alguma forma,perenizar seus pensamentos,suas crenças,sua história,.Por isso,canta através do que conta,escreve,pede,determina,deixa. O que vem a seguir acompanha-me há tempos,sempre que vejo uma pessoa mais velha sendo abafada por quem cuida dela:tratada como quem nada mais sabe,nada mais consegue,nada mais decide,nada mais quer,,além de esperar pelo fim,cumprindo um enredo determinado pelos outros. Se fosse ouvida, talvez contasse:deixem-me voar,gosto de ver as coisas de outros ângulos e,afinal,logo voarei para sempre.Sei que não mais posso ser uma águia,mas um vôo curto ,como o de um pintassilgo,por que,não? Não,não vou me estatelar no chão,pode deixar,mas ,pensando bem,e daí?Ao menos estava voando e não sentado,sem deixarem que me mexesse. Meus passos estão vacilantes-um dia vocês também andarão assim- mas quero andar,descobrir veredas,talvez molhar os pés,ver umas borboletas, cachorros querendo namorar, observar gente, andar pela sombra ou por lugares ensolarados conforme a minha vontade,passar um pouco de frio ou de calor,coisas tão simples e que não me deixam mais fazer.Se me perder,que benção-só me perdi uma vez,bem criança-,mas não se preocupem,sempre aparece alguém para ajudar,e a adremalina,de qualquer forma,valerá por qualquer susto. Tenho minha preferência,mas,por favor,pergunte-me o que quero;e se resolvi descobrir novidades? Quando fico sozinho, é apenas desejo de ficar sozinho, como fazia quando era jovem.Não me encham de bolacha,suquinho,essa coisarada toda;se eu quiser,peço,pode ser? A coisa é simples;só quero respirar como sempre respirei.Sei que isso incomoda,mas nesse trajeto que possivelmente é curto,ainda quero desenhar algumas rotas.Deixem-me fazê-lo,e não encurtem o caminho."

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