quinta-feira, 16 de abril de 2015

O Passado Vive Em Nós

Aquela pessoa mais curiosa e observadora , ao passar em frente a Biblioteca Pública de Joinville , do lado da rua Nove de Março , há de notar um obelisco e observando a placa que está na base dele há de ficar admirado e até espantado com a sua data : o remoto ano de 1926 . Como uma espécie de portal para o passado o obelisco irá despertar a sua curiosidade e o levará ao passado : pesquisando detalhadamente a história de Joinville , essa pessoa irá descobrir que antes da celebração do centenário da cidade , em 1951 , o ano de 1926 foi um dos raros em que aniversário de Joinville foi comemorado . Naquele ano a cidade completou 75 anos de existência e uma extensa e intensa programação de eventos ocorreu entre 21 e 31 de maio daquele ano : bailes públicos , bailes em entidades particulares , concerto na SOCIEDADE HARMONIA LYRA , chá dançante , competições esportivas , concurso de tiro ao alvo , parada militar , apresentação da banda do então 13 Batalhão de Caçadores ( hoje 62 BI ) , inaugurações do obelisco e do busto da princesa Dona Francisca , mais tarde transferida para a Rua das Palmeiras , no local onde hoje está a biblioteca pública ( na época havia uma praça no local , conhecida como JARDIM LAURO MUELLER ) , visitas do então governador BULCÃO VIANNA e do PRÍNCIPE DE ORLEÃES E BRAGANÇA , representante da família imperial brasileira e que se hospedou onde hoje funciona o MUSEU NACIONAL DE IMIGRAÇÃO E COLONIZAÇÃO . Acontecimentos em épocas remotas , como esses , não costumam frequentar as páginas dos livros de história e infelizmente perdem-se nas brumas do tempo , ou melhor perderiam-se ; e não apenas apenas graças aqueles que são formados em História mas também ao trabalho de verdadeiros abnegados ! São os casos de VALMIR SANTHIAGO , criador da comunidade virtual JOINVILLE DE ONTEM , que resgata antigas fotos e informações de Joinville e que até a tarde de hoje tinha 15.618 membros . E também de MARLI AVANCINI , criadora de outra comunidade virtual : SÃO FRANCISCO DO SUL E SUAS HISTÓRIAS , que resgata não apenas a história de 357 anos da vizinha cidade mas também suas inúmeras lendas e "causos " . Detalhe : Valmir é comerciante , proprietário de uma verdureira no mercado público e Marli é animada e falante gerente de uma tradicional  loja de discos . Na crônica de hoje , HILTON GORRESEN , muito justamente lembra desses "formiguinhas "  que também são heróis em um país em um país que despreza a memória e a cultura . CONFIRA :

"Consta como de autoria do cantor e compositor Paulinho da Viola ( FOTO ABAIXO )



a frase : " Eu não vivo no passado , o passado é que vive me mim " . O ser humano é edificado , como numa construção , por partículas de seu passado , de suas memórias , seus amores , amizades , suas lutas , atividades , sofrimentos . Como uma árvore que não cresce nem se expande em suas raízes .

     Quem não guarda com carinho uma canção , um filme , ( ABAIXO , FOTO DE CENA DO CLÁSSICO FILME CASABLANCA , DE 1942 )



representativos de uma ocasião feliz ? Uma festa , um local , uma viagem , um carnaval , um fugaz relacionamento . Uma antiga amizade .

 Amigos que se perderam no tempo .



Frases que se alojam na mente .



     Os muito jovens , de olhar no futuro , ainda não têm solidificado um passado , um olhar para trás . Tudo é recente . O passado é uma época ideal , quase perfeita . E , quanto mais envelhecemos , mais nele nos refugiamos .



' Fui feliz outrora agora ' , disse o poeta Fernando Pessoa . Quatro palavrinhas que dizem muito , que explicam o quase inexplicável , que o passado que recordamos não é o real , mas aquele recriado em nossa mente .



     Assim como a história antiga ou recente de Joinville , tantas vezes desvendada pelos competentes historiadores egressos da universidade , a história de São Francisco do Sul , carinhosamente conhecida como São Chico , ( ABAIXO )



 é riquíssima . Quem nela se debruçar vai se deparar com nomes como Binot Paulmier de Goneville , Juan Dias de Solís , ( GRAVURA ABAIXO )



Rafael Pardinho , Dom Fernando Trejo , Cabecinha , cruel administrador ligado a história da 'maldição do padre'  , Falanstério do Saí , ( ABAIXO , UMA DAS RUÍNAS DESSA COMUNIDADE FORMADA POR FRANCESES E QUE EXISTIU ENTRE 1842 E 1844 NO HOJE DISTRITO DO SAÍ )



 etc....Mas onde vai ouvir falar do Cine Marajá , ( FOTO ABAIXO )



 do colégio Stella Matutina , do salão Vitória , da loja do Stanislau , do frei Sebaldo , que fazia seus sermões num português 'alemoado '  dos velhos carnavais nos clubes Cruzeiro e 24 de Janeiro , do barco 'Carijó ' , do time de vôlei feminino  do Sete de Setembro , das figuras populares , como a Bernardina-Boi e o Otávio Grilo ? Quando os mais velhos , depositários dessa história  que abrange as décadas de 1940 a 1970 , não mais estiverem aqui , quem irá relembrar a nossos netos e bisnetos essa parte esquecida da história de nossa terra ? ( ABAIXO , FOTO DE SÃO FRANCISCO DO SUL , TIRADA EM 1953 )



    Sinal de que há um interesse ( diria mais  , um prazer ) em resguardar um tempo não contemplado na história oficial da região , é que algumas pessoas criaram no Facebook  grupos como ' Joinville de Ontem ' ( ABAIXO , FOTO DE VALMIR SANTHIAGO , CRIADOR DO GRUPO )



 e ' São Francisco do Sul E Suas Histórias ' . ( ABAIXO , FOTO DE MARLI AVANCINI , CRIADORA DO GRUPO )



São publicações de fotos inéditas ou já conhecidas , informações e comentários valiosos que retiram o véu que cobre a história dos locais , das pessoas , dos fatos . Um acervo precioso , construído por múltiplas mãos . "

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