terça-feira, 17 de setembro de 2013

No escurinho do cinema

Ele marcou época em Joinville,estava no coração da cidade ,foi o local do início de muitos namoros que se transformaram em noivados e de muitas noites e tardes prazerosas na época dos clássicos filmes de Holywood,foi palco da apresentação de artistas consagrados como ELIS REGINA e há exatamente 30 anos teve um triste fim.Esse era o CINE COLÓN.A seguir um ótimo texto escrito pelo jornalista ALEXANDRE PERGER para o jornal NOTÍCIAS DO DIA.CONFIRA: "Naquela noite no dia 14 de novembro de 1983, há 30 anos, o ritual foi o mesmo. Centenas de homens e mulheres se arrumaram, vestiram as melhores roupas, muitos homens de terno e elas, com belos vestidos. O rumo era a rua São Joaquim, número 80, endereço do então Cine Colon, onde hoje funciona o Hotel Colon. O objetivo era acompanhar a sessão da noite, com o filme Fernão Campelo Gaivota, um romance de Richard Bach. Logo depois de a sessão de 14 de novembro de 1983 ter terminado, o fogo consumia o Cine Colon, uma casa de espetáculo inaugurada exatamente 27 anos antes, com 1.300 lugares A sessão terminou por volta das 22h e o público foi saindo normalmente sem saber que era pela última vez. Uma hora depois, perto das 23h, um curto-circuito num disjuntor deu início a um incêndio que destruiria quase por completo a sala de cinema, deixando intactos apenas a escadaria, a sala de projeções, o projetor e a película, que escapou intacta da tragédia que virou uma página do cinema em Joinville. As altas labaredas espalhavam fumaça por toda a rua, encobrindo a praça Lauro Müller, que logo foi tomada por uma multidão de curiosos, pois o incêndio já havia se transformado em acontecimento social. O barulho dos condicionadores de ar explodindo atormentava e ecoava pela cidade. Dizem até que o som chegou na zona Norte. Os bombeiros ainda chegaram para fazer o rescaldo, mas não foi possível salvar nada. Cadeiras, tela, assoalho, quase tudo foi consumido pelo fogo. No Hotel Colon, que ainda funciona quase em anexo onde era o cinema, 37 pessoas estavam hospedadas, mas todas foram retiradas rapidamente e o prédio, que também era atingido pelo incêndio, foi completamente evacuado. Os hóspedes foram acolhidos por em outros hotéis da cidade. Para uma das hóspedes, o trauma foi maior. Na manhã do dia 1 de fevereiro de 1974, ela estava no Edifício Joelma, quando o prédio pegou fogo e 191 pessoas morreram. Segundo relatos, a mulher pegou suas coisas, saiu do Hotel Colon, entrou no carro que estava estacionado próximo e desmaiou. Affonso não estava na cidade no dia do incêndio. Como funcionário dedicado e uma espécie de faz tudo, ele havia renovado o seguro dias antes. Assim mesmo, nunca mais colocou os pés em um cinema A DEDICAÇÃO DO FUNCIONÁRIO FIEL Affonso Kielwagen(FOTO ACIMA) foi um dos principais funcionários do Cine Colon, exercendo várias de confiança. No cumprimento dessas funções, renovou o seguro do prédio antes de viajar a São Paulo, para o batizado do filho. Dias depois, enquanto ele ainda estava fora de Joinville o cinema pegou fogo e quando seu Affonso chegou, o local estava apenas nas cinzas. “Fiquei arrasado, foi traumatizante”, lembra Affonso, que nunca foi a qualquer outra sala de cinema. Hoje, prefere assistir filmes em casa. No antigo cinema, que ajudou a construir, Affonso fazia de tudo, cobrava ingressos e era o responsável por garantir as sessões. As fitas chegavam de trem ou ônibus. Affonso ia buscar nas estações Ferroviária ou Rodoviária e depois enviava de volta para as próximas cidades onde elas seriam exibidas. Os cartazes costumavam chegar antes, para fazer a divulgação dos filmes. “Às vezes dava confusão, porque o pessoal estava na sala e a fita não chegava”, conta o ex-funcionário, que hoje trabalha no Hotel Colon, que pertence à família que construiu o Cine Colon. Os filmes vinham das distribuidoras da Fox, Metro e Universal, que tinham escritório em Curitiba-PR. INSPIRAÇÃO EM CURITIBA O Cine Colon foi construído pelo empresário Nelson Walter, que possuía uma oficina mecânica no mesmo terreno onde hoje é o hotel e havia o cinema. Como também tinha uma retífica em Curitiba, certo dia chegou em Joinville com a ideia de construir um cinema, depois de ver alguns exemplos na capital paranaense. Em Joinville, Nelson apresentou os rascunhos para os funcionários da oficina, entre eles Affonso, perguntando se eles o ajudariam na ideia. “Ele deixou um rascunho para a gente pensar e voltou à Curitiba”, recorda seu Affonso. Todos aceitaram e começaram a se envolver na construção do cinema, erguido com 1.300 lugares, se tornando um dos principais locais para eventos da cidade(ABAIXO FOTO DA ÉPOCA DA CONSTRUÇÃO). O cinema foi inaugurado no dia 14 de novembro de 1956, com o musical estadunidense “Sete Noivas para Sete Irmãos”. A película a ser exibida seria outra: “Música e Lágrimas”. Affonso lembra que decidiram trocar porque a primeira opção era mais dramática. Primeiro, teve uma sessão para convidados e outra, depois, aberta ao público. Ainda teve apresentação da banda do Batalhão do Exército. Nelson foi aplaudido pelo público ao entrar no cinema. “Foi emocionante”, lembra Affonso. Nos anos seguintes, o Cine Colon não recebeu apenas filmes, mas diversas atrações, já que tinha grande capacidade. No local, se apresentaram Elis Regina, Nelson Mota e a Orquestra do Cassino de Sevilla. Além disso, outros espetáculos movimentaram o espaço. ACONTECIMENTO SOCIAL E SAUDADES DO "ESCURINHO DO CINEMA" Nos tempos em que o Cine Colon funcionou, ir ao cinema era um acontecimento social, praticamente um desfile de moda de moças e rapazes, que vestiam as melhores roupas para frequentar o local. Rosi Dedekind, esposa de um dos netos de Nelson, conta que namorou o marido no Cine Colon, assim como muitos outros casais, que aproveitavam o escurinho do cinema. “As pessoas entravam e sentavam na frente para ver as outras chegarem”, conta. Os jovens também tinham curiosidade em ver quais as roupas que o outros estava vestindo, principalmente as moças. Depois das sessões, quase sempre lotadas, o destino do público era a famosa Sorveteria Polar(VER FOTO ABAIXO), ponto de encontro da época. A praça Lauro Müller também ficava cheia as filas circulavam pelo prédio. As sessões do Cine Colon aconteciam de segunda a segunda. Nos finais de semana, eram rodados até sete filmes, com três no sábado e quatro no domingo. Na época, o concorrente era o Cine Palácio, mas era uma concorrência saudável, garante Affonso. “Nós disputávamos para ver quem passava o melhor filme

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