Você sabe o que é um CACÓFATO ? Trata-se de um som desagradável ou palavra obscena , resultando da união das sílabas iniciais de uma palavra com as inicias da seguinte . Pois foi esse esse o motivo que o mal humorado jurado usou para não dar nota máxima , em virtude do verso "Só Sobraram Restos " cujo som seria "Sóçobraram Restos " . O cantor "rodou a baiana ", bateu boca com o jurado e Silvio acabou tendo que botar "panos quentes "......José Fernandes acabou morrendo aos 54 anos , vítima de infecção renal , mas caso vivesse até a década de 90 provavelmente teria morrido de desgosto tamanha a mediocridade que passou a imperar na música brasileira a partir de então ........Trata-se de um reflexo da colossal crise que o Brasil atravessa em todos os setores - cultural , artístico , esportivo , político , econômico , ético , etc.....- e principalmente do colapso da educação brasileira , não só aquela da escola mas também aquela que todos levam de casa . Na crônica de hoje , entre saudoso e triste , HILTON GORRESEN relembra uma época em que o talento prevalecia sobre a mediocridade e em que a frase QUANTO MAIS IDIOTA , MELHOR valia para o humor e não para a música .CONFIRA :
"Não sei se foi o apresentador Flávio Cavalcanti ( ABAIXO ) quem inventou os tais jurados de programa de TV.
Mas certamente foi quem lhes deu visibilidade. Flávio tinha um programa semanal (em preto e branco) denominado ' Um instante, maestro ', com uma turma da pesada: Mister Eco, José Fernandes (ABAIXO - no papel do malvado, que teimava em dar ' nota baixa ' aos candidatos),
Nelson Motta, ainda jovem, ( ABAIXO )
Sérgio Bittencourt, autor da música ' Naquela mesa ', Elke Maravilha , ( SIM , É ELA MESMA , QUANDO TINHA 16 ANOS )
sempre extravagante, maestro Erlon Chaves, Danuza Leão 9 ABAIXO )
e, em certa época, Vera Fischer ( ABAIXO ), antes de se tornar estrela de cinema e TV.
Era um programa de crítica musical e o apresentador, teatralmente, após rodá-los na ' eletrola ', quebrava os discos que considerava ruins.
Num dos programas Flávio lançou uma espécie de concurso para escolher os mais belos versos musicais. Ele não sorria, mas dava de ver a satisfação em seu rosto, por trás dos grossos óculos,
quando se referia a joias como:
' A felicidade morava tão vizinha / que de tolo até pensei que fosse minha ' (Chico Buarque - ABAIXO )
'... a lua, furando nosso zinco, salpicava de estrelas nosso chão ' (Orestes Barbosa - ABAIXO )
Por minha conta, seleciono outras belezas:
' Lua, manda tua luz prateada/despertar a minha amada '
' Eu era feliz e não sabia ' (Ataulfo Alves - ABAIXO )
' Saudade assim faz doer/e amarga que nem jiló ' (Luiz Gonzaga- ABAIXO )
' Tu cantas alegre e o realejo parece que chora com pena de mim ' (Custódio Mesquita - ABAIXO ).
' Tira teu sorriso do caminho/que eu quero passar com a minha dor '.
' E o meu coração embora possa fazer mil viagens/fica batendo parado naquela estação '.
' Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver/ e a primeira estrela que vier...' (Dolores Duran - ABAIXO ).
' E os meus olhos ficam sorrindo/ e pelas ruas vão ter seguindo...'. (Pixinguinha - ABAIXO , versos de João de Barro).
' Eu só vou se for pra ver/uma estrela amanhecer/ na manhã de um novo amor ' (Vinicius de Moraes - ABAIXO , que aqui não podia faltar).
Isso é somente um exemplo das belas letras que existem em nosso cancioneiro. Era uma época em que letra e música se casavam em beleza. Músicas que não fariam feio em nenhuma serenata.
Hoje, parece que algumas músicas são feitas unicamente para dançar; quanto mais idiota a letra, mais estranha a ' coreografia '. Músicas estão perdendo a beleza das letras, substituídas por onomatopeias dançantes: pocotó, pocotó, créu, créu, créu, e outras que, felizmente, não tenho na lembrança. São todas “nuvens passageiras” que, após saturar os ouvintes, vão para a vala do esquecimento. "
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