Ele é um típico caso de polivalência : pode ser aquele amigo companheiro que nos protege das intempéries do clima ; pode ser aquele companheiro de trabalho , indicando a profissão de quem o usa ; pode ser um sinal de distinção , representando uma classe social ; pode ser o símbolo de um determinado ou de algum tipo de manifestação cultural ; pode ser um personagem protagonista do glamouroso mundo da moda , representando charme e elegância .......até mesmo no esporte das multidões - o futebol - ele está presente , dando nome a uma raro tipo de drible no adversário .......enfim , o CHAPÉU ( o nome tem origem no francês CHAPEL , que é um diminutivo de CAPPA , ou seja , " peça para cobrir a cabeça '" ) pode ter inúmeras funções e também é possível que nossos remotos ancestrais já utilizassem vagamente parecido com ele para proteger suas pré- históricas cabeças ; com tempo passou a ser um sinal de distinção masculino : só poderia usá-lo quem fosse chefe de alguma tribo ou clã . As referências mais antigas , porém , datam de cerca de 4.000 anos antes de Cristo , na região da Mesopotâmia , o atual Iraque : na verdade eram pedaços de tecido que serviam para proteger e prender os cabelos e que é uma espécie de avô da bandana . Com o tempo evoluiu para uma espécie de capuz , feito de couro ou tecido e no antigo Egito apenas nobres , militares e sacerdotes poderiam utilizá-lo . O chapéu propriamente dito só surgiu por volta do século 4 antes de Cristo , quando os antigos gregos criaram o PÉGASO , feito de lã , palha ou couro e de abas longas . Era utilizado por fazendeiros e viajantes , foi mais tarde disseminado entre os romanos ( os escravos romanos não poderiam usá-lo ) e utilizado até o período da Idade Média ( havia uma versão , sem abas , chamada PÍLEO ) . Também na Idade Média as mulheres foram proibidas , pela Igreja , de mostrar seus cabelos : o jeito era utilizar um tecido de linho que ia até debaixo dos ombros , algo parecido com os atuais véus de noiva . Coma ascenção do movimento hippie , nas décadas de 60 e 70 , ter cabelos longos e soltos era sinal de rebeldia e liberdade e usar chapéu passou a ser sinônimo de ser ultrapassado e careta Nestes cerca de 6.000 anos existiram ou existem 57 tipos de chapéu ou de acessórios para se utilizar na cabeça . Cafona ou não , o chapéu também pode servir de mote para mais uma das divertidas histórias de HILTON GORRESEN , que hoje nos conta uma história ao mesmo tempo divertida , filosófica e trágica . CONFIRA :
"Quando ele ia saindo, a mulher o interpelou:
– Não me diga que você vai sair pra rua com este chapéu ridículo!
A mulher era daquelas que se incomodava com o que os outros iriam
dizer, e falou: o que os outros não vão dizer?
–Tô me lixando para os outros. Quem sabe da minha vida sou eu.
E continuou despejando tudo aquilo que se fala sobre a independência de
comportamento. No fundo, ele sabia que era um frustrado. Tinha um
empreguinho em pequena empresa e vivia sendo humilhado pelo chefe,
com
perspectiva de ser despedido; estava inadimplente no banco,
a saúde não
andava lá essas coisas... Sua teimosia, muitas vezes ridícula, era uma espécie
de protesto. Não podia mudar a realidade que o cercava, mas podia mostrar
que não se curvava à opinião alheia.
Quando saiu à rua, caminhando, uma criança, no outro lado, puxou pelo
vestido da mãe e falou:
– Mãe, olha lá um homem com o chapéu gozado!
Esperava que criticassem sua teimosia, para ter o prazer de não abrir
mão dela; quanto mais o condenavam, mais implicante se tornava.
Fazia questão que os outros o olhassem
e comentassem, chegava a
babar de uma falsa satisfação. Essa revolta surda, particular, era tudo o que
possuía. Jogava suas frustrações para baixo do tapete, incapaz de enfrentá-
las, remando contra a maré da 'normalidade', assim como alguns funcionários
compensam sua mediocridade complicando a vida dos usuários.( ABAIXO , ATENDENTES DE TELEMARKETING )
Se era normal ser um fanático por clubes esportivos
ou por partidos
políticos
– em que o chefe era como um rei, tudo o que falava transformava-se
em verdade inconteste – então ele estava fora. Não era também como esses
bobocas que ficam transtornados diante de um artista
ou de um jogador
famoso, gritando e tendo chiliques. Moda, para ele, era uma besteira
transitória; depois de algum tempo tudo que fora moda tornava-se ridículo,
como os espartilhos femininos ou, mais recente, a calça boca de sino.
Como se
vê, um ' sem noção '.
Dois adolescentes passaram de bicicleta
e deram gargalhadas,
apontando para ele. Mandou-os para aquele lugar.
O que faria se todos o
ignorassem? Sua revolta íntima seria um desperdício.
Assim caminhava, mostrando ao mundo sua independência, sua aversão
a modas e costumes. Alguns diriam que era um maníaco.
Nesse dia, quem passasse por determinada rua da cidade teria ouvido um
estrondo repentino num cruzamento, gente correndo, vidros espalhados pelo
chão. E se perguntasse a alguém sobre o acontecido, teria ouvido como
resposta:
– Atropelarem um homem com um chapéu ridículo. "
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