E mais : os meses de janeiro e fevereiro passaram a abrir o ano e não mais a encerrá-lo . Aquele ano de 46 antes de Cristo , ao contrário dos outros , teve 446 dias para que o novo calendário passasse a vigorar a partir dali e ficou conhecido como O ANO DA CONFUSÃO . Em 44 antes de Cristo , num típico caso de puxa saquismo a um político , algo já existente naquele remoto tempo e tão comum aqui em terras tupiniquins , o mês QUINTIL passou a ter o nome de JULHO , em homenagem ao recém assassinado Júlio César . Finalmente , no ano 8 , houve mais uma mudança e mais um caso de puxa saquismo : o senado romano , em homenagem ao então todo poderoso imperador CÉSAR AUGUSTO ( 63 a. C - 14 ) - sucessor e sobrinho-neto de Júlio César - , alterou o nome do mês SEXTIL ( também conhecido como SEXTILIS ) para AGOSTO........Surgia assim o mês conhecido popularmente como "do desgosto " ou do "cachorro louco " . No ano passado o jornalista e contador de "causos " ROBERTO SZABUNIA deu um verdadeiro show de informação , apresentando vários fatos e datas comemorativas acontecidos no mês de agosto e na crônica de hoje volta a lembrar do mês em curso . CONFIRA :
"E aí vem o mês 8.
Pois é, direis, ainda ontem brindávamos o Ano Novo... E já vemos o nariz de agosto apontando ali na curva, anunciando o finzinho do inverno, o segundo semestre apertando o calo de estudantes e gestores financeiros .
Mês do desgosto ? Que nada ! Recorde, leitor, uma crônica que escrevi no ano passado, citando uma porção de efemérides bem dignas de comemoração neste mês vindouro. Não vou repeti-las, pois reservei o espaço hoje pra poesia, reproduzindo trechos de poemas e de canções que evocam agosto.
Começo por Bilac ( ABAIXO )
e seu longo poema dos meses, pra ser declamado por crianças, em roda. Cante comigo: ' Passem os meses desfilando ! / Venha cada um por sua vez ! / Dancemos todos, escutando /
O que nos conta cada mês !
Agosto: Com as chuvas derradeiras, /
Molham-se as verdes palmeiras / E os canteiros do jardim. / Fugiu Agosto ! Pede entrada / Um novo mês que nos vai dar / A Primavera perfumada ! /
É o nono mês que vai entrar! '. O grande poeta parnasiano trata agosto – como, aliás, muita gente – igual a uma sexta-feira, antecipando o sábado, esse sim ' o bicho '.
Já em ' Ventos de Agosto ' , um blogueiro autointitulado Anjo Guardião Branco
escreve: ' Crepitantes ventos, estes de Agosto, / nem Inverno, nem Primavera, / apenas um gostoso cheiro de Outono, / salpicado pelo calor do Verão.'
Cecília Meireles ( ABAIXO )
não resistiu à tentação de rimar agosto com desgosto: ' Sopra, vento, sopra, vento, / ai, vento do mês de agosto, / passa por sobre meu rosto /
e sobre o meu pensamento. /
Vai levando meu desgosto! '.
A música também homenageia o oitavo mês, ainda que sem a mesma intensidade de outros (setembro é o campeão; claro, trazendo a primavera, aí é covardia, né?).
Se você, leitor e leitora, estiver perto do computador
ou do smartphone, aproveite e ilustre a leitura ouvindo as canções. Achei duas dignas de nota.
Zeca Baleiro ( ABAIXO )
e Raimundo Fagner ( ABAIXO )
compuseram ' Balada de Agosto ' (no Youtube tem um trecho de um show dos dois). Poesia: ' Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto / Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado /
Tanto orgulho que não meço / O remorso das palavras que não digo '.
A segunda é quase um hino da roça, ' Terra Tombada ', de/com Chitãozinho e Xororó.( ABAIXO )
Nos vídeos garimpados na internet a maioria é do tempo em que eles usavam o cabelão à moda... Moda... Ora, à moda ' chitão e xororó '. É uma música bem caipira, traçando paralelos entre o trato da terra e as coisas do coração (repare na pronúncia do Durval/Xororó, esticando os erres; e releve o tal ' losângulos ').
' É calor de mês de agosto, é meados de estação / Vejo sobras de queimadas e fumaça no espigão / Lavrador tombando terra,
dá de longe a impressão / De losangos cor de sangue desenhados pelo chão / Terra tombada é promessa, de um futuro que se espelha / No quarto verde dos campos,
a grande cama vermelha / Onde o parto das sementes faz brotar de suas covas / O fruto da natureza cheirando a criança nova. / Terra tombada, solo sagrado chão quente / Esperando que a semente venha lhe cobrir de flor /
Também minh'alma ansiosa espera confiante / Que em meu peito você plante a semente do amor.' "
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