quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Entrevista : BANDA NAPKIN

Um reino distante , isolado e  fabuloso onde a fartura de um certo e cobiçadíssimo metal  era tão grande que até seu rei se banhava em um lago repleto de OURO  : isso era o que diziam várias nações indígenas da América do Sul a respeito de um lendário país ,  ELDORADO.......Um punhado de espanhóis - 200 para ser exato , e liderados por FRANCISCO DE ORELLANA e GONZALO PIZARRO - , acompanhados por 2.000 índios e munidos de armas , 2.000 porcos ,  1.000 cães e 200 cavalos , resolveu "pagar para ver " : em 21 de fevereiro de 1541 partiram da cidade de Quito , futura capital do Equador , rumo a uma longa e trágica epopeia , digna de uma mega produção hollywoodiana e a qual quase todos eles pagariam com suas próprias vidas .....Liderada por Orellana ( Pizarro acabou retornando para buscar víveres e reforços ) , a expedição - após percorrer os rios COCA e NAPO - entrou , em 11 de fevereiro do ano seguinte , em um gigantesco rio que mais parecia um mar e após navegar por inacreditáveis 7.250 quilômetros e ao longo de exatos 1 ano , 6 meses e 5 dias , finalmente atingiram a foz desse misterioso e quase interminável , a 26 de agosto de 1542 . Glórias ? Nenhuma ! Como se não bastasse não encontrarem  quaisquer indícios do tal Eldorado , perderam tudo o que tinham e ao final da expedição se reduzirem a apenas 49 sobreviventes , em meio a essa trágica epopeia esses homens de fim inglório ainda tiveram de enfrentar um grupo de corajosas e destemidas MULHERES ( seriam 12 , das quais sete foram mortas ) . Um dos sobreviventes , o FREI GASPAR DE CARVAJAL , as descreveu assim : " Eram mulheres muito alvas e altas , com cabelo longo , entrançado e enrolado na cabeça . São muito robustas e andam nuas em pelo , tapadas as suas vergonhas com os arcos e as flechas nas mãos , fazendo tanto guerra quanto dez índios homens e , em verdade houve uma que enterrou uma flecha a um palmo de profundidade no bergantim , e as outras pouco menos , de modo que , finda a luta , nossos barcos pareciam porcos-espinhos "......O religioso em questão não teve dúvidas : chamou aquele grupo de guerreiras de AMAZONAS , nome que batizaria o tal rio gigantesco e misterioso e o maior de todos os Estados brasileiros  . Seria esse fato a mais pura verdade ou fruto de um delírio ? Tudo a ler a crer que aquela inglória expedição não enfrentou o tal grupo de mulheres mas sim um grupo de cabeludos guerreiros da nação indígena YAGUA ......Mas afinal , o que teria levado aquele frei ,  e consequentemente os conquistadores espanhóis , a cometer tamanho engano ? A origem está na fantástica MITOLOGIA GREGA : acreditavam e diziam os antigos gregos que esse povo de mulheres guerreiras vivia em uma região conhecida como CAPADÓCIA ( equivalente a atual Turquia ) , mais precisamente ás margens do rio Termodonte . 

      Embora arredias ( entregavam os filhos homens para os seus respectivos pais ) , comerciavam com homens de regiões vizinhas e para melhor fazerem uso do arco e da flecha queimavam o seio direito , tornando-o insensível ( o nome AMAZONAS vem AMAZOS , que significa " sem seio " ) . Acreditava-se também que , além de terem feito grandes conquistas , fundaram as cidades de Éfeso , Esmirna , Pafos , Cime e Mirina e que as principais amazonas eram PENTESILÉIA ,ANTÍOPE , HIPÓLITA , ESFIONA e MENALIPA .......Elas não fazem uso de cavalos , armaduras , espadas , lanças , armas e nem combatem inimigos - muito pelo contrário , sua missão é levar alegria - mas não deixam de também serem GUERREIRAS . Veja o que uma delas - NATANA - disse certa vez em uma entrevista : " Ainda rola muito preconceito , tem muita gente que olha de maneira diferente para nós ".......E é com muito talento , criatividade , paixão , vibração e intensidade - como manda a cartilha do velho e bom rock´n roll - que as jovens musicistas NATANA LAVARENGA e KIMBERLY NEVES enfrentam e derrubam velhos , tacanhos e medievais preconceitos e vão em frente ......Em 2013 a dupla de já velhas amigas juntou forças e entusiasmo para formar a banda NAPKIN , uma junção de suas iniciais mas que coincidentemente significa " GUARDANAPO " , em inglês ( KKKK!!!! ) . Se Natana - que também é guitarrista - faz o estilo roqueiro-despojado , Kimberly é um misto de coias distintas : o erudito com o popular ( ela toca piano , teclado , sintetizadores , teve 11 anos de estudos de piano clássico e é membro de uma família com séculos de carreira circense ) e o metódico com o criativo-instintivo . E dessa mistura de estilos  tão distintos só podia sair coisa boa : um som que mescla o rock , indie rock , o rock alternativo , a música eletrônica , uma levada dançante e um pouco de música erudita aliado a letra inteligentes , reflexivas e auto biográficas . E não é que as meninas joinvilenses são ambiciosas ! Elas - que também fazem parte da banda joinvilense SOMECENTS - compõem e gravam em inglês e em apenas 3 anos de existência já gravaram 2 discos ( "SOMEDAY , MAYBE " , de 2014 , e " EP ? OK ! " , lançado no início deste ano ) , conquistaram um prêmio em virtude de um de seus videoclipes , apresentaram-se em várias regiões do Brasil e até chegaram a concorrer em um prestigiado festival de música canadense de renome mundial ! Em uma época tão medíocre da música brasileira chega a ser confortante saber que existem bandas como a NAPKIN e um tremendo orgulho saber que é uma banda de Joinville ! E é também com muito orgulho que o blog ALAMEDA CULTURAL encerra o mês de agosto entrevista essas jovens e talentosas musicistas ( ABAIXO )  , que irão lhes rever seus sonhos , projetos e desejos ......CONFIRA :



1 - COMO VOCÊS SE CONHECERAM ? EM QUE MOMENTO SENTIRAM QUE A PARCERIA " DARIA LIGA " ? QUAL FOI A SENSAÇÃO QUE TIVERAM NA PRIMEIRA VEZ QUE SUBIRAM AO PALCO ? 

NAPKIN - Nós nos conhecemos através de amigas em comum, na verdade em uma festa na casa de uma delas. Na primeira vez que tocamos juntas ( ABAIXO ) , 

foi numa banda só de amigas nossas, uma viu o potencial da outra, e acredito que a partir dali nós nos aproximamos, começamos a tocar juntas e iniciamos as ideias pro que viria ser a Napkin. ( ABAIXO ) 

Bom, antes de subir ao palco como Napkin, já havíamos tocado em outras bandas e projetos. Mas na estreia da Napkin deu um nervoso muito grande ( ABAIXO , NATANA SOLTANDO O "GOGÓ " ) , e ao mesmo tempo foi uma sensação muito boa. Porque  pela primeira vez estávamos subindo ao palco para mostrar nosso trabalho 100% autoral.


2 - COMO É O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE VOCÊS ? QUAIS SÃO SUAS INFLUÊNCIAS ? COMO VOCÊS DEFINEM A PALAVRA "MÚSICA " ? 

NAPKIN - Normalmente as musicas surgem a partir de um riff que vem na cabeça, ou uma melodia de voz, ou uma linha no piano ( ABAIXO , KIMBERLY EM AÇÃO ) . Tendo esse pontapé inicial, começamos a trabalhar no restante da musica. Sabemos que muitos artistas fazem diferente, mas nós normalmente deixamos a letra por ultimo. 

Na verdade não temos uma 'formula' para compor, tudo vai fluindo naturalmente. O que importa mesmo é o resultado final. Gostamos de assumir que pra cada musica nos inspiramos em influencias especificas. Mas de um modo geral, nossas principais influencias são Keane, Two Door Cinema Club, The Black Keys, Foo Fighters ( ABAIXO ) , Muse...



3 - COMO VOCÊS AVALIAM A TRAJETÓRIA DA NAPKIN ATÉ AQUI ? QUAL FOI A GRANDE REALIZAÇÃO E QUAL É O GRANDE SONHO DE VOCÊS ?

NAPKIN - Nós nos sentimos muito orgulhosas da nossa trajetória. Acho que pra uma banda ( ABAIXO ) que está na ativa oficialmente há  apenas 2 anos, tudo o que conquistamos até hoje é muito motivador. 

Já fomos nominadas a um premio na Toronto Independent Music Awards, do Canadá ( ABAIXO , A CIDADE DE TORONTO )


Fomos convidadas a tocar em duas conferencias nos Estados Unidos , uma em Harrisburg ( Estado da Pensilvânia - ABAIXO ) e outra em Cape May ( Estado de Nova Jersey ) . Ganhamos premio de melhor videoclipe e também de melhor EP pela The Academia Music Award. 

Fizemos uma turne por diversas cidades do Brasil. Chegamos a final do concurso EDP Live Bands com outras 8 bandas (foram mais de 1300 bandas inscritas), e o mais recente, vencemos a seletiva do Festival Rock`n`Beer ( ABAIXO ) . Foram mais de 100 bandas inscritas do estado inteiro.

Nós lutamos muito para conseguir tudo isso e colhemos bons frutos de tudo isso. Vamos continuar lutando para alcançar cada vez mais longe. Nosso sonho é poder viver de nossa musica e viajar muito com nossos shows ( ABAIXO ) . 


4 - COMO VOCÊS AVALIAM O CENÁRIO CULTURAL DE JOINVILLE , MAIS ESPECIFICAMENTE O CENÁRIO MUSICAL ? SE POR ACASO ALGUMA 
DE VOCÊS FOSSE NOMEADA SECRETÁRIO DA CULTURA DE JOINVILLE , QUE MEDIDAS TOMARIA ? 

NAPKIN - A cidade tem sido bem representada cada vez mais. É grande a quantidade de bandas, novas ou velhas, que estão lançando seus trabalhos, realizando shows, chamando a atenção da mídia até de fora do estado. Isso é muito importante. Graças a isso, Joinville tem aparecido cada vez mais no mapa de bandas do pais. ( ABAIXO , A BANDA JOINVILENSE SULTANA , UMA DAS BANDAS LOCAIS MAIS ANTIGAS EM ATIVIDADE ) 

Infelizmente, ainda vejo pouca união entre as bandas. Acho que o pessoal esquece que enquanto mais unidos mais forte seria a acensão das bandas e as vezes acabam vendo outras bandas como "concorrentes " , o que é totalmente inútil. Eu acho que tem publico pra todo mundo, tem demanda, tem espaço ( ABAIXO , MÔNICA POSSEL , VOCALISTA DA BANDA JOINVILENSE HAMEN , QUE FAZ UMA INTERESSANTE MISTURA DE MÚSICA ERUDITA E ROCK ) . É só agir da maneira correta. 

Sinceramente, não sei que medidas deveriam ser tomadas para melhorar o cenário, mas acho que o fundamental é a formação de um publico mais ativo e mais próximo. Uma banda sem publico não é nada.( ABAIXO , NATANA E KIMBERLY ) 


5 - POR ÚLTIMO , QUE MENSAGEM GOSTARIAM DE DEIXAR AOS LEITORES DO "ALAMEDA CULTURAL " ? 

NAPKIN - Gostaria de agradecer a todos os leitores do ALAMEDA CULTURAL, como disse anteriormente, uma banda sem publico não é nada, assim como um blog sem leitores( risos ) . O pessoal que consome a cultura feita na cidade é quem movimenta de verdade a cena. Não deixem de comparecer nos shows, apresentações, amostras de teatro, dança, musica...( ABAIXO , ARTISTAS QUE PARTICIPARAM - EM DEZEMBRO DE 2014 - DO MANIFESTO "ESTADO DE GREVE " , QUE EXIGIA UMA MAIOR ATENÇÃO AO SETOR CULTURAL EM JOINVILLE ) 
 

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