terça-feira, 9 de agosto de 2016

Pensar No Próximo

Depois de algum tempo fizemos o nosso velho e imprescindível amigo DICIONÁRIO AURÉLIO trabalhar e a sua resposta para a nossa pergunta - " O QUE É SOLIDARIEDADE ? " - foi a seguinte : " Laço ou vínculo recíproco de pessoas ou coisas independentes . 2- Apoio a causa , princípio , etc... de outrem . 3 - Sentido moral que vincula o indivíduo à vida , aos interesses dum grupo social , duma nação ou da humanidade ".....Indo mais além e descobrindo a origem dessa palavra fizemos uma viagem no tempo fomos parar na França do remoto século 18 , mais precisamente de 1765 : foi nesse ano que pela primeira vez aparecerem registros dessa palavra e seu significado original era " RESPONSABILIDADE MÚTUA " ( basta relembrar aqueles aulas de história do mundo , que provavelmente você não devia gostar : SOLIDARIEDADE foi uma das palavras de ordem dos envolvidos naquele levante ocorrido em 14 de julho de 1789 e que acabou influenciando  vários outros movimentos revolucionários pelo mundo , inclusive as independências das nações latino-americanas na primeira metade do século 19 ) . 

     Porém , indo mais longe e procurando a origem mais remota dessa palavra fomos parar na Roma do tempo dos césares : como a maior parte dos vocábulos existentes nas línguas de origem latina , Solidariedade teve uma remota origem no termo SOLIDUS , que significava " Firme , inteiro , inteiro " , ou seja , um significado completamente diferente daquele que expusemos logo no início deste texto ou do termo francês Solidarité ......Mas , afinal o que faz uma pessoa vir a ter um sentimento tão raro e nobre , sendo capaz até mesmo de renunciar a uma vida de confortos e sem maiores problemas para se dedicar quase que única e exclusivamente a pessoas que nem sequer têm em mente a possibilidade de sonhar e de ter uma vida no mínimo digna ? Talvez a resposta para esta pergunta esteja na crônica de hoje , de autoria do jornalista e eterno contador de histórias ROBERTO SZABUNIA : interessante e de linguagem informal - como todas as  outras crônicas do Forrest Gump de Joinville  - nela Szabunia rememora uma prazerosa experiência que teve recentemente e , principalmente , descreve o nobre trabalho desenvolvido já há algum tempo por um heroínas joinvilenses . Ou seria um batalhão de super mulheres ? ......CONFIRA : 

"'Os sentimentos verdadeiros se manifestam mais por atos que por palavras.' A

frase do dramaturgo inglês William Shakespeare ( ABAIXO )

define bem o trabalho de um

dos mais dedicados e sinceros grupos voltados à ação comunitária, o

joinvilense Mutirão do Amor. ( ABAIXO )

 Ali, os atos de tricotar, costurar, bordar e montar

kits de enxovais para bebês são a verdadeira demonstração dos melhores

sentimentos de um grupo de mulheres.


Há dois dias, tomando um café com dona Mery, dona Arlete e uma parte das

sessenta voluntárias, pude sentir na alma esse amor que se irradia dos

corações das voluntárias. A palavra ' mutirão ' é a que melhor poderia definir a

labuta das associadas, transformando lã e outros tecidos em belos

casaquinhos, mantas, sapatinhos e demais peças do vestuário do recém-

nascido.


Ainda vou contar essa história em detalhes, mas adianto um resumo. A história

começa lá em 1983, logo após aquela primeira grande enchente que deixou

muitas cidades catarinenses sob a água. ( ABAIXO , PREFEITURA DE BLUMENAU TOMADA PELA ÁGUA )

Mery e Arlete encabeçaram um

esforço pela coleta de donativos, depois encaminhados aos atingidos pela

cheia nas cidades da região. ( ABAIXO , RUA XV DE NOVEMBRO , EM BLUMENAU )


Passado o drama da enchente, o mutirão em prol dos desalojados e

desabrigados deixou uma boa semente plantada em solo fértil. Aquele grupo

de mulheres decidiu dar um novo sentido aos seus 'krentze' ( NOTA DO BLOG : encontros de mulheres típicos das regiões de colonização alemã ) , temperando o

café com solidariedade, e surgiu o Mutirão do Amor.


Da sala de estar, depois a garagem da família Paul, a entidade foi se mudando

para espaços maiores, até chegar à casa própria, numa tranquila rua

residencial do Saguaçú ( ABAIXO ) . Quando estive lá, terça à tarde, coincidiu de chegar

um funcionário de um Centro de Referência em Assistência Social, o CRAS,

para pegar sua parcela de kits.

As roupas, confeccionadas com qualidade e

esmero, hoje devem estar à espera de novos joinvilenses de famílias

necessitadas – talvez algum bebê até já esteja usando, pois devem ter nascido

muitos de terça até hoje.


Isso é importante: as voluntárias se aplicam muito no que fazem, produzindo

peças que fariam bonito em qualquer butique especializada. E sem ganhar

nada além da satisfação de estar trabalhando pelo bem da comunidade.

Pelo

contrário, elas até pagam uma mensalidade para manter a casa. O maior

pagamento, pra elas, é a alma lavada, a manifestação dos sentimentos pelos

atos, como escreveu Shakespeare. ( ABAIXO )


Também saí da casa com o coração mais leve pelos momentos agradáveis lá

passados.

Ah, sim, e com o estômago mais pesado, após umas fatias de bolo e

uma xícara de café com leite.

Mas, como nem só de atos se manifestam os

sentimentos, as palavras transbordam o tempo todo. Afinal, trinta e poucas

mulheres no mesmo ambiente não é a receita para o silêncio. Os encontros,

enfim, também são uma oportunidade de socialização, de troca de ideias, de

planos e planejamento. Assim é um mutirão. "

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