sexta-feira, 29 de maio de 2015

Entrevista : BETH FONTES

Em 1824 , definitivamente , aqueles dias de luxo , riqueza , ostentação , prosperidade e fartura gerados pela exploração do ouro e de diamantes eram coisa do passado em Minas Gerais .......Um número cada vez maior de famílias deixava as outrora prósperas cidades de Vila Rica ( hoje , Ouro Preto ) , Diamantina , São João Del Rey , Sabará e tantos que enriqueceram  graças à mineração e iam rumo ao desconhecido , literalmente : boa parte do imenso território de Minas Gerais ainda não havia sido povoado . Como uma nova CANAÃ - a terra bíblica prometida aos judeus e que simbolizava o início de uma era de prosperidade - encravada na ZONA DA MATA mineira , ao sul da então província , aquele povoado cujo povoamento teve início por volta de 1824 a partir de uma pousada para tropeiros e próxima a uma rústica capela dedicada à São Sebastião , enriquecia rapidamente graças a um novo tipo de ouro , só que verde e comestível :o cultivo de CAFÉ . Emancipada da então vila de MAR DE ESPANHA  em 20 de janeiro de 1855 e tendo o estranho e ao mesmo tempo cômico nome de SÃO SEBASTIÃO DO FEIJÃO CRU ( nome do ribeirão em cujas proximidades surgiu o povoado ), recebeu o aristocrático e ao mesmo tempo singelo nome de LEOPOLDINA , filha do então imperador DOM PEDRO II . Em 1861 , quando apenas uma mínima parte da população brasileira sabia ler e escrever , ali já existiam aulas de latim e francês . E o progresso foi mesmo rápido : em 1877 a cidade foi ligada a então capital do Brasil , o Rio de Janeiro , através da estrada de ferro Leopoldina e pouco depois , em 1879 , ganhou o seu próprio jornal e que levava o nome de LEOPOLDINENSE . Em abril de 1881 o apogeu ; o imperador Dom Pedro II visita a cidade ! Mesmo coma proclamação da república o progresso continuou intenso e nos primeiros anos do século 20 a cidade ganhou luz elétrica , um ginásio , escola de Agricultura , Odontologia e Farmácia e chegou a até a sediar um banco : RIBEIRO JUNQUEIRA . Como alguém que acorda de repente de um belo sonho , a duríssima realidade : a grave crise econômica mundial de 1929 acabou prejudicando a produção de café a acidade acabou entrando em declínio . Atualmente , tem no cultivo do arroz e na produção leiteira as suas maiores fontes de renda . Mas Leopoldina ( ABAIXO ) não produz apenas leite e arroz : lá também se produz , e se exporta , TALENTO E ARTE .

        Ela se apaixonou em tenra idade , com apenas 5 anos , e não foi por um menino que morava na mesma rua ou um priminho e sim por uma paixão universal : A MÚSICA . Estimulada pela mãe ,iniciou os estudos musicais ainda bastante cedo , no conservatório musical da cidade , e mais tarde deu continuidade a eles no Rio de Janeiro . Quase que ao mesmo tempo descobriu uma outra paixão : a nobre arte de educar , tornando-se professora ; mais tarde juntou as duas paixões  e tornou arte-educadora . A terceira paixão : a LITERATURA , só surgiu na adolescência , escrevendo poemas , mas só se tornou algo concreto em 2011 , ocasião em que vivia na capital colombiana , Bogotá  e em que teve publicado o seu primeiro livro : GUIA PRÁTICO DE BOGOTÁ . Fazendo valer aquele velho ditado de que a UNIÃO FAZ A FORÇA , em 2013 iniciou uma parceria com velha amiga : a ilustradora MARIA LÚCIA RODRIGUES ( ABAIXO ) 

 e desde então tiveram dois livros : A HISTÓRIA DE UMA AQUARELA e SOBRE OS JARDINS , sendo que nesse exaltam valores que hoje estão tornando-se cada vez mais raros : a PACIÊNCIA , coisa aliás tão típica dos mineiros , e a PERSEVERANÇA ......Integrante da ASSOCIAÇÃO CONFRARIA DAS LETRAS e da CONFRARIA DOS ESCRITORES DE JOINVILLE e desde o ano passado , tímida e discreta - como manda a velha e boa moda mineira - Elizabeth Mendonça Fontes , ou simplesmente BETH FONTES ( FOTO ABAIXO ) , foi um dos escritores que mais tiveram livros vendidos na última FEIRA DO LIVRO DE JOINVILLE, realizada entre os ´dias 10 e 19 de abril deste ano . Beth também é arte-terapeuta e faz parte pate do CLUBE DA LULUZINHA , no bom sentido : um grupo de flauta doce composto apenas por mulheres . Quis o destino que essa mineira de Leopoldina escolhesse uma cidade que leva o nome do tio da madrinha de sua cidade natal para se radicar , em 1999 . Beth demonstra nesta entrevista toda a sua paixão por Joinville , ou em bom "mineirês": ETA CONVERSA BOA , SÔ ! CONFIRA :

  1. QUANDO VOCÊ DESCOBRIU TER VOCAÇÃO ARTÍSTICA ? QUAL É A SENSAÇÃO QUE VOCÊ TEM AO FAZER MÚSICA OU ESCREVER ?
BETH - Minha mãe percebeu que eu tinha sensibilidade para a música quando eu era ainda bem pequena, com uns 5-6 anos de idade. Eu gostava muito de cantar e ficava tocando músicas “de ouvido” num pianinho de brinquedo que tinha apenas 10 teclas. Ninguém havia me ensinado, eu aprendera sozinha, experimentando, buscando as melodias das músicas que eu gostava e que cabiam naquela extensão tão pequena do pianinho. Tudo isso sem saber o nome de uma única nota... Enfim, depois de alguns anos “brincando” de música, e gostando tanto disso, aos 10 anos fui matriculada no Curso de Piano do Conservatório de Musica da minha cidade ( ABAIXO )

e só então comecei a estudar por partituras. Daí em diante, a alegria e a vontade de fazer música foram continuamente crescendo dentro de mim.  Tanto que depois de formada nos cursos técnicos em vários instrumentos, resolvi também fazer o curso superior em música e transformar meus estudos em carreira e profissão. ( ABAIXO , CONSERVATÓRIO NACIONAL DE MÚSICA , NO RIO DE JANEIRO , ONDE ESTUDOU )

Já o encontro com a literatura aconteceu por volta dos 17 anos. Eu já era professora de música para crianças nesta época e comecei a compor músicas para minhas aulas. Então o que era poema sempre ganhava uma melodia. E assim, música e literatura começaram a caminhar juntas em minha vida. Com o passar do tempo, escrever tornou-se um hábito. Escrevi muita coisa durante quase 30 anos , em sua grande maioria, poesia.

As primeiras publicações  literárias só aconteceram em 2012 e 2013, em Bogotá ( ABAIXO ), na Colômbia,

com dois livros. O “Guia Prático de Bogotá”, escrito com outros autores. E o “Historia de uma Aquarela”, primeiro livro autoral, com ilustrações da Maria Lucia Rodrigues.
Sobre a sensação de fazer música e de escrever, acho que são muito parecidas: sinto uma grande alegria, uma grande satisfação. Tocar é maravilhoso, escrever também. São duas formas de expressão com as quais me identifico muito e sem as quais não consigo viver.  Já se tornaram parte de mim e são como caminhos para expressar meus sentimentos, mostrar meu pensamento, meu coração e minha alma. Esse é meu jeito para comunicar-me artisticamente com as pessoas e com o mundo ao meu redor. É onde posso exercitar minha capacidade de criação, minha forma de ler e reler o mundo e a mim mesma.

  1. DE TODOS ESSES TRABALHOS ARTÍSTICOS , QUAL FOI O QUE MAIS LHE DEU PRAZER DE FAZER ? TENS ALGUM PROJETO ARTÍSTICO EM MENTE ?
BETH - Realizei muitos trabalhos que me deram imensa alegria. Desde concertos e apresentações musicais até projetos em arte educação, arte terapia e literatura, nos diversos lugares onde morei e trabalhei.
Mas vou citar alguns que foram “divisores de água” e que proporcionaram grande crescimento e amadurecimento artístico aqui em Joinville. Na música, foi o lançamento do primeiro CD intitulado “Sonoridades Doces para Sensibilidades Tranquilas” com o Compassolivre Conjunto de Flautas Doces de Joinville, projeto  este que possibilitou uma intensa tournée de espetáculos por toda a região catarinense, em 2005.
Na literatura, considero de grande importância o último livro publicado, “Sobre os Jardins”, com ilustrações de Maria Lucia Rodrigues, aprovado pelo Edital do SIMDEC de 2013 e lançado em Agosto de 2014. A aceitação do livro pelos leitores e pela crítica literária têm sido extremamente positiva e acolhedora.  “Sobre os Jardins” foi um dos 10 livros indicados como referencia de leitura na 12ª Feira do Livro de Joinville deste ano, ( ABAIXO , BETH COMA SUA AMIGA MARIA LÚCIA RODRIGUES NA ÚLTIMA FEIRA DO LIVRO , TENDO UMA FÃ AO CENTRO )

classificação que nos torna enormemente honradas e agradecidas.
Projetos para este ano tenho alguns: Publicar um livro infantil cuja historia já está sendo ilustrada. E também um livro de poesias para crianças. Na música, está em projeto a gravação do segundo CD com o Compassolivre Conjunto de Flautas Doces.( ABAIXO )


3 - QUAIS FORAM AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES QUE TEVE DE JOINVILLE ? QUE SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS VOCÊ VÊ ENTRE JOINVILLE E MINAS GERAIS ?
BETH - Joinville me recebeu com muito carinho e por isso, desde o principio sempre me senti em casa. Quando vim pra cá em 2009, fui inteiramente acolhida pelas pessoas e pela cidade de natureza exuberante, com boa qualidade de vida, seus jardins e Mata Atlântica.

 Lembro que fiquei muito surpresa com tudo, principalmente com a valorização da cultura. Lembro ainda do meu encantamento quando ia comprar pães na padaria e estes vinham em embalagens de papel impresso com poemas de autores daqui. Achei muito poético. Encantei-me também com as flores, os Museus e pontos turísticos muito preservados naquela época. Depois tive a alegria de ver nascer o Ballet Bolshoi do Brasil nesta cidade.
Tudo era muito diferente de Minas, a geografia, a gastronomia, a arquitetura, os costumes de influencia alemã e europeia, o sotaque das pessoas, a natureza típica do clima frio. Mas estas mudanças me trouxeram muita alegria e eu até hoje amo esta cidade e me sinto muito feliz aqui, na “Terra do Fritz”.
4- UMA PERGUNTA QUE TEMOS FEITO AOS NOSSOS ENTREVISTADOS E QUE ATÉ SE TORNA INEVITÁVEL : COMO VOCÊ A CULTURA DE JOINVILLE ? EM SUA OPINIÃO , O QUE FALTA ?
BETH - Joinville é uma cidade que tem o privilégio de ter uma Fundação Cultural e acho que essa é a grande mola propulsora de todo esse avanço cultural que a cidade oferece. Acho esta iniciativa excelente, de ter uma secretaria especialmente voltada para cuidar de cultura. Por isso é que temos projetos de tanta visibilidade para a cidade como a Feira do Livro, o Festival de Dança, o Festival de Jazz,  os Projetos do SIMDEC  que contemplam diversas áreas de expressão artística popular entre outros  de grande riqueza social.  
Dada a sua grande importância, o que não pode faltar é suporte financeiro e vontade politica bastante comprometida com a cultura e a sociedade para que assim a Fundação Cultural possa trabalhar com eficácia e viabilizando projetos de qualidade. 
 5- POR ÚLTIMO , QUE MENSAGEM GOSTARIA DE DEIXAR AOS LEITORES DO ALAMEDA CULTURAL ?
BETH - Gostaria de dizer a todos que busquem formas de se “alimentar de cultura”. Seja através da literatura, da música, da dança, das artes, teatro ou de viagens.
A cultura abre o olhar da mente.. E uma vez que temos os olhos abertos, nunca mais seremos os mesmos...

  

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