Por volta dos 50 anos de idade abandonou o seu aristocrático nome de batismo e passou a se chamar e a ser chamada apenas e simplesmente de CORA CORALINA ......Seu primeiro livro , POEMAS DOS BECOS DE GOIÁS E SUAS ESTÓRIAS , só foi publicado em 1965 , quando ela tinha 76 anos de idade ! Depois dele foram lançados mais 8 livros , quase todos após a sua morte . Em 1983 , a consagração : recebeu o título de DOUTORA HONORIS CAUSA , da Universidade Federal de Goiás ; foi eleita a intelectual do ano e recebeu da União Brasileira de Escritores o prêmio JUCA PATO . Pouco tempo depois , mais precisamente em 10 de abril de 1985 , o ponto final : Cora Coralina falecia , vítima de tuberculose , aos 95 anos de idade . E é justamente essa fantástica figura a homenageada na crônica de hoje , de autoria do escritor LUIZ CARLOS AMORIM . CONFIRA :
"Em doze de abril de 85 o Brasil perdia a sua poetisa mais sensível, mais autêntica e mais verdadeira: Cora Coralina. ( ABAIXO )
Estamos em abril e é difícil não lembrar de Cora, difícil não falar dela, difícil não reler os seus poemas. Eu queria escrever uma crônica em homenagem a ela, a grande poetisa do Brasil, mas não gosto de falar de perdas e acabei não escrevendo. E eis que me deparo com o texto de Cissa de Oliveira, minha vizinha lá no portal da nossa amiga Irene Serra do Rio Total: ' Um Doce para Cora Coralina '. Como não lê-lo e não aplaudí-lo? Além de falar de Cora, ela fala dos doces da doceira de mão cheia que ela era ( ABAIXO , ANTIGA COZINHA DA CASA DA POETISA , HOJE UM MUSEU EM SUA MEMÓRIA )
- e eu acabo de voltar da serra gaúcha, onde mora minha sogra, que faz doces fantásticos de figo, de pêssego, de marmelo, de morango, no fogão à lenha, não aquele de barro e pedra, como o de Aninha, mas à lenha, também. E então chego a sentir o gosto do doce de laranja.
São trinta anos de ausência da Aninha
da poesia forte e despretensiosa, poesia que transmite a sua mensagem de amor à terra e à natureza, ao ser humano e à vida. A verdade é que Cora continua viva, cada vez mais viva nos seus poemas e na sua prosa. E no sabor dos doces que a Cissa me trouxe à boca.
A poetisa maior da casa velha da ponte, ( ABAIXO )
A poetisa maior da casa velha da ponte, ( ABAIXO )
em Goiás publicou seu primeiro livro aos sessenta e sete anos: ' Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais '. Depois vieram ' Meu Livro de Cordel ', ' Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha', ' Estórias da Casa Velha da Ponte', ' O Tesouro da Casa Velha da Ponte ', ' Os Meninos Verdes ', ' A Moeda de Ouro que um Pato Comeu '. Essa, a obra que transformou Aninha no ícone da poesia brasileira que ela é hoje.
Em 2001, foram encontrados cerca de quarenta poemas inéditos de Cora, durante o trabalho de reconstituição de seu acervo. Esse material foi transformado em livro e foi publicado pela Global, editora que publicou quase todos os títulos de Cora. O livro é ' Vila Boa de Goyaz ' e os poemas que o compõe exaltam a cidade de Goiás, ( ABAIXO )
Em 2001, foram encontrados cerca de quarenta poemas inéditos de Cora, durante o trabalho de reconstituição de seu acervo. Esse material foi transformado em livro e foi publicado pela Global, editora que publicou quase todos os títulos de Cora. O livro é ' Vila Boa de Goyaz ' e os poemas que o compõe exaltam a cidade de Goiás, ( ABAIXO )
onde a poeta nasceu. Ela fala da Goiás que conheceu no início do século passado, das ruas que mudaram de nome, mas não mudaram de jeito, da linguagem impressa em cada toque dos diversos sinos existentes na cidade e fala, também, da casa velha da ponte. Um canto de amor à cidade de Goiás.
Foi-se o corpo singelo da grande poeta e da grande mulher-menina (ou menina-mulher? - ABAIXO , A POETISA JOVEM ),
Foi-se o corpo singelo da grande poeta e da grande mulher-menina (ou menina-mulher? - ABAIXO , A POETISA JOVEM ),
mas a poesia viva ficou. A poesia que é o coração, a alma de Aninha, a nossa Cora Coralina eterna, que continuará viva para sempre nos versos e na prosa que ela deixou.
Dos inéditos encontrados de Cora, tomo a liberdade de transcrever aqui "Coração é terra que ninguém vê", pois não dá pra falar de Cora sem ler uma criação dela: ' Quis ser um dia, jardineira / de um coração. / Sachei, mondei - nada colhi. / Nasceram espinhos /
Dos inéditos encontrados de Cora, tomo a liberdade de transcrever aqui "Coração é terra que ninguém vê", pois não dá pra falar de Cora sem ler uma criação dela: ' Quis ser um dia, jardineira / de um coração. / Sachei, mondei - nada colhi. / Nasceram espinhos /
e nos espinhos me feri. // Quis ser um dia, jardineira / de um coração. / Cavei, plantei. / Na terra ingrata / nada criei. // Semeador da Parábola... / Lancei a boa semente / a gestos largos... / Aves do céu levaram. / Espinhos do chão cobriram. / O resto se perdeu / na terra dura / da ingratidão // Coração é terra que ninguém vê /
- diz o ditado. / Plantei, reguei, nada deu, não. // Terra de lagedo, de pedregulho, /
- teu coração. // Bati na porta de um coração. / Bati. Bati. Nada escutei. / Casa vazia. Porta fechada, / foi que encontrei...' "
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