Palavras que fazem parte da língua portuguesa , como CAÇULA , CAPANGA , BABÁ e BAGUNÇA ; pratos como VATAPÁ e ACARAJÉ e quitutes , como COCADA e PÉ-DE-MOLEQUE ; ritmos musicais , como JONGO e SAMBA ; danças folclóricas , como CATUMBI e MARACATU RURAL ; um misto de luta com dança , chamado CAPOEIRA ; personalidades , como PELÉ , a ex-ginasta DAIANE DOS ANTOS , os atores LÁZARO RAMOS e TAÍS ARAÚJO , os cantores EMÍLIO SANTIAGO e SANDRA DE SÁ e o ex-ministro do Superior Tribunal Federal , JOAQUIM BARBOSA ; isso sem contar o fato de o Brasil ser um país extremamente miscigenado , com um expressivo número de pessoas com sangue negro ( em 1996 o então presidente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO disse ser ser mulato , tendo realmente traços físicos negros ) e do grande número de imigrantes vindos nos últimos anos do HAITI , um país quase que totalmente habitado por negros e mulatos . Isso tudo que você acabou de ler é apenas uma pequena parte da imensa influência negra no Brasil e por isso até causa estranheza saber que , segundo o último Censo do IBGE realizado em 2010 , apenas 6,3 % da população brasileira , ou cerca de 11 milhões de pessoas , se declarava negra .........O preconceito e o racismo lamentavelmente existentes e a vergonha que absurdamente certas pessoas têm em se assumirem negras são legados dos mais de 300 anos da infame escravidão .......No poema da semana , o escritor MILTON MACIEL homenageia nossos irmãos negros , personificados na maternal figura da AMA-DE-LEITE . CONFIRA :
"Paro a lida pra te olhar, negra velha amiga,
Ver como avanças pouco, no teu passo lento,
Despacito nomás, a mão tateando ao vento.
Hay névoa nos teus olhos e muita mágoa antiga.
Teu peito encarquilhado, que pra frente se curva,
Esconde a vida que ele deu pra tanta gurizada...
Pois quanto piá amamentastes nesses seios então fartos,
Filhos de brancas sem leite de quem fizestes partos!
Mas que hoje te esqueceram, na tua pobreza turva,
Porque, qual vaca velha, tu fostes descartada.
Quantos homens de importância trouxestes tu ao mundo
E quantos deles só viveram pelo leite no teu peito?
Quanto piazito faminto foi no teu seio escuro aceito,
Porque ali dentro batia um coração de amor profundo!
Mas hoje chego aqui e te descubro nesta baita solidão:
Tua velhice desamparada e trôpega, cheia de tristeza.
Essa vista turva, esse abandono cruel, essa pobreza...
E de todos os que por ti passaram... nenhuma gratidão!
Vem, negra velha amiga, vem comigo, apóia no meu braço.
Não mamei do teu leite, mas conheço uma a quem salvastes:
Uma que hoje é a mulher da minha vida e a quem amamentastes.
Vem comigo, nobre negra, tu vais viver conosco, dá um abraço ! "
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