"Não sou tão velho assim (eu acho) , ( ABAIXO , HILTON GORRESEN )
mas posso dizer que testemunhei o
aparecimento em nossa vida – não faz muito tempo – de algumas novidades
que surgiram em determinadas épocas e se tornaram indispensáveis. Coisas
triviais. E é bom dizer isso, pois muitos dos nascidos recentemente acham que
os doze apóstolos
já usavam tênis, que os gregos antigos
comiam Mcdonalds e
que as legiões romanas
se comunicavam por celular.
Algumas novidades são difíceis de se instalarem, enfrentam resistência dos
retrógrados ou dos machões de plantão.
Era eu garoto quando surgiu em
nossa cidade um ' alienígena ' , usando sabe o quê ? Um calçado de sola de
borracha com duas tiras onde eram enfiados os dedos. Era coragem demais,
os passantes o olhavam com um risinho, como a dizer:
lá isso é coisa pra
homem ? Mas não demorou muito e já alguns corajosos passaram a usar o tal
calçado, que ficou conhecido na época como sandália japonesa, hoje sandália
havaiana.
Coisa semelhante aconteceu com o tipo de bolsa conhecida como capanga.
Eu
mesmo estranhei quando vi uma delas pendurada ao ombro de um dos
participantes em um seminário sobre linguagem. Credo, eu nunca usaria um
troço desses.
Carteira, pente e demais utensílios de homem eram para ser
colocados nos bolsos traseiros.
A língua não tem osso. Em breve não largava
mais minha capanga de couro preto onde cabia de tudo, documentos, chaves,
óculos, e até mesmo livros.
Em uma pizzaria em Brasília ( ABAIXO ) , há alguns anos, fiquei extasiado com o tipo de
serviço:
o cliente pagava uma taxa e lhe eram servidas várias talhadas de
pizzas de sabores diferentes, que poderia comer até se fartar.
E naturalmente
aproveitei a ocasião para fazer também o rodízio de chope.
Em Campo
Grande ( ABAIXO ) , outra novidade:
você podia se servir à vontade de um bufê, logo após
seu prato era pesado e pagava por aquilo que comia. Talvez daí tenha
derivado seu nome: comida ' a quilo ' . Conclusão: ou era eu muito provinciano,
ou estavam realmente no nascedouro esses tipos de serviços, que hoje se
estendem por todo o país.
Em 1992, estava na frente do Congresso, em Brasília, assim como milhares de
pessoas, aguardando a votação do impeachment do Collor. ( ABAIXO )
O presidente –
dizia-se – acompanhava o processo comunicando-se com sua ' tropa de
choque ' pelo celular. Celular ? Que novidade era essa ?
O telefone celular havia
chegado ao país por essa época e era natural que o presidente tivesse um
aparelho.
Mesmo não sendo o Repórter Esso ( NOTA DO BLOG : noticiário exibido entre 1941 e 1970 , a princípio no rádio e mais tarde na TV TUPI - ABAIXO ) , a gente acaba sendo testemunha ocular (e
auricular) da História. "
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