terça-feira, 6 de outubro de 2015

Uma Árvore No Caminho

Cientista tem que cada mania ! EUGENIA UNIFLORA , este é um nome esquisito para uma árvore muito comum , aliás , quem nunca comeu aquelas frutinhas em forma de globo , carnosas e deliciosas ? Ainda não percebeu o que é ? Pois eis algumas características dela : trata-se de uma árvore brasileiríssima , nativa da Mata Atlântica e encontrada em uma vasta região que vai de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul e , embora seja brasileira , tem "irmãs " espalhadas por quase todo o continente americano , sendo encontrada também em 3 países africanos - Angola , Gabão e Madagascar - e até mesmo no arquipélago português da Madeira , em pleno Oceano Atlântico e tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido e demais países de língua inglesa ela conhecida por 3 nomes : BRAZILIAN CHERRY , SURINAM CHERRY e SOUTH CHERRY . Não dá trabalho e se adapta fácil : crescendo em quase todos os tipos de solo , um simples caroço plantado na terra pode dar origem a uma nova árvore ; em média sua altura varia entre 2 e 4 metros e alguns casos pode chegar até 6 ou até 12 metros de altura . Aquelas frutinhas gostosas , que comentamos há pouco , podem ser vermelhas , laranjas , amarelas ou pretas e suas folhas quando amassadas exalam um agradabilíssimo odor , sendo que seus frutos atraem as mais variadas espécies de pássaros e animais silvestres bem como também abelhas , que utilizam suas flores , brancas e pequenas , na produção de seu delicioso mel . Figurinha carimbada nos quintais das casa , também está muito presente em locais de reflorestamento e em espaços públicos . De tão comum e apreciada , acredita-se que suas folhas , preparadas em chá , curam diversas doenças  e é rica em CÁLCIO . Uma outra utilidade pode ser acrescentada `a PITANGA ( o nome vem do tupi  YBÁPYTANGA e significa " fruto avermelhado " ) : transformar um homem triste , solitário e indiferente .......É o que você verá na lúdica crônica de hoje , de autoria do escritor  DONALD MALSCHITZKY . CONFIRA :



"Fazia já algum tempo, quanto, não lembrava, na verdade não



queria lembrar ou comentar, nem sequer com sua solidão.



  Perdera



a graça e a textura, nem mais fechava um pouco os olhos para



protegê-los do sol



 e raramente sentia frio ou calor. Escolhia cada



vez menos, tudo estava bom ou estava ruim, não distinguia. As



notícias escorriam dos jornais



que lia sem que delas se desse



conta.



Deu-se conta que estava na rua pela batida da porta ao



fechar-se. Com passos desinteressados ,



 caminhou pela calçada



sem notar as folhas secas que a forravam e o barulho de outono



que faziam ao serem  pisadas.



 Árvores, jardins, pessoas, carros



passavam opacos.





Veio a música e não lhe saiu mais da cabeça.



 Alguma



centelha acendeu-se e tentou lembrar-se de como se chama essa



coisa que faz com que uma música martele sem parar.



Lembrou



que os alemães a chamam de ' minhoca do ouvido ' . Contra sua



vontade, cantarolava: ' O meu cavalo corre mais que o pensamento ,





ele vem no passo lento porque ninguém me espera ' . Distraiu-se um



pouco e lembrou do conto de Mark Twain , ( ABAIXO )



em que a música ' Punch,



brothers, punch '  começou a ser cantada por uma pessoa e



centenas se contaminaram, passando a cantarolá-la. Quis sorrir,



mas não conseguiu.





 Na praça,



 bancos ocupados, embora houvesse vários com



espaço, mas não queria proximidades.



Caminhou mais um pouco e sentou-se na calçada, pés na rua,



a olhar para lugar nenhum. O cachorro



aproximou-se silencioso e



humilde, deitou-se próximo. Seu olhar pidão encontrou o olhar



cansado e olharam-se os dois com olhares pidões e a música



diminuiu o volume em sua mente. O cachorro chegou mais perto,



lambeu sua mão e deitou a cabeça nos seus pés. Por longo tempo,



ali ficaram a acasalar solidões.





No tempo de ir-se, embora não o houvesse, levantou-se e



olhou para o cão que mexia o rabo como a dizer-lhe: ' Volte



amanhã ' .





No trajeto, um pé de pitanga do qual uma menina



de rosto



imundo e jeito sorridente tentava derrubar algumas frutas com uma



ripa. Talvez tenha sido o cão, talvez a letra da música, mas



aproximou-se e colheu as pitangas mais acessíveis ;



 como eram



poucas e as maduras estavam no alto do pé, fez o que há anos não



fizera: subiu na árvore e, equilibrando-se nos frágeis galhos,



colheu



o suficiente para encher o bolso da calça.



 Estendeu as mãos cheias



para a menina. Colocou uma pitanga na boca e estava meio azeda;



fez uma careta e a menina riu e fez o mesmo. Lá ficaram, debaixo



da pitangueira, rindo a cada fruta saboreada. "


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