Cientista tem que cada mania ! EUGENIA UNIFLORA , este é um nome esquisito para uma árvore muito comum , aliás , quem nunca comeu aquelas frutinhas em forma de globo , carnosas e deliciosas ? Ainda não percebeu o que é ? Pois eis algumas características dela : trata-se de uma árvore brasileiríssima , nativa da Mata Atlântica e encontrada em uma vasta região que vai de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul e , embora seja brasileira , tem "irmãs " espalhadas por quase todo o continente americano , sendo encontrada também em 3 países africanos - Angola , Gabão e Madagascar - e até mesmo no arquipélago português da Madeira , em pleno Oceano Atlântico e tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido e demais países de língua inglesa ela conhecida por 3 nomes : BRAZILIAN CHERRY , SURINAM CHERRY e SOUTH CHERRY . Não dá trabalho e se adapta fácil : crescendo em quase todos os tipos de solo , um simples caroço plantado na terra pode dar origem a uma nova árvore ; em média sua altura varia entre 2 e 4 metros e alguns casos pode chegar até 6 ou até 12 metros de altura . Aquelas frutinhas gostosas , que comentamos há pouco , podem ser vermelhas , laranjas , amarelas ou pretas e suas folhas quando amassadas exalam um agradabilíssimo odor , sendo que seus frutos atraem as mais variadas espécies de pássaros e animais silvestres bem como também abelhas , que utilizam suas flores , brancas e pequenas , na produção de seu delicioso mel . Figurinha carimbada nos quintais das casa , também está muito presente em locais de reflorestamento e em espaços públicos . De tão comum e apreciada , acredita-se que suas folhas , preparadas em chá , curam diversas doenças e é rica em CÁLCIO . Uma outra utilidade pode ser acrescentada `a PITANGA ( o nome vem do tupi YBÁPYTANGA e significa " fruto avermelhado " ) : transformar um homem triste , solitário e indiferente .......É o que você verá na lúdica crônica de hoje , de autoria do escritor DONALD MALSCHITZKY . CONFIRA :
"Fazia já algum tempo, quanto, não lembrava, na verdade não
queria lembrar ou comentar, nem sequer com sua solidão.
Perdera
a graça e a textura, nem mais fechava um pouco os olhos para
protegê-los do sol
e raramente sentia frio ou calor. Escolhia cada
vez menos, tudo estava bom ou estava ruim, não distinguia. As
notícias escorriam dos jornais
que lia sem que delas se desse
conta.
Deu-se conta que estava na rua pela batida da porta ao
fechar-se. Com passos desinteressados ,
caminhou pela calçada
sem notar as folhas secas que a forravam e o barulho de outono
que faziam ao serem pisadas.
Árvores, jardins, pessoas, carros
passavam opacos.
Veio a música e não lhe saiu mais da cabeça.
Alguma
centelha acendeu-se e tentou lembrar-se de como se chama essa
coisa que faz com que uma música martele sem parar.
Lembrou
que os alemães a chamam de ' minhoca do ouvido ' . Contra sua
vontade, cantarolava: ' O meu cavalo corre mais que o pensamento ,
ele vem no passo lento porque ninguém me espera ' . Distraiu-se um
pouco e lembrou do conto de Mark Twain , ( ABAIXO )
em que a música ' Punch,
brothers, punch ' começou a ser cantada por uma pessoa e
centenas se contaminaram, passando a cantarolá-la. Quis sorrir,
mas não conseguiu.
Na praça,
bancos ocupados, embora houvesse vários com
espaço, mas não queria proximidades.
Caminhou mais um pouco e sentou-se na calçada, pés na rua,
a olhar para lugar nenhum. O cachorro
aproximou-se silencioso e
humilde, deitou-se próximo. Seu olhar pidão encontrou o olhar
cansado e olharam-se os dois com olhares pidões e a música
diminuiu o volume em sua mente. O cachorro chegou mais perto,
lambeu sua mão e deitou a cabeça nos seus pés. Por longo tempo,
ali ficaram a acasalar solidões.
No tempo de ir-se, embora não o houvesse, levantou-se e
olhou para o cão que mexia o rabo como a dizer-lhe: ' Volte
amanhã ' .
No trajeto, um pé de pitanga do qual uma menina
de rosto
imundo e jeito sorridente tentava derrubar algumas frutas com uma
ripa. Talvez tenha sido o cão, talvez a letra da música, mas
aproximou-se e colheu as pitangas mais acessíveis ;
como eram
poucas e as maduras estavam no alto do pé, fez o que há anos não
fizera: subiu na árvore e, equilibrando-se nos frágeis galhos,
colheu
o suficiente para encher o bolso da calça.
Estendeu as mãos cheias
para a menina. Colocou uma pitanga na boca e estava meio azeda;
fez uma careta e a menina riu e fez o mesmo. Lá ficaram, debaixo
da pitangueira, rindo a cada fruta saboreada. "
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