quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Edições Maravilhosas

Qual é o preço a se pagar para se realizar um sonho ? Um deles pode ser a chacota .......Imagine então como foi a reação das pessoas ao ouvir do menino Marcos , morador da cidade paulista de Bauru , que queria ser ASTRONAUTA ........Mas quando realmente se tem vontade e determinação para se realizar um sonho e se guiar por seus ideais , tudo passa a conspirara a favor e o mundo torna-se pequeno . Firme e determinado , MARCOS CÉSAR PONTES tornou-se , em 2006 , o primeiro astronauta brasileiro a chegar no espaço .......Fazer ciência em um país conservador , obscurantista e que há séculos despreza a educação , a ciência e a cultura , como o Brasil não apenas é apenas um ato de impressionante coragem mas também chega a ser algo revolucionário , subversivo : infelizmente o astronauta recebeu mais críticas do que elogios , a notável experiência acabou não se repetindo e ainda em 2006 o elitista , preconceituoso e despeitado jornalista DIOGO MAINARDI chamou esse fato histórico de "festival fraudulento caipira " ........Mas todo grande homem não se abala e se deixa levar por críticas  mesquinhas , invejosas e medíocres  e certa vez Marcos revelou parte da receita de seu sucesso ; ESTUDAR . Ele ainda deu cincos motivos pelos quais jamais se pode largar dos livros : 1- Por meio do estudo você assume o controle de sua vida ; 2- Quando falar que sabe de alguma coisa , você estará dizendo a mais pura verdade ; 3 - Não importa onde  você esteja e quem você seja : conhecimento é universal ; 4 - Educação é a melhor garantia para o seu futuro : não existem atalhos ! e 5 - A educação nos ensina a reconhecer o comportamento dos sábios e dos idiotas ........SÁBIAS E PROFUNDAS PALAVRAS ! E o que dizer então de um sujeito , que como outros meninos de sua geração, cresceu lendo e colecionando gibis , além de ter crescido em companhia de nomes como MACHADO DE ASSIS , JOSÉ DE ALENCAR , RUI BARBOSA , CHARLES DICKENS , MARK TWAIN , entre outros ? Boa coisa , não é mesmo ? O resultado disso acabou sendo um dos mais expressivos e irreverentes nomes da literatura joinvilense : HILTON GORRESEN . Na crônica de hoje  , carregada de saudosismo , ele revela parte da receita de seu gigantesco conhecimento . CONFIRA :



"Sempre tenho dito que meu primeiro contato com a literatura foi através dos



livros deixados por meu avô. O velho , que não cheguei a conhecer , era músico



e jornalista



(certamente da época parnasiana, em que se teciam longos e



complicados parágrafos) .  ( ABAIXO, O POETA OLAVO BILAC , NOME MAIS EXPRESSIVO DO MOVIMENTO PARNASIANO )



Mas isso não é bem verdade: na realidade, meu



primeiro contato com literatura foi através das histórias em quadrinhos.





Existia, nas décadas de 1950 e 1960, uma coleção chamada ' Edições



Maravilhosas ' , ( ABAIXO )



 quadrinização de obras literárias mais populares , a maioria



delas compiladas de uma publicação americana. Mas havia também as obras



brasileiras , como a de José de Alencar , ( ABAIXO )



e até a de meu tio, Brasil Gerson ,



sobre Garibaldi e Anita, premiada pela Academia Brasileira de Letras.  ( ABAIXO )



Aliás, o



primeiro volume da coleção que me interessou – e eu mal sabia ler – foi ' O



Guarani ' , principalmente pela cena do índio Peri



enfrentando uma onça.



Essa coleção era muito comum por aqui. Já era antiga em meu tempo de



garoto, mas sempre havia alguém possuidor de um ou dois números em casa,



para emprestar ou trocar. Era raro casa em que houvesse leitores de gibi



onde



não se encontrasse um volume de Edição Maravilhosa.



 Nunca com uma capa



novinha, cheirando a tinta, como os gibis mensais com fotos dos caubóis



famosos .





Na casa de meu tio, onde habitavam (que beleza!) sete primos, tomei contato



com ' Ivanhoe ' ,



de Walter Scott (aliás, só eu mesmo para lembrar disso),



fascinado pelos duelos de lanças entre cavaleiros de armadura.





No tempo de ginásio, me caíram nas mãos ' O homem que ri ' , de Victor Hugo,



' Os mistérios de Paris ', de Eugene Sue, ' Verdes moradas ' , de W.H. Hudson,



uma bela história passada nas selvas da Venezuela , ( ABAIXO )



' Sob duas bandeiras ' , de



Maria Louise de La Ramée, meu primeiro contato com as aventuras na Legião



Estrangeira , ( ABAIXO )



 no norte da África, depois revisitadas no trágico filme ' Beau



Geste ' ; ( ABAIXO )



' O Gaúcho ' , de José de Alencar, ' Tom Sawyer '



 e ' Huckleberry Finn ' , de



Mark Twain.



Na casa de um tio solteirão encontrei, e não deixei de ler na hora, ' Oliver



Twist ' ,



 de Charles Dickens, e ' O último dos Moicanos ' ,



de Fenimore Cooper. O



' mocinho '  da história não era o moicano do título, mas sim o caçador, com um



gorro de pele de castor na cabeça, tipo Daniel Boone.( ABAIXO )





Estou citando apenas aqueles de que mais gostei, pois isto pretende ser uma



crônica e não um rol de obras da biblioteca pública .



É claro que essas leituras



destacavam apenas o enredo, as ' estórias ' , omitindo a beleza intraduzível dos



textos. Mas valeram como aperitivo. "


Nenhum comentário:

Postar um comentário