quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Setenta Primaveras

Agora pedimos a você , que neste exato instante deve estar em casa e desfrutando de toda a comodidade de seu computador e desta maravilha chamada internet , que faça um exercício de imaginação , embora ela não seja tão fácil......Volte no tempo , mais especificamente para o remoto ano de 1850 , com todas as usas muitas precariedades . O cenário é a gelada Noruega , ou mais especificamente a portuária cidade de TRONDHEIM : ( ABAIXO )



 no porto local está atracado um navio de nome SOFIE e fora adquirido na cidade de Hamburgo pelos próprios passageiros que estão prestes a seguir viagem na cidade e que são oriundos das mais variadas regiões da Noruega  . Aquela verdadeira casca de madeira , sem conforto algum e movida a vento e a vela



em breve levará um grupo de 120 homens esperançosos e corajosos noruegueses rumo a um destino remoto e completamente diferente de sua pátria : a ensolarada Califórnia . Será uma viajem árdua e longa , pois além de atravessar o imensidão do oceano Atlântico , o frágil navio terá que atravessar o perigosíssimo CABO HORN ( ABAIXO )



- o extremo sul da América do Sul - para aí sim navegar o o oceano Pacífico e chegar ao tão aguardado destino : o porto da cidade de San Francisco . Mas , afinal , por que tantos perigos e sacrifícios ? A ilusão e a esperança de enriquecer rápida e facilmente graças ao ouro encontrado naquele território há pouco anexado aos Estados Unidos após longa guerra contra seus antigos donos , os mexicanos . ( ABAIXO, CARTAZ ANUNCIANDO VIAGEM PARA A CALIFÓRNIA )



 Naquela data de 4 de novembro de 1850 aquele gripo partiu de Trondheim rumo a uma saga cheia de episódios conturbados , perigos e a um desfecho de história que nenhum deles imaginava .......Após um longo e tedioso período de calmaria , enfrentaram uma terrível tempestade



 nas proximidades do litoral norte da Escócia e , já em janeiro de 1851 , uma tempestade ainda pior , já nas proximidades da cidade do Rio de Janeiro .



 Seriamente danificado , o frágil Sofie ainda conseguiu chegar ao porto do Rio de Janeiro , em 26 de janeiro de 1851 , e sem condições de prosseguir viagem o jeito foi ficar por lá mesmo . E foi aí que o acaso mais uma vez deu as caras : um cônsul alemão residente naquela cidade conseguiu convencer 74 daqueles homens a seguir viagem até um destino incerto e desconhecido .......não sabiam eles que estavam prestes a entrar para  a história !

     Em 7 de março dois grupos , um de 61 pessoas e trazido pelo navio MARRECO e outro de apenas 13 pessoas e trazido pelo navio GLÓRIA DOS ANJOS , aportou em uma modesta e já antiga cidade localizada em uma ilha , ao norte da então província de Santa Catarina . Dois dias mais tarde juntariam-se a eles grupos de alemães e suíços : começava a nascer ali a COLÔNIA DONA FRANCISCA ( ABAIXO ) , embrião de uma das mais progressistas cidades brasileiras : Joinville .



Já em 28 de março aquele grupo de 13 noruegueses acabou indo embora pois a sua intenção na era permanecer naquele povoado que estava surgindo e oficialmente os seus nomes não constaram na lista oficial de imigrantes ali estabelecidos .



 Dos noruegueses que permaneceram , a maioria - 38 - era formada de agricultores ; sendo que a maioria também tinha idades inferiores a 30 anos e  apenas  um deles tinha formação superior : o médico W.A.W MOELLER , de apenas 24 anos e que deixaria a colônia em março do ano seguinte . Também havia uma outra exceção : um deles na verdade era sueco - PETER GUSTAVA PETTERSEN ( 1815-1857 ) - lavrador que optou por se radicar em Joinville e que aqui deixou numerosa descendência ( na época a Noruega era um território sueco e só conquistaria a sua independência em 1905 ) . Cerca de um ano mais tarde restavam na então colônia Dona Francisca ( ABAIXO )



apenas 9 noruegueses , que resistiram a inúmeros obstáculos ; o clima quente e úmido , as tempestades e doenças tropicais , os ataques de animais ferozes ou peçonhentos , a sua língua completamente diferente da dos outros imigrantes , o predomínio e domínio alemão naquele pequeno povoado  .........Quase todos os remanescentes criaram uma olaria que funcionava em regime cooperativista e que se localizava onde hoje está o prédio da antiga prefeitura de Joinville ( ABAIXO )



 ( a região da atual RUA JOÃO COLIN foi destinada para receber os imigrantes noruegueses ) . Além de telhas e tijolos , também produziam e cultivavam condimentos , açúcar , arroz , café , mandioca , milho , arroz , feijão , banana , limão e laranja . Infelizmente a experiência não deu certo : tendo pouca instrução e ganhando muito menos que os alemães , os noruegueses tiveram que se virar trabalhando para os alemães e os representantes franceses do Príncipe de Joinville  como pedreiros o derrubando árvores .



 Desiludido e diante de tantas e gigantescas dificuldades , MARCUS FABER  GORRESEN acabou deixando a colônia , assim como quase todos os seus compatriotas . Se a grande maioria daqueles noruegueses acabou seguindo viagem rumo a Califórnia ou até rumo a remota Austrália , Marcus acabou vislumbrando o seu futuro naquela pacata , antiga e promissora cidadezinha portuária do outro lado da baía da Babitonga ( ABAIXO ) , e a aposta deu certo : tornou-se um dos mais prósperos comerciantes locais , deixando numerosa descendência não só naquela cidade mas também em várias regiões do Brasil .



     Marcus acabou falecendo em 1878 , aos 54 anos  de idade - idade avançada para a época - em seu casarão , pronto cinco antes de sua morte , e completamente realizado . Aquele imponente casarão amarelo ainda pertence à família e é um dos cartões postais do centro histórico de São Francisco do Sul . ( ABAIXO )



Assim como a maioria de seus compatriotas e dos outros povos escandinavos - suecos , dinamarqueses , finlandeses e islandeses - provavelmente deveria ser um sujeito  sisudo , introspectivo , calado e até muito desconfiado . Mas qualquer traço de seriedade em seu rosto rapidamente  despareceria se ainda fosse vivo e ouvisse as impagáveis histórias contadas e escritas por um de seus muitos descendentes ........( ABAIXO , DE AZUL )



Certa vez o gênio e show man  FREDDIE MERCURY ( 1946-1991 ) declarou não entender o monstro que havia criado , apesar de na verdade ser uma pessoa tímida , e o mesmo vale par HILTON GORRESEN ........( ABAIXO )



Generoso , bonachão , modesto , tímido , sem pretensão de ser o centro das atenções , ele se transforma completamente no instante em que começa a escrever : dono de uma maneira incrivelmente simples de escrever e de um sendo de humor capaz de rivalizar com o de grandes cronistas brasileiros , como LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO e CARLOS EDUARDO NOVAES , é um dos mais ardorosos  militantes da literatura joinvilense desde a década de 70 , tendo participado de vários movimentos literários na cidade e de várias entidades de escritores . Há anos ele vem fazendo todos darem boas gargalhadas com suas impagáveis histórias , publicadas no jornal NOTÍCIAS DO DIA e desde 2013 tem espaço cativo aqui no ALAMEDA CULTURAL . De sangue meio nórdico , meio árabe , ele é um dos que melhor sintetizam em seus textos a histórica São Chico , com suas praias , seu porto , seu casario antigo , suas lendas , seus personagens folclóricos , seus caso e seus acasos .......Ex-funcionário do BANCO DO BRASIL , como ele mesmo gosta de enfatizar , ESTÁ APOSENTADO DO TRABALHO MAS NÃO DA VIDA . Pois no último dia 14 de outubro ele completou 70 primaveras , mas com um espírito e todo o vigor de um jovem de 25 anos ! Hilton costuma resumir a sua vida em duas frases :



"A maior das caminhadas começa com o primeiro passo. " , " 

O que não tem remédio remediado está. " . Em um dos especialíssimos vídeos do dia prestamos a nossa singela e sincera homenagem ao mestre do humor de São Chico : nele Hilton não só conta um pouco de sua vida e de sua trajetória literária como também repassa um pouco de seus colossais conhecimentos na nobre arte de ESCREVER , VALE A PENA CONFERIR ! 


Nenhum comentário:

Postar um comentário