"VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO ? ",esta pergunta infelizmente é feita no Brasil há quase cinco séculos e poderia perfeitamente ser o título da crônica de hoje,escrita por DONALD MALSCHITZKY.CONFIRA:
"Acordou atordoado. A cama não era das melhores,apenas tábuas,e paredes não havia.Só um teto protetor.
Como sempre,levou um tempo para se localizar,só que ,desta vez,não deu de espreguiçar-se ,os 'homens' não deixaram.'Levanta daí vagabundo,aqui não é lugar de dormir'.Eram dois,e parececiam grandes,assim,vistos por quem estava deitado no banco da parada de ônibus.
Pediram documentos.No tempo em que procurava a identidade com o plástico descolando e sujo nas bordas
entre as camadas de roupas em trapos,lembrou de dias diferentes.Já foi como eles,usou uniforme.Era da empresa ,onde trabalhou por mais de dez anos e chegou a líder de turma.
Vida quase igual ao dos colegas,mulher,duas filhas,
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uma casa modesta,mas dele,
carro pago em prestações.
Saíam pouco e viajavam uma vez por ano,sempre para perto,tinham que economizar.
Queria estudar,mas faltou determinação,admitia.Talvez,se tivesse estudado,
mas não gostava de 'talvez',pois era uma repetição em sua vida.
Gostava de ler e,às vezes,escrevia um pouco.Nem mostrava.Comparava com o que lia e faltava coragem.
Só bem mais tarde,quando já não havia casa,nem carro,nem família-quer dizer,havia uma família,só que diferente,meio suja,sem eira nem beira,mas também sem cobranças,obrigações,nada disso-é que começou amostrar para os novos amigos.
Bastou para ser conhecido como Poeta.
A ler continuava,pois tempo tinha de sobra.Ganhava algum livro e jornais não faltavam,mas que de datas passadas,mas sabia dos acontecimentos.
Talvez,está aí de novo,talvez,talvez-se não fosse o problema,seus rumos teriam sido bem outros,mas existe o problema e agora está aí,com as mãos sujas,
entre trapos sujos,procurando um documento sujo para apresentar a dois policiais sem paciência.
Encontrou-o.
'Antônio de Alcântara',leu o policial e,rispidamente,mandou que andasse,que sumisse dali.
Levantou-se,e debaixo da chuva,afastou-se,que a viatura ainda não saíra.
'Tavez',pensou,'se meu nome fosse José,igual ao Dirceu,
Sarney
e tantos outros,e usasse gravata,as coisas seriam diferentes'."
Como sempre,levou um tempo para se localizar,só que ,desta vez,não deu de espreguiçar-se ,os 'homens' não deixaram.'Levanta daí vagabundo,aqui não é lugar de dormir'.Eram dois,e parececiam grandes,assim,vistos por quem estava deitado no banco da parada de ônibus.
Pediram documentos.No tempo em que procurava a identidade com o plástico descolando e sujo nas bordas
entre as camadas de roupas em trapos,lembrou de dias diferentes.Já foi como eles,usou uniforme.Era da empresa ,onde trabalhou por mais de dez anos e chegou a líder de turma.
Vida quase igual ao dos colegas,mulher,duas filhas,
.jpg)
uma casa modesta,mas dele,
carro pago em prestações.
Saíam pouco e viajavam uma vez por ano,sempre para perto,tinham que economizar.
Queria estudar,mas faltou determinação,admitia.Talvez,se tivesse estudado,
mas não gostava de 'talvez',pois era uma repetição em sua vida.
Gostava de ler e,às vezes,escrevia um pouco.Nem mostrava.Comparava com o que lia e faltava coragem.
Só bem mais tarde,quando já não havia casa,nem carro,nem família-quer dizer,havia uma família,só que diferente,meio suja,sem eira nem beira,mas também sem cobranças,obrigações,nada disso-é que começou amostrar para os novos amigos.
Bastou para ser conhecido como Poeta.
A ler continuava,pois tempo tinha de sobra.Ganhava algum livro e jornais não faltavam,mas que de datas passadas,mas sabia dos acontecimentos.
Talvez,está aí de novo,talvez,talvez-se não fosse o problema,seus rumos teriam sido bem outros,mas existe o problema e agora está aí,com as mãos sujas,
entre trapos sujos,procurando um documento sujo para apresentar a dois policiais sem paciência.
Encontrou-o.
'Antônio de Alcântara',leu o policial e,rispidamente,mandou que andasse,que sumisse dali.
Levantou-se,e debaixo da chuva,afastou-se,que a viatura ainda não saíra.
'Tavez',pensou,'se meu nome fosse José,igual ao Dirceu,
Sarney
e tantos outros,e usasse gravata,as coisas seriam diferentes'."
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