não tinha a menor dúvida sobre quem cumpriria aquelas duas delicadíssimas e espinhosas missões : um oficial do Exército português que ocupava a patente de sargento-mor e que atendia pelo nome de FRANCISCO DE MELO PALHETA ( ABAIXO ) .
Havia um fortíssimo e mais do que justificado motivo para tão importante escolha : em 1722 o militar em questão , liderando um punhado de homens , havia navegado o rio Mamoré ( ABAIXO - no atual Estado de Rondônia ) e chegado a uma longínqua e quase isolada comunidade peruana chamada SANTA CRUZ DE CAJAJUVAS ( tratava-se da aldeia sede de uma missão de padres jesuítas espanhóis ) ,
feito que sem sombra de dúvida , além de memorável ( curiosamente o relato dessa expedição só seria publicado em 1884 , por meio do historiador CAPISTRANO DE ABREU- ABAIXO ) , credenciava o sargento Palheta para cumprir missões muito difíceis e complicadas .
E a primeira missão para a qual foi incumbido não chegava a ser tão complicada : dirigir-se ao território da GUIANA FRANCESA e exigir do governador local - CLAUDE D ´ORVILLIERS - o cumprimento de um acordo estabelecido na cidade holandesa de Utrecht em 1713 e que definia o RIO OIAPOQUE ( ABAIXO ) como a fronteira natural entre a então colônia portuguesa e a colônia francesa, algo que de fato seria cumprido embora não por muito tempo ( o velho e longo litígio fronteiriço só seria resolvido em dezembro de 1900 , quando o então presidente suíço - WALTER HAUSER - daria ganho de causa ao Brasil ) .
A segunda missão era muito mais difícil : recolher e levar clandestinamente mudas de um valiosíssimo vegetal cujas flores transformavam-se em bagas avermelhadas e que , dizia-se , era um poderoso estimulante .
Plantar o tal vegetal era um verdadeiro " negócio da China " , ou melhor , da ETIÓPIA : as primeiras referências ao vegetal oriundo das terras montanhosas da região etíope de KAFFA ( presume-se que também fosse cultivado nos atuais Quênia e Sudão ) datam do século 7 , com o seu cultivo rapidamente espalhando-se pelo Egito , Oriente Médio e Ásia .
Já meados dos século 17 era apreciadíssimo pela elite europeia e em 1652 , na cidade de Londres , surgiu um local exclusivo para o seu consumo . ( ABAIXO )
Na mesma época o vegetal raro e valioso chegou à América através dos holandeses , que o cultivaram no atual Suriname e de nada adiantou manterem um rigoroso sigilo a respeito disso : um certo francês , conhecido apenas como MORGUES , levou clandestinamente mudas do vegetal para a Guiana francesa e de lá algumas mudas foram levadas para o Haiti , na época uma outra colônia francesa . ( ABAIXO , MAPA DA GUIANA FRANCESA E VISÃO AÉREA DE CAIENA ,A SUA CAPITAL )
Dizem certos fofoqueiros da História que o sargento Palheta não conquistou apenas a confiança do governador da Guiana francesa : ele teria tido um caso com MADAME D ´ORVILLIERS , a esposa do governador , e isso teria facilitado a missão do bravo e competente militar luso-brasileiro. ( ABAIXO ) ......Verdade ou não , o fato é que o militar levou não só mudas como sementes de CAFÉ : a primeira plantação de café do Brasil era do próprio Palheta - tinha cerca de 1.000 pés de café - , que solicitou à coroa portuguesa o envio de 120 casais de escravos .
Apesar de todos os esforços , demorou para que o café se adaptasse em terras tupiniquins : plantado a princípio em pequenas propriedades agrícolas e apenas para consumo interno ( o primeiro registro de exportação de café cultivado no Brasil data de 1779 : nessa ocasião foram exportadas 79 arrobas do vegetal ) , foi cultivado no Pará , no Maranhão e na Bahia até finalmente - já por volta de 1820 - ser encontrado o local ideal para seu cultivo .
A região em questão era o VALE DO PARAÍBA , cortada e banhada pelo rio de mesmo nome e que compreende as regiões norte de São Paulo e sul do Rio de Janeiro , ( ABAIXO , DE VERMELHO )
sendo que nas décadas seguintes o cultivo do café atingiria também as regiões sul de Minas Gerais , de Campinas , oeste velho , oeste novo ( em São Paulo ) e ainda o Espírito Santo e as fertilíssimas terras avermelhadas do norte do Paraná ( ABAIXO ) e do atual Mato Grosso do Sul , os dois últimos já nas primeiras décadas do século 20 ......
Certamente aquela figura histórica um tanto misteriosa , o sargento Palheta ( até mesmo o local de seu nascimento é desconhecido e presume-se que teria vivido entre 1670 e 1750 ) , não tinha a exata noção da importância da missão que cumpriu tão bem : o vegetal que ele trouxe de maneira clandestina simplesmente mudaria radicalmente os rumos da história do Brasil ( ABAIXO , BILHETE DA LOTERIA FEDERAL , DE 1971 , HOMENAGEANDO FRANCISCO DE MELO PALHETA ) , e comentar a respeito das consequências daquele bem sucedida missão realizada no remoto ano de 1727 exigiria não apenas um mas sim vários e volumosos livros ........
E SE AQUELA MISSÃO TIVESSE DADO ERRADO ? É quase impossível responder a essa pergunta mas talvez muitas hoje prósperas cidades do Paraná , de São Paulo e do Mato Grosso do Sul , como LONDRINA , MARINGÁ , ARARAQUARA ( ABAIXO ) , RIBEIRÃO PRETO e NAVIRAÍ sequer existissem .
Nessa longa lista está incluído o município parananense de PARANAVAÍ ( ABAIXO - o nome é uma junção do nomes IVAÍ e PARANAPANEMA , os principais rios daquela região ) . Localizado ao norte daquele Estado , o município tinha em 2014 uma população de 86.218 pessoas ; é o pólo de vasta região de 10.182,281 quilômetros quadrados , localizada na divisa com os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul e formada por 29 cidades ;
é o principal centro de cultivo e exportação de laranjas em seu Estado e surgiu a partir de uma fazenda de café chamada FAZENDA VELHA BRASILEIRA . Em outro exercício de imaginação , caso essa próspera cidade não existisse o mundo , mais especificamente Joinville , ficaria privado do raro talento de VALÉRIO MATOS ( ABAIXO ) .......
Nascido naquela cidade em 7 de março de 1967 e radicado em Joinville desde 1975 , Valério é apaixonado por artes desde sempre mas só foi ter contato com elas aos 18 anos : além de ter tido a honra de ser aluno de escultura do saudoso MÁRIO AVANCINI ( 1926-1992- ABAIXO ) , Valério estudou pintura e desenho e formou-se em Educação Artística pela Univille .
Pintor , escultor , desenhista , ilustrador e caricaturista , desde 1990 ele já participou de inúmeras mostras e exposições coletivas e fez ilustrações , entre outros , para nomes como o escritor JURA ARRUDA e antologias da CONFRARIA DO ESCRITOR DE JOINVILLE . Professor de educação artística durante 20 anos em várias escolas das redes públicas de ensino estadual e municipal , Valério ( ABAIXO ) atualmente leciona na escola municipal ANA MARIA HARGER ; presta um enorme serviço à cultura local , resgatando a antiga tradição do BOI DE MAMÃO nas escolas onde se apresenta
e já escreveu dois livros de desenhos : O MUNDO MÁGICO DAS CORES ( o livro já está em sua terceira edição ) e DESENHANDO COM CHIMBICA - BICHINHOS DO QUINTAL ( lançado em 5 de março deste ano ) . Nada de explicações monótonas didáticas ;ambos os livros usam uma linguagem bem acessível e divertem a garotada .
E foi justamente ensinando arte às crianças fazendo arte - Valério tocava violão , cantava e fazia apresentações com fantoches de espuma fetos por ele mesmo - que acabou nascendo o seu filho querido .......Um desses fantoches logo chamou a atenção de todos : trata-se do travesso e questionador CHIMBICA ( ABAIXO ) .
Além das apresentações em várias escolas da cidade com o boneco , Chimbica tornou-se o garoto-propaganda de Valério : graças às histórias "contadas " pelo boneco , nas 3 últimas edições da Feira do Livro de Joinville ele foi um - senão O - dos escritores que mais tiveram livros vendidos !
No vídeo do dia você terá a oportunidade o prazer de conferir uma pequena amostra do talento superlativo desse grande multi artista e , é claro , uma impagável apresentação de CHIMBICA ( ABAIXO ) .......VALE A PENA CONFERIR !
OBRIGADO LUCIANO, PELA HOMENAGEM E PARABÉNS PELO SEU BLOG.
ResponderExcluir