Diz a Bíblia no livro de LUCAS , capítulo 15 , versículo 11 : um homem tinha apenas 2 filhos , sendo que um deles após receber a parte da herança a que lhe cabia direito , partiu para um país distante e após levar um vida de mais completa libertinagem perdeu toda a sua fortuna . E o pior : um terrível período de fome castigou a região em que vivia e ele assim passou a viver na mais completa penúria . Passou a trabalhar para um dos moradores da região , cuidando de seus porcos , no entanto continuou a passar necessidades : a lavagem dos porcos que seria o suficiente para matar a sua fome simplesmente lhe foi negada.......Profundamente arrependido e com remorso , ele acabou retornando ao seu antigo lar e ao ver seu pai , correu em direção a esse , que o abraçou e lhe deu um beijo . Comovido com as palavras e o estado deplorável de seu filho há tanto tempo ausente , eis que o homem chamou os seus servos e lhes disse o seguinte : " Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha , e pondo-lhe um anel no dedo e calçado nos pés . Trazei também um novilho gordo e matai-o ; comamos e façamos uma festa . Este meu filho estava morto , e reviveu , tinha-se perdido e foi achado . "........Assumidamente religioso - e também supersticioso - o eterno " Rei da Jovem Guarda " , ROBERTO CARLOS , talvez inspirado pela famosa parábola bíblica do RETORNO DO FILHO PRÓDIGO , cantava no longínquo ano de 1974 , mais especificamente na música O PORTÃO , os seguintes versos : " Fui abrindo a porta devagar , / mas deixei a luz entrar primeiro / Todo meu passado iluminei , q e entrei ..... Meu retrato ainda na parede , / meio amarelado pelo tempo / Como a perguntar por onde andei / e eu falei....... Onde andei não deu para ficar , / porque aqui , / aqui é o meu lugar ....." O BOM FILHO À CASA RETORNA : na crônica que abre o mês de maio , o escritor DONALD MALSCHITZKY relata uma maravilhosa experiência que teve recentemente em um dos lugares mais encantadores de sua cidade natal , que por si só já é encantadora ( o lugar é o bairro RIO VERMELHO e a cidade é São Bento do Sul ) . Mais uma vez contrariando aquela imagem ranzinza e carrancuda que os seus ácidos e críticos textos dão a entender , Donald nos brinda neste início de mês com uma belíssima história cheia de saudosismo e com direito a palavras líricas em seu desfecho e que mostra o quanto um grupo de pequenos , inocentes e puros seres podem rejuvenescer e tornar mais leve um senhor de 64 anos ( perdão , Donald , por revelarmos a sua idade ! ) .......CONFIRA :
"Semanalmente, subo a serra, rumo a Curitiba ( ABAIXO ) ,
mas não é a
mesma coisa: na BR 376 ( ABAIXO ) , são mais pistas, mantém-se a velocidade
e,
embora a paisagem seja bonita, não existe aquele aconchego de
nossa serra, a Estrada Dona Francisca. Na Dona Francisca ( ABAIXO ) , as
retas são bem curtas, e já vem uma curva fechada, em que é
preciso prestar atenção para não fazer bobagem.
A paisagem está
mais perto, abraça-nos e nos acompanha a cada metro, e o objetivo
faz parte do trajeto.
Fazia um bom tempo que não passava por essa espécie de
osmose com a estrada ( ABAIXO ) que, de alguma forma, faz parte de mim há
mais de 50 anos.
Na semana passada, rumo a São Bento ( ABAIXO ) para
fazer algo que também há tempo não fazia e que me faz muito bem:
conversar com alunos sobre literatura.
Até chegar à escola, no bairro Rio Vermelho Estação ( ABAIXO ) , mais
curvas e morros.
E lembranças de rodas de bicicleta tentando
desviar das pedras que pavimentavam a estrada nos tempos de
aventura, em que Rio Vermelho era desafio e balneário para quem
nem sabia que poderia haver perigo no caminho ou na chegada.( ABAIXO , A FAMÍLIA BINEK , UMA DAS FAMÍLIAS PIONEIRAS A SE ESTABELECEREM NA REGIÃO )
O
vento provocado pela velocidade nas descidas se encarregava de
não deixar as preocupações chegarem perto de nossas mentes.
O asfalto substituiu a pedras na estrada, mas o caminho
continua sinuoso e belo até as parreiras de Theodoro Frick darem
as boas vindas a quem chega ao bairro ( ABAIXO , UMA DAS CASA TÍPICAS DAQUELE REGIÃO ) . Alguma coisa mudou, mas
a atmosfera de paz e proteção continua a mesma.
Em cima do morro, a Escola Emílio Engel e sua Semana
Literária. A escola é uma das muitas que me causam admiração
pela disciplina e participação dos alunos. ( ABAIXO , ALUNOS DAQUELA ESCOLA )
Não há um traço de medo
na disciplina, mas a expressão do gosto de aprender, o costume de
compartilhar, o respeito mútuo como algo natural. ( ABAIXO , ALUNOS DAQUELA ESCOLA EM RECENTE CAMPANHA CONTRA A DENGUE )
A presença de
pais e avós num dia de semana parece totalmente natural para
eles, mas uma agradável surpresa para quem já quase se
acostumou com a falta de participação dos pais ( ABAIXO ) .
Nesse clima, foi muito fácil conversar com eles e compartilhar
a paixão pela literatura, o fascínio pela palavra, a curiosidade pelo
que o intelecto à vezes não conhece, mas a alma ( ABAIXO ) sabe que existe.
Deixar que o rio siga seu caminho, encharque as margens, leve
os barcos da imaginação e reflita os raios de sol ao entardecer,
não
necessita de esforço quando há barcos ávidos por navegar e olhos
ansiando pelas surpresas do sol no rio.
Depois, voltar, acolhido pelas curvas de lembranças. Voltar
mais leve. "
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