Muito provavelmente você que neste exato instante está gastando o seu precioso tempo lendo estas mal escritas linhas pelo menos já deva ter ouvido falar em um sujeito chamado GLAUBER de Andrade ROCHA ( 1939 - 1981- ABAIXO ) e saber que ele foi um cineasta .
Podemos afirmar sem ter medo de errar : CERTAMENTE VOCÊ JAMAIS ASSISTIU ALGUM DE SEUS FILMES, e olha que eles contaram com participações de verdadeiras estrelas da dramaturgia brasileira , como os saudosos atores YONÁ MAGALHÃES ( 1935-2015 ) , PAULO AUTRAN ( 1922-2007 - ABAIXO ) , JOSÉ LEWGOY ( 1920-2003 ) , JARDEL FILHO ( 1928-1983 ) ......
Também pudera : esse baiano de Vitória de Conquista - que chegou a cursar Direito , muito provavelmente por desejo de seus pais , para pouco tempo depois largá-lo - é o grande ícone de um movimento que ficou conhecido como CINEMA NOVO ( ABAIXO ) , ou seja , um tipo de cinema inspirado no pioneiro cineasta mineiro HUMBERTO MAURO ( 1897-1983 ; o primeiro cineasta brasileiro ) , no cinema politizado da hoje falecida União Soviética e e no cinema neo-realista italiano ; focado nas questões políticas e sociais ; com um visão de mundo até catastrófica e messiânica e totalmente anti comercial .
Já se passaram quase longos 35 anos de sua morte - que ocorreu em 22 de agosto - mas a sua obra ainda divide opiniões ( ao longo de 25 anos de carreira - entre 1957 e 1981 - produziu 17 filmes : esse número inclui curta-metragens , documentários e até mesmo um filme coletivo , O POVO E AS ARMAS , de 1974- ABAIXO ) :
os seus detratores taxam os seus filmes de extremamente metafóricos , difíceis de se entender ; intelectualizados ; voltados para uma minoria e o próprio Glauber Rocha de contraditório . Os seus defensores - talvez em número muito menor que o dos detratores - chamam a atenção para as mensagens revolucionárias , questionadoras e engajadas desses filmes e para lado visionário , genial e idealista do falecido cineasta baiano ( ABAIXO ) ......
.Pode-se afirmar que os dois lados têm razão e que mesmo sem jamais ter sido um fenômeno de bilheteria - o que , aliás , jamais foi o objetivo do cineasta - e com muitas pessoas "torcendo o nariz " para os seus filmes , Glauber Rocha foi o mais bem sucedido cineasta brasileiro de seu tempo , pelo menos no exterior : o primeiro longa metragem do baiano - BARRAVENTO ( 1962 - ABAIXO ) - lhe valeu um prêmio no FESTIVAL DE KARLOVY , na hoje extinta Tchecoslováquia ; o filme O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO ( 1968 ) valeu o prêmio de melhor direção no afamadíssimo FESTIVAL DE CANNES ( França ) e o documentário DI CAVALCANTI ( 1977 ) foi o grande vencedor nessa categoria , também no Festival de Cannes .
É claro que ao se escrever e se comentar sobre Glauber Rocha os seus dois grandes clássicos , em nenhuma hipótese , podem ser esquecidos ........
O primeiro deles atende pelo nome de DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL ( 1964 ) - certamente inspirado em CANUDOS , uma comunidade religiosa e igualitária formada por sertanejos miseráveis no interior da Bahia ( ABAIXO ) e trucidada pelo Exército brasileiro em 1897 -
e mostra as alucinações , visões e práticas geradas pela miséria , pela fome e pela ignorância das populações do sertão nordestino ( o filme valeu a Glauber Rocha mais outro prêmio , no FESTIVAL DE CINEMA LIVRE DA CIDADE DE PORRETA- ABAIXO - , Itália ; sim , foi isso que acabou de ler : o nome da cidade é esse mesmo ! ) .
Já o outro clássico do cineasta é TERRA EM TRANSE ( 1967 - ABAIXO ) : no enredo do filme , um jornalista se junta a um líder político para tentar mudar o panorama sócio-político de um país fictício ( não seria isso uma referência a um certo país sul americano com nome de árvore ? ) , e , para variar , graças à ele , Glauber Rocha conquistou o TROFÉU LUÍS BRUÑEL no Festival de Cannes .
Um grande feito de Glauber Rocha : ele foi um dos raros cineastas brasileiros a produzirem filmes no exterior , sendo que esses filmes foram O LEÃO DE SETE CABEÇAS ( feito no Quênia ) e CABEÇAS CORTADAS ( produzido na Espanha e que foi proibido de ser exibido no Brasil até 1979 ) . O cineasta - que chegou a se aventurar no mundo literário ( seu único livro é o romance RIVERÃO SUASSUNA , publicado em 1977 - ABAIXO ) -
foi entrevistado pela revista VEJA , em 1976 , e com aquele seu linguajar bem peculiar se autodefiniu da seguinte maneira : " NÃO TENHO RESPOSTA NA BOCA PARA TODAS AS COISAS . SOU UM ARTISTA , PORTANTO MEU PROCESSO É UM PROCESSO DIALÉTICO ENTRE O FLUXO DO INCONSCIENTE E MINHA RAZÃO . ASSIM , POSSO MUDAR A QUALQUER MOMENTO "........É claro que quando o assunto é Glauber Rocha não poderíamos deixar de citar aquela famosa e clássica frase de sua autoria : " UMA IDEIA NA CABEÇA , UMA CÂMERA NA MÃO " ........
Essa frase se encaixa como uma luva para resumir a situação de um certo grupo de cineastas : afinal , qual indivíduo , em sã consciência , teria o atrevimento de fazer cinema em uma cidade como JOINVILLE , onde a cultura e a produção cinematográficas praticamente inexistem ? Esses indivíduos , que são um misto de malucos do bem com heróis ( ABAIXO , O CINEASTA ÉDSON BURG ) , comentam sobre as colossais dificuldades que enfrentam aqui em terras de Dona Francisca em mais uma parte do documentário JOINVILLE EM CENA , produzido em 2013 ......VALE A PENA CONFERIR !
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