Atenção para a descrição do MONSTRENGO : um comprimento de 12,65 metros - sendo de 7 de metros em torno da parte mais volumosa de seu corpo - e um peso de estratosféricas 15 toneladas ! Não , não se trata de um daqueles fantásticos e fantasiosos monstros ultimamente tão presentes nos filmes de Hollywood mas sim de um .....PEIXE ! Também não é nenhuma história de pescador e isso está registrado até no GUINESS BOOK , o famoso livro dos recordes ( ou seria também das bizarrices ? ) : o tal peixe foi capturado nas proximidades da ILHA BABA , localizada a alguns quilômetros da cidade paquistanesa de Karachi em 11 de novembro de 1949 e de uma espécie rara , que se alimenta de plânctons e vive nas áreas mais quentes dos oceanos Atlântico , Índico e Pacífico . Também pudera : ele nada mais era do que o maior exemplar já pescado até hoje do Rhincodon typus ou , simplesmente , TUBARÃO-BALEIA ......Nem é preciso ir até o longínquo litoral do Paquistão para ouvir histórias tão ou mais fantásticas do que essa , aliás , elas estão a alguns quilômetros de Joinville embora , infelizmente , já não sejam mais tão comuns como antigamente ......Assim como os seus antepassados açorianos , que chegaram se estabeleceram no distante século 18 na região onde hoje é o balneário de BARRA VELHA , aqueles homens humildes tiram do mar o seu tão difícil sustento e indo , literalmente , contra a maré enfrentam também o lado nocivo do progresso , a indiferença da maioria das pessoas em relação a sua importante profissão e , acima de tudo , para dar continuidade a uma velha atividade e tradição : A PESCA ARTESANAL . Morador de Barra Velha e brilhante , como sempre , o escritor são bentense DONALD MALSCHITZKY nos revela na crônica de hoje o seu lado "homem do povo " e traz histórias e fatos do cotidiano desses homens de vida tão sofrida , que vivem em perfeita comunhão com a mãe natureza e que lutam tão arduamente para sobreviver .......CONFIRA :
"Pesco histórias com os pescadores de Barra Velha ( ABAIXO ) ,
em meio
a Pedreira, Deus me Guie, Barbi, Yara, Cauã, Águia III, Giovana,
Mar, Cirineu, Mimoso, Yoko e mais alguns barcos com suas proas
apontadas para o mar, com ânsia de navegar,
e outros, já
escorregados sobre as estivas ensebadas e puxados para o
descanso da faina das ondas e da lida com os peixes espalhados
em seus fundos.
Menssageiro ( sic ) passa rente às pedras, encalha
na areia e já mãos ágeis o guiam e puxam. Parcos peixes, tão
diferente dos tempos da saudade. ' Trinta real ' leva.
' Meu padrinho, o Dequinha ( ABAIXO ) , era vigia ali entre a lagoa e o mar.
Tinha uma duna; quando via o cardume de tainhas, fazia sinal com
um casaco, qualquer coisa, e eles iam colocar a rede de arrasto.
As
mulheres levavam almoço pra ele, aí ele comia, ficava com sono, e
muitas vezes rolava duna abaixo.
Tinha o vigia do Sul, que era ele,
e o do Norte, que era o Anásio ( ABAIXO ) , irmão do Dequinha. Pegava muita
tainha aqui ' .
E continua Etevaldo : ' Agora não dá mais, pois o mar
leva e traz de volta, aí construíram aquelas casas todas entre o mar
e a lagoa ( ABAIXO ) ,
o mar levou muita coisa e ficaram os pedaços no fundo,
acabou a pesca de arrasto ' . ( ABAIXO )
Etevaldo Oliveira morava entre o mar e a lagoa. ' Tinha peixe
e camarão ( ABAIXO ) na lagoa e uma duna bem grande perto dela.
De noite,
as mulheres iam até lá e levavam as crianças e a gente rolava lá de
cima. Em noite de lua cheia, a luz batia na água, era a coisa mais
linda.
Aquilo era um paraíso, só tinha uma dúzia de casas de
pescadores,
até que lotearam tudo e deram uma casinha para cada
pescador, lá perto de onde é a Câmara de Vereadores ( ABAIXO ) . E a lagoa
virou um esgoto. '
Conta que ouviu que ali, na Praia Central ( ABAIXO ) , onde tem aqueles
canos e entra um riacho, era rio de entrar com vela
e pescar robalos ( ABAIXO )
e tainhas. Somente uns pingos de água escura na praia ainda o
testemunham.
Gaivotas ( ABAIXO ) nos telhados e nas pedras, à espera dos restos da
limpeza dos peixes, mas não há evoluções. Falta-lhes Fernão
Capelo.
Um homem deposita algumas entranhas de peixe próximo
às ondas e o céu se metamorfoseia em asas e cantorias.
Um
cachorro com cara de quem se diverte, aguarda até que elas se
aproximem dos petiscos e, calmamente, dirige-se até elas,
provocando novo alvoroço.
O mesmo homem tenta tocá-lo de lá.
Acho que ele sorri sacanamente ao dar alguns dribles nele e,
desdenhosamente, afasta-se com ar superior, afinal já havia se
divertido o suficiente.
E as proas ainda buscam o mar. "
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