Já estava na hora de ela voltar a trabalhar ! Consultando a nossa velha e inseparável amigo , a ENCICLOPÉDIA UNIVERSAL , a sua resposta em relação á palavra SILÊNCIO foi a seguinte : " Ausência de ruídos , recusa de falar , estado de quem se cala ; privação voluntária voluntária de falar , escrever , ou de qualquer modo , de manifestar o pensamento ; sossego , tranquilidade ; segredo , descanso ; estado de paz ou inação , estado calmo , mistério ; suspensão que um orador faz no seu pronunciamento ; omissão de explicação . 2- Abstenção de publicar uma notícia ou fato , ou comentário......" Como somos curiosos e não nos contentamos com esta explicação ,procuramos saber a origem da palavra e , como boa parte do vocabulário da complicada e complexa língua portuguesa , ela tem origem no LATIM : vem de SILENTIUM ( que significa " ato de ficar quieto " ) e SILERE ( que significa " quieto " ou ainda "evitar ruído " ) . Uma curiosidade histórica : a palavra SILÊNCIO pareceu pela primeira vez em um texto escrito em língua portuguesa no ano de 1190 e por volta da mesma época surgiu no hoje extinto FRANCÊS ARCAICO um termo chamado SILER , cujo significado era "calar-se " . Também vem do antigo Império Romano outra curiosidade relacionada à palavra SILÊNCIO : os oficiais do exército romano que tinha a nada nobre função de fazer os escravos se calarem eram chamados de SILENCIÁRIOS ......Agora , de volta para 2016 : a cada semana que passa o escritor são bentense DONALD MALSCHITZKY nos surpreende cada vez mais ! Na crônica de hoje - dando um show de talento e lirismo - ela traz uma definição bem particular e especial do que entende ser o SILÊNCIO .......CONFIRA :
"Chove e faz frio nesta sexta-feira em que escrevo
e a casa se
repleta de convites à reflexão que levam a versos de ' Sound of
silence ' : ' As palavras, como silenciosas gotas de chuva caíram/ e
ecoaram nas fontes do silêncio ' .
Vinícius, meu filho, quando ainda
engatinhando, ao ouvir essa música, disparava para frente do toca-
discos e lá ficava, como se hipnotizado.
Talvez por isso, até hoje, a
cantarolo sempre que algo me leva a mudar de pensamento.
Não há silêncio ; é nele que descobrimos sons que nos gritam :
' Estamos vivos '.
Gatos sabem pisar com pés de veludo, mas a grama levanta
suaves murmúrios,
como se de acariciamento, quando tocada pelo
andar felino em noite de calmaria.
O campo, principalmente onde há poucos capões, respira
silêncio, mas a brisa, quando penteia o campo, deixa sua canção,
o
orvalho, ao deslizar pelo capim, traça um caminho de rio e dá para
escutá-lo pelos olhos,
e a geada, ao se partir, imperceptível, imita
o sopro da geleira que se rompe.
Há um mar adormecido nos quietos búzios vazios e que só
acorda ao contato da concha
com a orelha de criança que quer
levar o mar para cima da serra.
Ao quebrar as ondas, o mar ( ABAIXO ) empilha
sons de forma a, de longe, parecer não uma quebrança, mas um
rugido de tempestade com preguiça de ganhar força.
Já distante da
praia, na mansidão do azul, seu silêncio não mais que borbulha nos
cascos dos barcos ( ABAIXO ) ou nas mãos que desenham efêmeras figuras
em sua superfície. Dentro da concha, seu som respira.
Florestas não se calam, há sempre um chilreio, um miado,
galhos se roçando como se amor fizessem, folhas a flutuar até
tocarem o solo
e, no caminho, a passar seus dedos em outras
folhas, às vezes algazarras de bandos de animais,
mas há um
momento em que o silêncio se instala pesado: quando o céu
prepara uma trovoada,
todos os sons se abrigam e os ouvidos se
afinam à espera do primeiro trovão e dos pingos que, pesadamente,
tamborilarão nas copas.
A neve tem um silêncio de abafamento: o som se encurta e é
absorvido pela brancura como se não tivesse pagado pedágio para
ir adiante.
Não há silêncio mais profundo do que o ar na neve em
dia sem vento.
E esse silêncio pode mergulhar e ser levado em
segundos em avalanches.
Não há silêncio, há apenas sons que descansam. Alguns
dormem um pouco. "
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