terça-feira, 2 de junho de 2015

Na Big Apple

Num daqueles dias do ano de 1626 aquele holandês de nome PETER MINUIT , um burocrata representando o governo de seu país , há de ter pensado : " TALVEZ TENHA SIDO O NEGÓCIO MAIS FÁCIL QUE FIZ EM TODA A MINHA VIDA ! " , e realmente foi muito fácil : pela bagatela de 60 florins , a moeda de seu país ( que equivalia a 1.000 dólares em 2006 ) , ela comprou uma ilha de cerca de 87 quilômetros quadrados . A presença de europeus não nenhuma novidade ali : no já distante 1524  um navegador italiano , de nome GIOVANNI DE VERRAZANO e a serviço da França , havia estado ali por um brevíssimo período , em 1614 seus compatriotas holandeses haviam estabelecido um pequeno entreposto de comércio de peles de animais ao sul daquela mesma ilha e até os antigos VIKINGS já teriam estado ali......Quem vendeu a ilha ? seus antigos senhores : os índios LANAQUES , que como seus irmãos do resto do continente seriam dizimados nas décadas seguintes em virtude de confrontos armados com os sempre bem armados "homens barbudos e pálidos " e de doenças trazidas por esses ( em 1700 viviam naquele mesmo local apenas 200 lanaques ) . O rústico vilarejo que surgia ali , habitado em sua maioria por comerciantes de peles , ganhou um nome um tanto pretensioso ; NIEUW AMSTERDAM , ou NOVA AMSTERDÃ , não lembrando em quase nada a já famosa e progressista capital holandesa . A soberania batava não durou muito : em 1664 , após uma longa guerra de 13 anos entre Inglaterra e Holanda , o já promissor e bem localizado vilarejo passava aos ingleses e ali passava a tremular a bandeira branca com a grande cruz vermelha de São Jorge . Generoso , o então rei inglês CARLOS II presenteou aqueles terras ao seu irmão JAIME , o futuro rei JAIME II e que naquela época tinha o título de duque e que levava o nome de uma velha cidade inglesa fundado pelos antigos e temíveis vikings : YORK . O novo dono do lugar poderia ter sangue azul mas os moradores locais sofriam como meros mortais : ao longo dos séculos 17 e 18 o vilarejo foi atingido por 8 epidemias de FEBRE AMARELA , dizimando boa parte de sua população .
     Caso isso fosse possível , o holandês Peter , seus compatriotas e os índios lanaques ao voltarem ao lugar , em um misto de admiração , surpresa e espanto , perderiam-se com facilidade entre aquele verdadeiro oceano formado por pessoas das mais diversas partes do mundo , carros , motos e ônibus , cercados por uma verdadeira selva de pedra .......Com certeza os holandeses e os índios se perguntariam : ESTAMOS MESMO NO LUGAR CERTO ? O outrora rústico vilarejo não só cresceu como agigantou-se , tornando - em um pequeno território de aproximadamente 784 quilômetros quadrados - uma colossal metrópole de quase 8, 5 milhões de habitantes , sendo que cerca de 36 % deles são estrangeiros e ali , na pequeno território , são faladas cerca de 800 línguas ! TORRE DE BABEL , CAPITAL DO MUNDO , BIG APPLE , CORAÇÃO DO CAPITALISMO E DOS ESTADOS UNIDOS , qualquer palavra ou expressão  , em qualquer língua , é ainda insuficiente para definir o que pé NOVA IORQUE .......Na crônica de hoje , ou melhor na viagem de hoje , o escritor  DONALD MALSCHITZKY  é nosso guia em uma passeio pela colossal metrópole . CONFIRA :
"Depois de 20 anos volto a Nova Iorque ;

 nesta primavera muita coisa diferente e muita coisa boa , como estar coma Cida , esperando o Matias - neto dela - chegar , na companhia da Camila , minha enteada , e sua família que nos faz sentir mais do que em casa .
    Acho que foram os filmes que criaram na minha mente um certo ranço classificatório para alguns bairros da cidade ; Brooklyn ( ABAIXO ) era um deles .

 Começou a mudar ao conhecer o Romeo , marido da Camila , nascido e criado no bairro , lendo jornais e revistas e um livro - ' Brooklyn Was Mine ' - de escritos nascidos ou que moram aqui . 
    Mudou totalmente no domingo , com o silêncio e as ruas pouco movimentadas , apesar de ser um bairro muito grande numa cidade enorme e estamos em Greenpoint ( ABAIXO ) , uma área bem pulsante . No domingo ao anoitecer , caminhando com o Romeo , uma sensação de tranquilidade e segurança , de ter tudo à mão - mercado , verdureira-fruteira , farmácia , etc.....- caminhando poucos minutos . Essa sensação de tranquilidade foi reforçada num parque com gente fazendo piquenique , ginástica , caminhando , jogando futebol , vôlei e uma versão do baseball . 

No outro dia , um pulo até o East River ( ABAIXO ) , outro parque às margens do rio ; crianças , adultos , pessoas em trajes de banho , tomando banho de sol , e não estava quente .

    A Estátua da Liberdade sempre foi um ícone de boas - vindas aos imigrantes do mundo todo ;

 as coisas mudaram , mas aqui parece que não ; num raio de caminhada de menos de 20 minutos , encontram-se restaurantes , padarias , bares , consertos de calçados , lojas , seja o que for , de poloneses , indianos , mexicanos , tailandeses , italianos , japoneses , chineses , cubanos , árabes e mais o que esqueci  . ( ABAIXO RESTAURANTES DE COMIDA BRASILEIRA ) 

 Meu filho que está metido a fazer cerveja , disse que eu tinha que ir ao Brooklyn Brewery ; ( ABAIXO )

pois descobri que fica aqui ao lado , para ir e voltar a pé sem medo .
   Pela profissão acima dá para imaginar a Babel linguística

 que impera , como em toda Nova Iorque , mas aqui mistura mais . Na rua , é divertido ouvir as músicas de tantos idiomas , ( ABAIXO ,MÚSICOS DE RUA EM NOVA IORQUE )

 alguns parecem brigados , outros cantados , outros sussurrados , enfim , um caleidoscópio linguístico . Na casa da Lucy , falamos inglês , espanhol e português , às vezes ao mesmo tempo ou até misturando , tudo numa mesma frase . E funciona !
   A Lucy acaba de chegar ; contei que escrevo sobre Brooklyn e ela : ' É o melhor lugar do mundo ' . É assim que quem mora aqui se sente . " 

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