sexta-feira, 31 de julho de 2015

Entrevista : BERNADÉTE SCHATZ COSTA

Em 1957 o Brasil vivia um período e euforia e esperança : BRASÍLIA , tida como uma loucura sem pé nem cabeça e adiada durante décadas , finalmente começava a sair do papel , pelas mãos e o sacrifício de milhares de nordestinos , os CANDANGOS . Aos poucos o país começava a experimentar um intenso crescimento econômico , com levas de antigos agricultores dirigindo-se aos grandes centros urbanos e várias empresas estrangeiras de grande porte instalando filiais aqui em terras tupiniquins . Naquele ano o Brasil também pôde entrar para um seleta lista de países visitados pela tradicionalíssima companhia de balé BOLSHOI ( a companhia viria ao Brasil mais 6 vezes ) . O nome Bolshoi significa GRANDE e a sua origem faz jus ao nome : em 1776 o príncipe russo PIOTR  URUSSOV obteve a permissão da poderosa czarina CATARINA II para criar uma companhia que realizasse espetáculos de teatro , música e festas de máscaras  e a criou ,  juntamente com um inglês chamado MICHAEL MADDOX . As apresentações , a princípio , ocorriam para públicos restritos e só em 1780 a companhia passou a ter o seu próprio teatro . O TEATRO PETROVSKY acabou sendo atingido por um incêndio em 1805 e a partir dos restos do antigo teatro foi construída a atual sede da companhia , inaugurada em 1825 e reinaugurada em 2011 . Um dos instrumentos de propaganda da falecida União Soviética , a partir de 1996 começou a ganhar corpo uma ideia : criar uma filial fora da Rússia e  que seguisse  a mesma metodologia da matriz russa . Japão , Austrália e Estados Unidos disputaram o privilégio de ter essa honra mas a escolha acabou sendo por Joinville . Pesou na decisão o fato de o FESTIVAL DE DANÇA DE JOINVILLE ser um evento de qualidade e de alcance internacional , a calorosa recepção que a companhia teve na edição de 1996 do festival e a influência política do recém falecido LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA .

    Fama , reconhecimento , teatros lotados , dinheiro ........todos os 305 alunos da filial brasileira do Bolshoi , oriundos de 20 Estados brasileiros e de 4 países - Argentina , Colômbia , Paraguai e Holanda - têm esses sonhos e uma das pessoas que ajudam a torná-los reais é BERNADÉTE SCHATZ COSTA . Nascida em Blumenau  e radicada desde 2000 em Joinville , formada em Pedagogia e em curso de Secretariado , desde 2002 ela trabalha na casa , mais especificamente na assessoria da presidência e na direção geral . Bernadéte também atua em outras frentes : é palestrante , editora e atuou na coordenadoria editorial de 5 livros . Ainda adolescente descobriu uma vocação : a literatura , escrevendo poemas . Por diversos motivos , como " o ter que ganhar o pão de cada dia " , seu primeiro livro só foi publicado na maturidade . No início deste ano , se dispôs a assumir uma tarefa difícil : substituir DAVID GONÇALVES , um dos nomes mais expressivos da literatura joinvilense , na presidência da ASSOCIAÇÃO CONFRARIA DAS LETRAS , uma das entidades que reúnem os escritores da cidade . Trabalhadora e dinâmica , vem procurando dar a sua cara à entidade . Nesta nossa conversa com Bernadéte ( ABAIXO )  , ela se revela um pouco mais . CONFIRA :



- EM QUE MOMENTO VOCÊ PERCEBEU QUE PODERIA SER ESCRITORA ? ALGO A INSPIROU NESSA ESCOLHA ? 
BERNADÉTE - Escrevo poemas desde a adolescência. Ao chegar nos 50 anos senti que era o momento para mostrar minha produção, foi quando lancei meu primeiro livro de poemas  - Sonhar, escrever e viver 9 ABAIXO ) , em 2011.

 2 - DE TODOS OS SEUS "FILHOS ", OU SEJA, SEUS TEXTOS E LIVROS , QUAL É O SEU PREFERIDO ? COMO É O SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO ?
BERNADÉTE - Das poesias que escrevi há muitas que gosto, pelo tema e profundidade. Mas meu segundo filho - o livro - A Dança que Encanta Criança ( ABAIXO , BERNADÉTE COM O LIVRO ) , veio cheio de surpresas. Como é um livro infantil, o contato com as crianças tem me trazido grande aprendizado.

O processo de criação vem da observação. Os detalhes sempre me fascinaram e são eles que me inspiram a escrever poemas, do mesmo modo veio a Dança que Encanta Criança, da observação. De perceber que as crianças precisavam entrar no universo da dança,

 de forma lúdica e didática, pela leitura.
 3 - COMO AS PESSOAS REAGEM A SEUS LIVROS ? EXERCE ALGUMA OUTRA ATIVIDADE ARTÍSTICA? 
BERNADÉTE - Minhas poesias falam do cotidiano e de momentos da vida,

 recebo muitos comentários das pessoas dizendo que se veem nos versos.
Já o livro infantil é muito bem recebido pelas crianças e por professores de balé. A maneira como entro no universo da dança é inédita, pois abordo o tema de forma didática, o que propicia ao livro um excelente instrumento de trabalho para os professores, junto aos alunos. 

Diretamente não exerço atividade artística, mas trabalho na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, ( ABAIXO )
 o que me permite estar sempre próxima ao movimento artístico e cultural da cidade. Minha interação com o mundo literário parte da escrita e se complementa no trabalho editorial e na Presidência da Associação das Letras ( ABAIXO , MEMBROS DA ENTIDADE ) , assumida este ano (2015). 

4 - COMO VOCÊ VÊ A CULTURA EM JOINVILLE? CASO VOCÊ FOSSE A PESSOA RESPONSÁVEL POR GERIR A CULTURA DE JOINVILLE , O QUE FARIA ? 
BERNADÉTE - Penso que as políticas culturais estão em desenvolvimento não só no Brasil como um todo, mas também em Joinville. Muitas coisas já foram feitas, mas ainda há muito a ser conquistado. O Plano Nacional de Cultura está sendo elaborado por muitas mãos e mentes. O que certamente dará uma amplitude para vários setores da sociedade. 
Se eu fosse a pessoa responsável pela cultura em Joinville, buscaria recursos para a construção de um Teatro Municipal maior

 para a maior cidade do Estado. Vejo que este investimento viabilizaria o desenvolvimento da música, do teatro e da dança. Com uma casa para as artes Joinville ganharia em muitos aspectos, poderia também receber os grandes espetáculos do circuito nacional. 
Trabalharia com projetos culturais nos bairros, ( ABAIXO , BAIRRO PARANAGUAMIRIM )

como o incentivo para a dança, música, teatro, leitura.  Sabemos que o conceito de cultura é bastante complexo. Assim, é importante conhecer o que cada indivíduo guarda do mundo que o cerca e com este conhecimento provocar a intercessão das redes culturais.

 5 - POR ÚLTIMO, QUE MENSAGEM GOSTARIA DE DEIXAR AOS LEITORES DO ALAMEDA CULTURAL ? 


BERNADÉTE - Para que possamos transformar a sociedade e torná-la melhor, para que tenhamos um mundo com menos violência, é necessário possibilitar que as diversas modalidades da arte cheguem à população que não tem acesso aos bens culturais. 

Um livro pode fazer grande diferença na vida de uma criança. Um livro tem o poder de transformá-la ao apresentar possibilidades, ao dar assas a sua imaginação e permitir sonhos.


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