segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Minha Vida , Meu Palco

Isso até já se tornando algo rotineiro aqui no ALAMEDA CULTURAL : ultimamente este pobre e limitado escriba tem aberto todas as semanas com algum tipo de confidência pessoal  ( até estou pensando em criar uma sessão neste blog : " INTIMIDADES DE LUCIANO " ) . Pois , para não perder o costume , o leitor - e a leitora - que todos os dias toma a corajosa atitude de acessar este muy modesto blog iniciará mais uma semana com mais uma revelação : afirmo , com todas as letras e toda a convicção , que NÃO ACREDITO NO AMOR !....... Antes que você me critique e taxa de "DESALMADO " , "CORAÇÃO DE PEDRA ", "GELADO " , " INSENSÍVEL ", entre outras "cositas más " , irei esclarecer que o tipo de amor no qual não acredito é aquele que está presente nas tramas de filmes e novelas ( o teatro é mais sincero e verdadeiro ) , nas letras das mega melosas canções românticas ( quem é mais velho , deve se lembrar do casal de irmãos norte-americanos CARPENTERS , que fizeram estrondoso sucesso nos anos 70 justamente com esse tipo de música e que por isso tiveram as suas canções taxadas de "MÚSICAS-BAUNILHA " ) e  até mesmo em anúncios comerciais . Agora seja bem sincero caro leitor , e cara leitora : exceto aquela inexplicável forma de amor que você tem por seus pais e que eles têm por você , você seria capaz de largar tudo , fazer os maiores sacrifícios de sua vida , "mover céus e terra " e até mesmo se humilhar por causa de uma pessoa pela qual você se sentiu atraído , e atraída ? É claro que existem aqueles que são capazes de tudo isso , mas eles não são  a regra : a nossa tão limitada espécie humana está repleta de falhas e , acima de tudo , É EGOCÊNTRICA e , portanto , até mesmo uma das mais sublimes de nossas manifestações - o sentimento de afeição por outrem - não é infalível ! Ah , depois de todos os pontos , vírgulas e argumentos que usei até agora você ainda não se convenceu ? Bom , então vamos lá : suponhamos que uma moça pertencente a uma das famílias mais ricas , antigas e influentes do mais rico Estado brasileiro - São Paulo - , no ardor e romantismo de seus 19 anos de idade conhece e apaixona-se perdidamente por um rapaz mais ou menos da mesma idade e que é membro de uma família igualmente antiga e tradicional . Só que existe um problema , ou melhor , dois problemas tamanho família : a família do rapaz perdeu toda a fortuna que tinha e hoje vive apenas de nome e o jovem - que é estudante de Medicina - tem uma  fortíssima simpatia e até uma certa militância no ANARQUISMO , movimento político que defende não "só " a mudança radical da sociedade - com o fim de países , Estados e cidades , por exemplo - mas até mesmo a morte dos "bacanas " ! É claro que os aristocráticos pais da moça acabam ficando " fulos da vida " com isso : não só a proíbem de continuar namorando com "aquele rapaz que queria mudar o mundo " - como cantava o saudoso cantor-poeta CAZUZA ( 1958-1990 ) - como a obrigam a se casar com um dos bad boys da história , um mulherengo e riquíssimo amigo de seus pais . Após anos de um casamento infeliz , ela - que ao invés de envelhecer fica ainda mais linda com o passar dos anos -  finalmente se separa ; casa-se fora do país com um riquíssimo , influente e também mulherengo empresário de origem italiana - mais seu amigo do que marido - e - ALELUIA ! - , muitos anos e inúmeros e terríveis obstáculos depois finalmente reencontra e vive feliz para sempre com o seu idealista e pobretão amado ( Aêêê !!!! ) ......Parece história de NOVELA : e foi mesmo , ou melhor , foi algo próximo a isso .......Entre 6 de janeiro e 5 abril de 2004 foram ao ar , pela TV Globo , os 54 capítulos da ótima minissérie "UM SÓ CORAÇÃO " : escrita pelo trio de dramaturgos MARIA ADELAIDE AMARAL- ALCIDES NOGUEIRA - LÚCIO MANFREDI , ela contou um pouco da história da hoje poluída , caótica e colossal São Paulo e fez parte das celebrações da emissora carioca pelos 450 anos de fundação da megalópole paulista . É claro que essa trama foi bem fiel ao tal padrão Globo de dramaturgia e qualidade : muitas intrigas , brigas , desencontros , traições , pessoas más e vingativas e um love story que não fica nada a dever ao mais legítimo e meloso dramalhão mexicano ......Em boa parte - senão em todas - as manifestações artísticas existe algo chamado LICENÇA POÉTICA , ou seja aquele momento em ficção e realidade se misturam : o tal galã pobretão e idealista que citei há pouco - o nome do personagem era MARTINHO PAES DE ALMEIDA e foi interpretado ator carioca ERIK MARMO ( Quem é esse caboclo ? ) - foi fruto da imaginação do trio de dramaturgos da trama global mas a tal moça de família rica realmente existiu , e como existiu !
 
       Interpretada na trama global pela estonteante e eternamente "gata " ANA PAULA ARÓSIO ( Por falar nisso , aonde andará a eterna garota-propaganda da Embratel ? ) , YOLANDA de Ataliba Nogueira PENTEADO  nasceu em "berço de ouro " 18 quilates e mamava em mamadeira de diamante : seu pai ( Juvenal Leite Penteado ) era um dos magnatas paulistas do café e sua mãe ( Guiomar Ataliba Nogueira ) era de família igualmente antiga e aristocrática . Nascida ( em 6 de janeiro de 1903 ) e criada na fazenda "Empyreo " , na cidade de Leme ( vizinha de Rio Claro - a cidade natal do famoso político ULYSSES GUIMARÃES - e estando localizada a 190 quilômetros de São Paulo , tinha em 2016 uma população de 100.216 pessoas ) , Yolanda era uma mulher independente , inteligente , culta , refinada , apreciadora de todos os tipos de manifestações artísticas , colecionadora de obras de arte , teve rápidos romances com o magnata da imprensa - o paraibano ASSIS CHATEUBRIAND ( 1892-1968 ) e o tímido "PAI DA AVIAÇÃO " - ALBERTO SANTOS-DUMONT ( 1873-1932 ; depois dizem que ele não gostava de mulher......) - e estava  bilhões de anos-luz a frente de sua época . Só que , apesar de tanta liberdade , o seus pais já haviam determinado o seu futuro : em uma época em que o papel da mulher na sociedade não ia muito além de casar , reproduzir , obedecer , criar , calar-se e , no máximo , tocar piano - se fosse de família rica - , Yolanda acabou sendo obrigada a casar-se com um amigo de seus pais , o também aristocrata JAYME DA SILVA TELLES . Para horror de uma sociedade machista , tacanha , conservadora  e que determinava que uma dita "mulher direita " jamais deveria se separar , depois de 13 longos anos de um casamento infeliz Yolanda se desquitou e para horror ainda maior - dessa vez da alta society paulista - , em 1943 casou-se no México com o multimilionário e influentíssimo empresário paulistano Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho , o CICCILLO MATARAZZO ( 1898-1977 ; apesar de os casamentos entre famílias antigas de São Paulo e imigrantes ou descendentes de imigrantes italianos terem sido até comuns , os primeiros viam esses últimos com desprezo e os chamavam pejorativamente de "CARCAMANOS "......) , que , para delírio da mulherada , na trama global foi interpretado pelo galã ÉDSON CELULARI ( filho do imigrante italiano ANDREA MATARAZZO , Ciccillo ganhou notoriedade por ter sido um dos maiores incentivadores , apreciadores e investidores de artistas e projetos culturais em terras tupiniquins - o TEATRO BRASILEIRO DE COMÉDIA e a companhia cinematográfica VERA CRUZ , por exemplo foram inciativas dele - e ainda encontrou tempo para ser político : foi prefeito do já badalado balneário paulista de Ubatuba entre 1964 e 1969 ) . Embora não pudesse ter filhos por ter um útero de menina , Yolanda teve muitos filhos , pelo menos sentimentais : a sua sobrinha preferida - MARILU ( Maria de Lourdes Pujol Penteado de Moraes )  - e gente , como os artistas plásticos ANITA MALFATTI , VICTOR BRECHERET , TARSILA DO AMARAL , LASAR SEGALL , os poetas OSVALD DE ANDRADE e GUILHERME DE ALMEIDA , o escritor e folclorista MÁRIO DE ANDRADE ......Juntamente com político gaúcho -radicado em São Paulo - JOSÉ DE FREITAS VALLE ( 1870-1958 ), de quem era amicíssima e praticamente irmã , foi uma das grandes idealizadoras e incentivadoras da revolucionária SEMANA DE ARTE MODERNA , ocorrida em fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo e que é tida por muitos historiadores e especialistas como o início de um tipo de arte verdadeiramente brasileira . E Yolanda não ficou só nisso : ele foi uma criadoras , ou teve participação importante , da BIENAL DE ARTES DE SÃO PAULO ( 1951 ) , dos museus DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE SÃO PAULO ( 1948 ) , DE ARTE DE SÃO PAULO ( 1947 ) e dos museus regionais de Olinda , Campina Grande ( Paraíba ) e Feira de Santana ( Bahia ) .
 
      Em tempo : Yolanda acabou doando praticamente todo o seu acervo de obras de arte e acabou investindo uma considerável parte de sua fortuna nesses projetos ( Que beleza ! Pessoas que pensam em prol da coletividade : artigo que anda ultimamente raro .....) . Querida , amiga e respeitada por muitos artistas - tanto nacionais quanto estrangeiros - já no fim da vida , mais especificamente em 1976 , ela teve tempo de escrever o autobiográfico , divertido e revelador " EM COR DE ROSA " e em 14 de agosto de 1983 , ocasião em que encontrava na cidade norte-americana de Stanford ( um dos pólos universitários dos States , a cidade recebeu os 3 primeiros jogos do Brasil na Copa de 1994 ) , esse verdadeiro furacão do bem cessou , ou melhor , morreu : seu último desejo foi que seu corpo fosse cremado e que as cinzas fossem jogadas na fazenda em que nasceu , cresceu e viveu e que  já não pertencia mais à ela . Sábia decisão , pois caso tivesse sido enterrada estaria se remexendo no túmulo , e com razão : ironicamente uma das pessoas que mais lutaram e apoiaram a cultura nacional acabou tendo a sua memória desrespeitada no momento em que foi aberta uma rodovia , cujo trecho passa justamente no local da antiga fazenda (Ê , Brasilzão ! ).....Apesar de não ter uma origem aristocrática como a de Yolanda Penteado , a personagem do texto que você irá conferir guarda várias semelhanças com ela : a alegria de viver ; a paixão , o incentivo e a luta por qualquer forma de arte ; o seu jeito independente e o fato de ter nascido para brilhar e ser o centro dos holofotes . A joinvilense MARISETE DA SILVEIRA ainda guarda outra semelhança com Yolanda Penteado : a de ter vivido histórias tão curiosas e interessantes quanto a da magnata paulista . OPA ! EU FALEI EM CONTAR HISTÓRIAS ? Ah , sim , é claro : falou nisso , falou em ROBERTO SZABUNIA ! O que você terá o prazer de conferir é um dos memoráveis PERFIS feitos pelo FORREST GUMP de Joinville para o hoje lamentavelmente falecido jornal "NOTÍCIAS DO DIA "e que foi originalmente publicado em janeiro de 2016 ......CONFIRA :
 
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Desde que fazia o ensino médio no colégio Celso Ramos ( ABAIXO ) , Mari sabia que seu futuro profissional estava ligado à arte e à cultura.
 
 ' Com 6 anos eu já cantava no coral da igreja ( ABAIXO ) e participava do teatro, tanto no palco como nos bastidores, fazendo figurino e cuidando de outros detalhes da produção. '
 
Nascida Marisete da Silveira em setembro de 1965, em Joinville ( ABAIXO , UMA VISÃO AÉREA DE JOINVILLE EM 1964 ) , Mari também teu seu lado místico : ' Nasci no dia 3, a soma dos algarismos do meu ano dá 21, 2 mais 1 é 3, sou a terceira filha. Sou de Virgem com ascendente em Sagitário, elementos terra e fogo que se completam ' .
 
Criada no Boa Vista ( ABAIXO ) , ainda se lembra de quando jogava vôlei com sua turma no meio da rua Helmut Fallgater.
 
' Um dos postes da rede era móvel, para retirar quando passava carro. Também subíamos o morro do Boa Vista ( ABAIXO ) , até onde havia uma santa, quando as antenas estavam sendo erguidas lá. '
 
Porém, mesmo tendo a arte correndo nas veias, foi o curso de Administração que Mari fez no Celso Ramos. ' Acho que escolhi essa opção, em vez do Magistério, porque na escola eu já atuava na organização das apresentações teatrais, era uma promotora desde criança ' , justifica. ' Nunca tive medo de público. ( ABAIXO )  '
 
Assim, Mari acabava sendo chamada pelos professores e pelas direções dos colégios para organizar o movimento cultural dos estabelecimentos. ' Com 14 anos fiz teatro na Casa da Cultura ( ABAIXO ) , com o professor Dionísio Maçaneiro.
 
Lembro-me de uma peça que falava sobre ecologia, em que eu interpretei uma coelha. Usávamos máscaras de papel-machê confeccionadas pela Albertina Tuma, que era professora de cerâmica. Já naquele tempo apresentávamos a peça dentro das fábricas, algo que a Albertina  ( ABAIXO ) depois levou para o Festival de Dança. '
 
Depois de trabalhar um tempo como vendedora numa loja de roupas, Mari trabalhou um tempo na Elwo Som Center. ' Fiquei só três meses, pois eu ouvia os discos mais do que vendia. '  De lá, foi para a agência de propaganda Nova Real, de Ramiro Gregório da Silva ( ABAIXO ) e Ivan Rossi, no edifício Manchester. Ali também fez um círculo de amizade com os jornalistas que trabalhavam na sucursal do jornal ' O Estado ' , que a levavam para os eventos de arte e cultura.
 

APRENDIZADO CARIOCA

Com 18 anos, Mari desembarcava no Rio de Janeiro, disposta a se aperfeiçoar na área de produção artística. Trabalhou em agências, conheceu artistas, envolveu-se nos meandros dos bastidores e pavimentou o caminho de promoter.( ABAIXO , A FACHADA DE UM DOS MAIORES ESPAÇOS CULTURAIS DO RIO DE JANEIRO NOS ANOS 80 : O LOCAL DE SHOWS "CIRCO VOADOR " )
 
 ' Não cheguei a fazer faculdade, mas fiz diversos cursos de aperfeiçoamento. Trabalhei em teatro, e um amigo me levou ao Teatro Fênix ( ABAIXO , EM FOTO TIRADA NA ÉPOCA DE SUA INAUGURAÇÃO : 1910 ) , onde eram gravados programas da TV Globo. Fiz um pouco de tudo, até figuração em clipes, mas sempre gostei mais da produção, e era chamada para gravações. '
 
O período carioca foi produtivo e importante para Mari definir seu caminho. Na verdade, várias direções, onde fosse necessário atuar na promoção e na produção, de clipes, shows, eventos e até novelas.
Em 1990, o destino era Florianópolis, trazendo na bagagem um prêmio ganho pela produção de um clipe de Cazuza ( ABAIXO ) .
 
Da  ' Ilha da Magia ' , além de mais experiência, Mari trouxe dois filhos. ' O chamado de Joinville ( ABAIXO ) era forte, e acabei voltando. Trabalhei muito com a produtora de vídeo Câmera 1, acumulando mais experiência na promoção de eventos.'
 
Há cerca de dois anos, enfim, Mari Silveira colou seu nome à ' Batataria & Pizzaria Capitão Space ' ( ABAIXO )  , como produtora cultural. O local se tornou, além de opção gastronômica, um palco tanto para talentos locais quanto para atrações nacionais. ' No meu primeiro evento aqui me chamaram de louca ' , lembra, referindo-se ao Carnaval do Capitão Space. "
 

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