quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O Passeio

Aquela data - 28 de setembro de 1851 - , sem dúvida alguma , foi importantíssima , não só pela vinda de mais uma leva de imigrantes naquele povoado surgido apenas 6 meses- mais especificamente 75 pessoas vindas a bordo do veleiro dinamarquês GLORIOSA que chegara ao porto de São Francisco do Sul no dia anterior depois de mais de 2 meses de viagem ( partiu do porto de Hamburgo em 19 de julho de 1851 ) -

 e perdido em meio a mata quente e úmida do norte da então província de Santa Catarina : justamente aquela leva de imigrantes acabou representando um verdadeiro divisor de águas na recém iniciada história daquele povoado......

Entre aqueles imigrantes - que ao contrário daqueles que os antecederam estavam com uma fisionomia alegre - estavam 8 oficiais militares , 2 engenheiros diplomados , 1 médico , 1 doutor em em Direito , 2 candidatos a teólogos , 1 professor , 7 economistas , 5 comerciantes , 2 naturalistas , 1 marceneiro , 2 carpinteiros , 1 litógrafo , 2 jardineiros e 2 açougueiros ( quanto à sua origem , 18 deles eram oriundos de Schleswig , 18 de Holstein - ambas regiões então pertencentes à Dinamarca - , 20 eram do reino da Prússia , 5 eram do reino da Saxônia- ABAIXO , LOCALIZAÇÃO DO ANTIGO REINO DA SAXÔNIA NO MAPA ATUAL DA ALEMANHA E SEU BRASÃO -  , 1 era de Lauemburgo , 7 eram de Hamburgo e outros 4 eram suíços ; dessas 75 pessoas , 49 se radicaram definitivamente na então colônia Dona Francisca ) ........


enfim , ao invés de empobrecidos agricultores com poucos pertencentes , escasso dinheiro no bolso e uma enorme vontade de inciar uma nova vida

vieram pessoas instruídas , cultas , de poder aquisitivo médio e alto e que além de ter em comum com aqueles imigrantes que chegaram antes a mesma vontade de ter um novo começo contribuíram e acabaram sendo decisivas para dar à então colônia Dona Francisca um novo perfil , completamente diferente daquele que a SOCIEDADE HAMBURGUESA planejava dar à ela : ao invés da dita "maior colônia agrícola das Américas " uma localidade que dentro de alguns anos passaria a se industrializar e futuramente a ser uma das mais progressistas do Brasil . ( ABAIXO , O ANTIGO PORTO DO MARCADO PÚBLICO )

Entre aqueles 75 imigrantes , 7 em especial dentro de pouco tempo teriam destacadas atuações como líderes comunitários , intelectuais e empresariais : RUDOLPH ZINNECK ( durante um bom tempo um dos agrimensores e desbravadores da colônia ) ,WILHELM KREBS ( um dos primeiros médicos da história de Joinville ) , BERNAHRD POSCHAAN ( dono do primeiro grande empreendimento agrícola de Joinville ; a bordo do Gloriosa também vieram vários de seus empregados - ABAIXO ,A SUA CASA  ) ,

 ADOLF HALTENHOFF ( funcionário da Sociedade Hamburguesa , seria o primeiro prefeito de Joinville , entre 1869 e 1873 - ABAIXO , A ANTIGA SEDE DA DIREÇÃO DA COLÔNIA DONA FRANCISCA E LOCAL ONDE TAMBÉM FUNCIONOU A PRIMEIRA SEDE DA PREFEITURA DE JOINVILLE -  e suas três filhas se casariam com figuras de destaque da então colônia : FRIDRICH HEEREN , LEONCE AUBÉ e OTTO NIEMEYER ) , CARL KUMLEHN ( hoteleiro , subdelegado de polícia e um dos primeiros vereadores de Joinville ) e FRIEDRICH HEEREN ( engenheiro e funcionário da Sociedade Hamburguesa ) .

      Ah , nos lembramos agora : também falta um oitavo nome nessa lista de passageiros ilustres .......Aquele sujeito nascido no reino da Prússia , de sobrenome polonês , alma "alemã " ( a Alemanha só surgiu em janeiro de 1871 ) e um dos 4 católicos vindos à bordo do Gloriosa , descreveu da seguinte maneira a chegada àquele ainda precário lugar :

"olhares perscrutadores e ansiosos procuravam aquele lindo trapiche que viram nas publicações e as casinhas bonitas com floridos jardins . Mas , até onde a vista , alcançava só viam tocos de árvores e capoeiras . Só bem distante viram umas casinhas de sapé e um péssimo caminho a conduzir até lá "......

Militar ( era capitão e engenheiro-geógrafo do Exército prussiano ) , fez parte de um improvisado e derrotado exército ( ABAIXO ) que entre 1848 e 1850 tentou acabar com uma situação que já durava 4 séculos : o domínio dinamarquês sobre as regiões de Schleswig e Holstein .

 PETER FRANZ THEODOR RODOWICZ-OSWIENCIMSKY e seus colegas de farda podem não ter conseguido esse objetivo mas a história de Joinville deve muito à ele .......Acompanhado de sua esposa - HENRIETTE JOHANNA CAROLINE , oito anos mais jovem do que ele e luterana , e de seu irmão mais velho , JOHANN MARTIN JOSEPH , que deixaria a colônia em 30 de dezembro de 1851 , Theodor - que naquela ocasião tinha 37 anos de idade - logo se tornou uma das principais lideranças da colônia : era uma dos 11 membros do CONSELHO COMUNAL , escolhidos em novembro de 1851 pelos próprios moradores da colônia ( ABAIXO ) .

 Um dos acionistas da Sociedade Hamburguesa , viveu na atual rua Princesa Isabel , mais especificamente no local onde hoje está a Igreja da Paz , e entre tantas construções rudimentares a sua casa ( ABAIXO ) era uma das que se sobressaíam : era uma construção de dois pavimentos , feita de palmitos com revestimento de argamassa de barro misturada com folhas salpicadas e que fora construída por carpinteiros noruegueses .

 Mais tarde essa residência seria adquirida por CARL LANGE , um imigrante oriundo da então região dinamarquesa de Schleswig e que também fizera parte e fora um dos oficiais  daquele exército derrotado pelos dinamarqueses : ele era comerciante ( mais tarde também seria oficial da GUARDA NACIONAL- corporação que existiu entre 1831 e 1918 - ABAIXO - , representante do Príncipe de Joinville e prefeito de Joinville em um breve período , entre 1873 e 1874 )

 e estabeleceu ali um comércio de secos e molhados que funcionou ali até 1856 , ocasião em que em que o terreno foi adquirido pela direção da colônia e doado à comunidade luterana . ( ABAIXO , LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA DA PAZ , EM 1857 )

Em relação a Theodor , permaneceu na colônia apenas 9 meses - partiu em 7 de junho de 1852 - mas 9 meses que valeram por 9 anos : ele é autor do melhor e mais complexo relato de Joinville em seus primórdios . O relato acabou acabou transformado em um livro - A COLÔNIA DONA FRANCISCA NO SUL DO BRASIL , publicado em Hamburgo em 1853 - , portanto o primeiro livro a respeito de Joinville , bastante minucioso , trazendo além de descrições e relatos as opiniões e impressões dele a respeito de tudo o que viu e vivenciou naquele período ,  cheio de ilustrações feitas pelo próprio Theodor ( ABAIXO , UMA DELAS )  e cuja versão em português só seria publicada em 1992 !

 Caso vivesse hoje ele não teria precisado escrever dezenas , ou até centenas , de páginas e talvez até nunca precisaria escrever um livro : um simples celular com câmera ,

 as redes socais e o Youtube já resolveriam o problema........Assim como Theodor Rodowicz , existem pessoas que têm o costume fazem questão de deixar registradas para a eternidade as suas impressões e as marcas de sua passagem por este planeta e a internauta FÊ RABAGLIO ( ABAIXO ) é uma delas .......

Em uma viagem pelo sul do Brasil uma passagem por Joinville é algo quase que obrigatório e a internauta resolveu gravar um interessantíssimo vídeo , trazendo as suas impressões a respeito da cidade , os locais que visitou , dicas , imagens e informações que certamente muitos moradores de Joinville desconhecem . VALE A PENA CONFERIR !

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