E aí , amigo e fiel leitor , e leitora do ALAMEDA CULTURAL : COMO FOI A PRIMEIRA SEMANA DE 2017 ? Falando em memória , que tal embarcar agora numa viagem rumo a um capítulo pouco conhecido da história de Joinville ? E aí , estas a fim ? Beleza ! Acomode-se aí que agora lá vamos nós ! ......Você reparou que certas ruas da área central de Joinville tem placas com os seus antigos nomes , escritos em alemão ? A João Colin , por exemplo , é a antiga NORDSTRASSE , ou RUA DO NORTE ( foi ali que ficaram concentrados os poucos imigrantes noruegueses que aceitaram continuar vivendo na então colônia Dona Francisca ) ; a Nove de Março é a antiga HAFENSTRASSE , ou RUA DO PORTO ( pelo fato de ali , mais especificamente naquele marco de pedra junto ao monumento AO MAL GOSTO , ops ! , A BARCA , terem desembarcado os primeiros imigrantes ) ; a Rua do Príncipe é a antiga ZIEGLEISTRASSE , ou RUA DA OLARIA ( a tal olaria estava justamente onde hoje é a Comercial Pescaça , a princípio pertenceu ao imigrante norueguês ROLF LYNG e pode ser considerada a primeira indústria de Joinville ) ; a PRINCESA ISABEL tinha o nome de CACHOEIRASTRASSE , ou RUA DA CACHOEIRA ( consta que naquele local onde está a ponte de ferro quase em frente à Malharia Lepper existiu um pequeno porto e por ali ainda existem pedras provando que aquele trecho de rio Cachoeira também já foi encachoeirado ) , e assim por diante . Mais do que uma iniciativa louvável , ela é algo OBRIGATÓRIO : não só por uma questão de resgate histórico e de preservação da memória da cidade mas também porque é mais do que sabido ( Até o ESPERIDIÃO AMIN está careca de saber disso ! ) do que o tipo de colonizador , cultura , modo de vida , hábitos e língua - pelo menos nas primeiras décadas de Joinville - foram ALEMÃES , e sem contar o fato de que a empresa que loteou e colonizou Joinville era de um dos muitos e minúsculos países que viriam a formar a Alemanha em 1871 - a SOCIEDADE COLONIZADORA HAMBURGUESA DE 1849 , com sede na cidade-república de Hamburgo - e os colonizadores que predominaram em Joinville até 1856 eram de outro país de cultura e língua majoritariamente alemãs , a SUÍÇA . Que o elemento alemão acabou tendo fundamental importância tanto no surgimento quanto na construção na cidade , não resta a menor dúvida , MAS , MESMO ASSIM , É JUSTO DESCONSIDERAR AS DEMAIS ETNIAS QUE AJUDARAM A FORMAR A CIDADE ? ( certa vez , quando este escriba trabalhava como monitor no Museu Nacional de Imigração e Colonização , levei uma reprimenda da diretora por dizer que , apesar da predominância alemã Joinville não se resumia apenas à eles e que na verdade sua história é muito anterior à 1851 .....) .Dando uma olhada nos nomes dos bairros de Joinville , imediatamente aparecem nomes que contradizem a tão repetida , louvada e decantada "germanidade " da cidade , como Jarivatuba , Paranaguamirim , Itaum , Bucarein , Iririú , Cubatão.....mas um nome chama a atenção : ADHEMAR GARCIA . MAS , AFINAL DE CONTAS , QUEM FOI ESSE CARA ? ......Bom , esse sujeito tinha correndo em suas veias a POLÍTICA e algo restrito a poucos , a LIDERANÇA : seu pai era o empresário BELARMINO GARCIA , uma das mais destacadas lideranças políticas de Joinville nas primeiras décadas do século 20 , época em que a cidade era controlada social , política e economicamente por uma elite luso-brasileira , pejorativamente chamada de "CABOCLA " pela comunidade germânica e que em parte era constituída por famílias que já viviam na região muito antes de 1851 - como era o caso dos Garcia ( a família tem origem no arquipélago português dos Açores ) - e em parte por famílias oriundas de outras partes do Brasil , principalmente ervateiros oriundos de antigas cidades paranaenses , como Paranaguá , Antonina , Castro e Morretes . Adhemar , que nasceu em 1905 e faleceu em 1983 , haveria não só de herdar os negócios - mais especificamente a empresa exportadora de madeiras J.PAIVA E COMPANHIA - e a militância política de seu pai como também se tornaria uma estrela com brilho próprio , e cada vez mais intenso : fundou a sua própria empresa - ADHEMAR GARCIA E COMPANHIA, que mais tarde acabou tendo o seu nome alterado para FÁBRICA DE CARRETEÍS SANTA THEREZINHA ( a empresa acabou sendo adquirida pela multinacional LINHA CORRENTES S.A ) - , foi vice-presidente da FIESC ( Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina ) , diretor da EMPRESUL ( Empresa Sul Brasileira de Eletricidade , que tinha sede em Joinville e foi antecessora da estatal CELESC ) , membro do Conselho Nacional da Indústria ( CNI ) , da diretoria do Banco Regional de Desenvolvimento Econômico ( BRDE ) e , ufa ! , presidiu a toda poderosa Associação Comercial e Industrial de Joinville ( ACIJ ) durante 18 anos ininterruptos , entre 1942 e 1960 ......Em uma cidade em que se diz e se repete " AQUI SE TRABALHA ! " , esse verdadeiro líder e capitão da indústria , também era um verdadeiro mestre na tão complicada arte de FAZER POLÍTICA : foi fundador e líder do diretório local do Partido Social Democrático , o PSD ( o mais ilustre militante desse hoje extinto partido político foi o mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira , presidente do Brasil entre 31 de janeiro de 1956 e 31 de janeiro de 1961 ) , e verdadeiro "braço direito " do então governador e mais tarde senador NEREU RAMOS DE OLIVEIRA ( 1888-1958 ) , de quem , por sinal , foi um grande amigo .....
Nos anais e registros da Câmera de Vereadores de Joinville consta que Adhemar exerceu esse cargo , por sinal o único cargo político eletivo que ocupou , em apenas 2 ocasiões ( entre 1947 e 1951 e entre 1955 e 1959 ) mas na prática ele venceu , mas muitas eleições ! Político carismático e popularíssimo na já tão populosa zona sul de Joinville , o seu apoio acabou sendo fundamental e vital para as eleições de incontáveis prefeitos , vereadores e deputados estaduais e federais ( um de seus filhos , ADHEMAR GARCIA FILHO - também seguiu o tão tortuoso caminho da política : foi vereador , entre 1959 e1963 , e deputado estadual , entre 1967 e 1975 ) ......O nome do carismático Adhemar Garcia haveria de batizar também aquele , que dizia-se , seria O MAIOR CONJUNTO HABITACIONAL HORIZONTAL DE SANTA CATARINA e embora a sua construção tenha tido início em 1980 , seriam necessários mais 5 anos para que aquelas humildes e esperançosas famílias - inscritas e cadastradas desde 1982 - enfim tivessem realizado o sonho de ter o seu próprio lar : em 1985 foram entregues as primeiras casas , todas com áreas construídas de 49 metros quadrados e destinadas a famílias que tivessem uma renda máxima de 3 salários mínimos . A lei 2.815 , de 30 de abril de 1993 , era clara : a partir daquela data a região seria o mais novo bairro de Joinville . Como bairro a região , que chegou a ser chamada de "CAIEIRA" , "CAIEIRA DE CIMA" , "CAIEIRA DE BAIXO "( até a década de 50 ali funcionou um local , uma CAIEIRA , onde conchas retiradas de sambaquis eram queimadas em fornos feitos de tijolos e transformadas em CAL para construções ) e até de "TERRAS DO STOCK " ( contam os mais antigos que um vagonete puxado por 4 burros - no bom sentido , e claro - transportava barro retirado na região e o levava até uma olaria , pertencente a EMÍLI STOCK e que funcionou até 1968 na rua Agulhas Negras , no Jarivatuba ) pode até ser nova , mas ela tem muita , mas muita história para contar : ali existem 3 SAMBAQUIS , ou seja aqueles montes de conchas , restos de animais marinhos ,alimentos , objetos confeccionados e até esqueletos de membros da remotíssima e desaparecida CIVILIZAÇÃO SAMBAQUIANA . Tendo uma área de apenas 2,02 quilômetros quadrados , a população do bairro é de 9.278 habitantes , número que o faz ser apenas o vigésimo sétimo ( 27 ) bairro mais populoso da cidade mas que o faz ter uma população superior a de muitos municípios catarinenses , como Águas de Chapecó , Armazém e a italianíssima Ascurra . Se por um lado faltam renda e uma qualidade de vida mais digna para boa parte de seus moradores ( a renda per capita do bairro é 1,42 salário mínimo por mês ) por outro lado sobram solidariedade e união : no bairro existem 6 associações de moradores ( além do conjunto habitacional que lhe deu origem , também existem ali mais 5 conjuntos habitacionais ) . Outra coisa da qual não há economia no Adhemar Garcia chama-se BELEZAS NATURAIS : boa parte do bairro é aérea de manguezais e de preservação ambiental permanente , incluindo um dos locais de MAIOR BIODIVERSIDADE DO BRASIL , o PARQUE MUNICIPAL CAIEIRAS , inaugurado em 20 de março de 2004 e localizado justamente onde funcionou a antiga caieira ......Quis o destino , ou a coincidência , segundo os mais céticos , que esse lugar que faz parte daquela Joinville que não aparece em livros de História , folders , textos , cartazes e vídeos turísticos e que é tão rico de vidas , belezas , histórias , pessoas trabalhadoras e solidárias e que leva o nome o nome de uma pessoa que tão bem personificou as palavras CARISMA e LIDERANÇA fosse o berço de um dos maiores virtuoses e valores da tão esquecida e desvalorizada música joinvilense : o baterista Carlos Eduardo Floriani , ou simplesmente CADU FLORIANI , e quis também o destino , ou a coincidência , que ele seria o personagem daquele que veio a ser o derradeiro perfil feito pelo jornalista e eterno contador de histórias ROBERTO SZABUNIA para o agora desparecido jornal NOTÍCIAS DO DIA e que , infelizmente não chegou a ser publicado ......Portanto , é com imensa honra e em primeira mão , que o ALAMEDA CULTURAL publica essa matéria , feita por um dos mestres e decanos da imprensa joinvilense ! CONFIRA :
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A cena musical joinvilense é pródiga em talentos, ainda que poucos consigam fazer da arte a única forma de sustento. Carlos Eduardo Floriani ( ABAIXO ) está conseguindo, à custa de muito esforço, como se comprova na boa procura por sua escola de bateria e nos convites recebidos para shows e projetos :
' Eu sonhava em ser guitarrista, mas desde a primeira vez em que sentei no banquinho e empunhei baquetas, a bateria se tornou parte do corpo ' , diz o músico, empolgado com os projetos para o ano que se inicia – entre eles a continuidade do Dedo de Prosa nas Escolas e a participação num festival de música no Rio de Janeiro ( ABAIXO ) , em meados do ano.
Nascido em Joinville em 1983, caçula de quatro irmãos, Cadu criou-se no bairro Adhemar Garcia ( ABAIXO ) : ' Na época ainda era só um conjunto habitacional, com as casas todas iguais. Cresceu tanto que virou bairro. '
Após concluir o ensino fundamental no colégio Paulo Medeiros, fez o ensino médio no Celso Ramos ( ABAIXO ) .
Mesmo sem nenhuma raiz musical na família, Cadu sonhava em ser guitarrista : ' Aprendi a tocar violão aos 13 anos, com um professor do bairro. Queria tocar guitarra no grupo da igreja, nos cultos do Evangelho Quadrangular ( ABAIXO ) .
Mas o pastor alegou que guitarrista sobrava, o que estava faltando era baterista. Um dia, ele me mandou pegar a bateria e tocar durante um culto. Nunca tinha pegado uma baqueta, fiquei supernervoso, mas consegui acompanhar na boa. Não larguei mais ' , conta Cadu. Hoje ele é grato ao pastor Jackson, que há 21 anos sentenciou : ' Você vai ser baterista ! ' . ( ABAIXO , CADU MANDANDO VER NA BATERA )
O JAZZ COMO LINGUAGEM
O autodidatismo ganhou o reforço de aulas a partir dos 18 anos, e logo Cadu frequentava o cenário musical joinvilense. Numa de suas bandas, a Cidadãos do Bem, concretizou o primeiro projeto autoral. Eclético, toca qualquer ritmo, mas não esconde a preferência : ' Logo no início vi afinidade com MPB e bossa nova, e aos 22 anos descobri a riqueza do jazz, hoje meu gênero preferido ' . ( ABAIXO , AQUELE QUE É COSIDERADO POR MUITOS O "PELÉ " DO JAZZ : O TRUMPETISTA E CANTOR NORTE-AMERICANO LOUIS ARMSTRONG )
Ao longo destes vinte anos de carreira, desde a estreia no culto da Quadrangular, Cadu ( ABAIXO ) vem acumulando experiência com nomes consagrados da música instrumental brasileira e dividindo-a com colegas da cena joinvilense. Não se cansa de listar profissionais que o ajudaram a se aprimorar, como os bateristas Edu Ribeiro e Carlos Ezequiel, o saxofonista Vitor Alcântara e o guitarrista Cassio Moura : ' Esse foi meu grande mentor ' , reconhece.
Fez diversos cursos, entre eles um na Faculdade Souza Lima, de São Paulo, ( ABAIXO ) onde teve como mestres Bob Wyatt, Daniel Maudonnet, Nenê Batera, Gilberto de Syllos e Pedro Augusto Araújo de Oliveira Ramos.
Dividiu palco com grandes bateristas como os já citados Wyatt, Ribeiro e Ezequiel e Endrigo Bettega. No currículo constam participações em duas edições do Joinville Jazz Festival ( ABAIXO ) com o quarteto Dedo de Prosa :
' Com o Dedo de Prosa em Trio – conta – estive em uma miniturnê em Minas Gerais, sendo um dos idealizadores do Projeto Conexão Sul Minas, tocando em várias casas em São João Del Rei ( ABAIXO ) e Tiradentes, na Mostra de Cinema.'
No ano passado Cadu gravou seu primeiro trabalho instrumental com o trio Mesa Três. 9 ABAIXO ) Antes de abrir a Cadu Floriani Aulas de Bateria, com estúdio em sua casa no bairro Petrópolis, lecionou bateria nas escolas de música Artes Musicais, Conservatório Belas Artes e Arte Maior.
Patrocinado pelas marcas Grestch Drums, Bosphorus Cymbals, Evans DrumHeads e Promark Sticks, Cadu ( ABAIXO , À DIREITA ) baseia sua metodologia de ensino numa inversão : ' Primeiro, fazer o aluno tocar; depois vem a teoria ' .
Entre suas alunas está a garota-prodígio Duda Henklein ( ABAIXO ) , de 7 anos, que diz : ' Com o professor Cadu eu aprendi vários outros ritmos além do rock, como jazz, baião, samba, bossa nova... Ele é muito legal e atencioso. Além disso, adoro brincar depois das aulas com a filha dele ' .
A filha, Julia Isabel, de 8 anos , até já empunhou as baquetas, mas sem demonstrar a mesma paixão do pai. Já a esposa, Jeane, assessora Cadu no dia a dia.:' É uma grande companheira' , elogia o batera." ( ABAIXO , EM APRESENTAÇÃO COM O SAXOFONISTA JOINVILENSE GLEDISON ZABOTE )
adorooooo
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