e que atualmente apresentam um reallity show de EMPREENDEDORISMO no canal de TV paga SONY . Durante essa entrevista o próprio Gentili acabou sendo cirúrgico em uma de suas observações : nos Estados Unidos , desde a infância , as pessoas são estimuladas a terem seu próprio negócio já em terras tupiniquins ganhar dinheiro , ser bem sucedido e , ainda por cima , ser empresário são tidos quase que como crimes horríveis ( o próprio humorista - ABAIXO - é um exemplo de empreendedor : já há quase 10 anos , ele , Ítalo Gusso e o também humorista RAFINHA BASTOS são proprietários de uma casa de shows de humor em São Paulo , algo que até pouco atrás não existia no Brasil ) ......
Se hoje , em virtude desse mentalidade tacanha , absurda e atrasada e da velha corruptoburocracia ( ABAIXO ) reinante em terras tupiniquins ( no Brasil o processo de abertura de uma empresa chega a levar 5 meses , já na Austrália - um país quase tão gigantesco quanto o nosso - esse processo leva no máximo 2 dias ) , hoje em dia ainda é complicado ser um empresário por aqui imagine então no longínquo século 19 !
Legítimo visionário , o engenheiro JOÃO TEIXEIRA SOARES elaborou naquele remoto ano de 1887 um projeto ousado : uma longa FERROVIA com 1.403 quilômetros de extensão ligando a cidade paulista de Itararé ( ABAIXO ) á cidade gaúcha de Santa Maria e que com isso fizesse a ligação ferroviária entre a então capital do Brasil - Rio de Janeiro - e a Argentina e o Uruguai .
Duas coisas tornavam essa inciativa ainda mais ousada : na época existiam raríssimas ferrovias no Brasil ( em Santa Catarina , por exemplo , existia desde 1884 a ferrovia DONA TERESA CRISTINA e que ainda existe sendo uma das menores ferrovias brasileiras , com 164 quilômetros de extensão- ABAIXO , UMA DE SUAS ESTAÇÕES : NA CIDADE MARACAJÁ , AO LADO DE CRICIÚMA ) e toda a tecnologia da construção de ferrovias estava em mãos de técnicos e companhias britânicos . Só em 9 de novembro de 1889 é que esse projeto enfim seria oficializado :
nessa ocasião o engenheiro e o então imperador DOM PEDRO II ( 1825-1891 ) assinaram um contrato pelo qual o governo imperial concedia a concessão da construção e exploração da futura ferrovia , só que aí entrou a maldita POLÍTICA .....O golpe de estado de 15 de novembro de 1889 , que impôs o modelo de governo republicano ao Brasil , acabou adiando por quase 10 anos o início da construção da ferrovia : a construção de seu primeiro trecho - de 264 quilômetros , entre Itararé e o atual município de Porto União ( ABAIXO ) - teve início em 1897 e término em 1905 .
Nesse meio tempo o engenheiro fez um dos melhores , se não o melhor , negócio de sua vida : em 1901 a sua empresa - COMPANHIA ESTRADA DE FERRO SÃO PAULO-RIO GRANDE - conseguiu do governo federal a concessão , pelo prazo de 30 anos , para a construção de um ramal ferroviário partindo de São Francisco do Sul , sendo que o dinheiro investido renderia à empresa juros de 6 % ao ano por cada quilômetro construído ( em 1908 a empresa seria adquirida pelo multi milionário norte-americano PERCIVAL FARQUHAR - ABAIXO - , dono de um império espalhado pela América Latina e que chegou a ser dono de boa parte do território do atual Estado do Amapá ! ) .
Só que havia um "pequeno" detalhe : o ramal passaria 25 quilômetros ao sul de Joinville ......Um erro imperdoável ! O cada vez mais intenso e crescente progresso daquela então cidade de forte e carregado sotaque alemão ( ABAIXO , UMA FOTO PROVAVELMENTE DE 1905 , REGISTRANDO A CHEGADA DE UM GRUPO DE MARINHEIROS ALEMÃES AO PORTO DE JOINVILLE ) , que aos poucos começava a se tornar um grande pólo industrial ( segundo o último Censo , realizado em 1900 , Joinville tinha uma população de 19.487 habitantes , o que a tornava a sexta cidade mais populosa do Estado , perdendo , na ordem , para Blumenau , Florianópolis , Tubarão , Lages e Palhoça )
tinha por trás um erva conhecida pelos índios guaranis desde tempos remotos ( eles a mascavam ou a usavam em beberagens no combate ao cansaço e à várias doenças ) , chamada por eles de CAÁ ou CAÁ-MI e que fora descoberta e explorada por jesuítas e colonizadores espanhóis no que é hoje o Paraguai a partir do século 16 : a ERVA-MATE , cujo nome científico é ILLEX PARAGUAIENSES ( ABAIXO , PÉS DE ERVA-MATE - o nome vem do espanhol YERBA MATE , que por sua vez teve origem em palavra da língua indígena QUÍCHUA : MATI , que significa "cuia " , recipiente na qual era preparada a infusão da erva ) .
Embora estivesse a anos-luz do CAFÉ e da BORRACHA , a erva-mate era naquele princípio de século 20 o quarto produto brasileiro mais exportado , representando 2,9 % das exportações brasileiras ( ABAIXO , ANTIGO RÓTULO DE ERVA-MATE ) e sendo os seus principais mercados consumidores a Argentina , o Uruguai e o Chile .
Algo tornava a importância de Joinville ainda maior nisso tudo : a cidade era o centro de beneficiamento , industrialização e comercialização da erva-mate oriunda de uma vasta região formada pelas cidades de Campo Alegre , Canoinhas , São Bento do Sul e as cidades paranaenses de Rio Negro , Lapa , São Mateus e São José dos Pinhais ( em Joinville também se cultivava a erva-mate , mais especificamente na região ao "pé " da serra e às margens da antiga Dona Francisca- ABAIXO - , a hoje rodovia estadual SC-301 ) .
Só para se ter uma ideia , a maior empresa de Santa Catarina já era Joinville : a COMPANHIA INDUSTRIAL CATARINENSE , criada em 1891 ( acabou sendo extinta em 1906 ) , com filiais em diversas cidades de Santa Catarina e do Paraná ( ABAIXO , O ANTIGO PORTO DO MERCADO MUNICIPAL , LOCAL DE ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO DE ERVA-MATE ) e que tinha entre seus acionistas o todo-poderoso médico , empresário e político ABDON BATISTA ( 1851-1922 ) .....
Ter acesso ao tão esperado ramal ferroviário representava não só ter uma outra maneira de escoar esse produto como também tirar Joinville de seu quase isolamento : embora desde 1879 pequenos navios à vapor ligassem Joinville à São Francisco do Sul ( ABAIXO , A ANTIGA ESTAÇÃO DE VAPORES , EXISTENTE NA ALTURA DA ATUAL RUA SETE DE SETEMBRO ) , essa viagem era longa , chegando a durar cerca de duas horas além de ser praticamente a única ligação da cidade com o restante do mundo .....
Muito se repete , quase como um mantra religioso , que Joinville vive sendo eternamente abandonada e ignorada pelo governo do Estado ( Aonde andam os 4 deputados estaduais de Joinville ? Ninguém sabe ninguém viu .....) e que a cidade não tem representação política mas a hoje , lamentavelmente , quase abandonada ESTAÇÃO FERROVIÁRIA ( Desativada em 1996 , oficialmente desde abril de 2008 ali funciona um espaço cultural ; além , daquele pequeno museu que existe ali e das feiras , você sabe de alguma outra coisa que funciona ali ? Ninguém sabe ninguém viu .....) prova o contrário : ela ( ABAIXO ) representa uma das maiores conquistas políticas de Joinville .
Em 1902 uma pressão feita pela Câmara de Vereadores de Joinville junto ao então ministro de Viação e Obras Públicas - o itajaiense LAURO MUELLER ( 1863-1926 - ABAIXO ) - acabou surtindo efeito : o trajeto original do ramal acabou sendo modificado ( mais uma prova de que os tempos são completamente diferentes : naquela época os vereadores trabalhavam em prol da comunidade ! ) . Embora , já em abril de 1903 , uma equipe liderada pelo engenheiro Joaquim LEITE RIBEIRO de Almeida ( Ahá ! Agora você já sabe o porquê de aquela rua ao lado da estação ter esse nome ) tivesse feito um levantamento topográfico da região por onde passaria o ramal ferroviário , as obras de seu trecho inicial - SÃO FRANCISCO-JOINVILLE-ITAPOCU - só tiveram início em janeiro de 1905 .
A quantidade de material que seria utilizado na construção desse trecho foi tão grande que acabou sendo necessário construir um cais de desembarque em uma região de São Francisco conhecida como PONTA DA CRUZ e dois navios à vapor - KARTAGO ( trazendo 2.312 trilhos e 4.630 talas de junção ) e GUAYBA ( trazendo duas locomotivas ) - foram necessários para transportá-lo .( ABAIXO , A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SÃO FRANCISCO , EM FOTO DE 1910 )
Em uma velocidade espantosa para a época , em julho daquele mesmo ano de 1905 o trecho já estava praticamente pronto , faltando apenas aquilo que os engenheiros chamam de "obras de arte " ( pontes e pontilhões ) , mas nem tudo estava um " mar de rosas " .....Um terreno lodoso na região do rio Piraí-Piranga ( ABAIXO , UMA DAS MARAVILHOSAS QUEDAS DO RIO ) era um dos maiores problemas de operários e engenheiros , porém não era o maior deles :
na localidade de JARAGUÁ e na então colônia de HANSA os operários foram , literalmente , postos para correr pelos irados e revoltados colonos que viviam nesses locais ( vale lembar que em 1905 os atuais municípios de Jaraguá do Sul , Corupá - a antiga colônia Hansa - e Guaramirim e partes de Araquari e Massaranduba faziam parte do território de Joinville ) . Mas por que tanto rebu ? Os colonos exigiam indenizações em virtude dos terrenos e plantações que perderiam em função da construção daquele trecho de ramal ferroviário .....( ABAIXO , FOTO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA ENTÃO LOCALIDADE DE HANSA-HUMBOLDT DATADA DA DÉCADA DE 30 , ÉPOCA EM QUE AINDA ERA DISTRITO DE JOINVILLE )
Agora imagine a AVENIDA GETÚLIO VARGAS ? Já imaginou ? Agora tente imaginá-la em 1905......" Caramba ! Aí vocês querem me quebrar ! " , já deve ter pensado você . Relaxe : você terá mais uma semana para tentar imaginar como ela era há 111 anos trás ( ABAIXO , FOTO DE 1927 DO PRÉDIO COM RESIDÊNCIA E AÇOUGUE PERTENCENTE A OTTO SCHROEDER E LOCALIZADO NA ATUAL GETÚLIO VARGAS ) , pois na semana que vem contaremos um pouco dessa história . Enquanto isso assista ao interessantíssimo vídeo do dia , parte de uma série de vídeos contando a história da cidade e produzidos em 2006 pela TV Brasil Esperança .....VALE A PENA CONFERIR !
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