Cada nascimento de uma criança ilumina um pouco mais uma humanidade envolvida pelas trevas........na crônica de hoje JURA ARRUDA comenta sobre o especial momento de gerar uma nova vida e também de criar esse novo ser , com aquele mistura de realidade e poesia característicos de suas crônicas . CONFIRA :
"Quando você olha para fora , o que vê ? O sol brilhando ou uma tempestade ? Sua janela dá para dias claros e pássaros em árvores ? Sibilo de um vento primaveril ?

Ou de sua janela você avista esgoto e lixo humano ? É seu olhar que traduz o que a vida expões e é dele que parte as decisões de sua vida ?

Quando você presta atenção , o que ouve ? Melodias suaves das trilhas de outono ou ecos de uma noite de inverno ?

São pássaros que cantam próximos a você ou sussurra a agonia de uma mãe febril ? De onde você está , os sons que chegam são de esperança ou agridem seus ouvidos urros cruéis ?

Quando você tira a roupa , o que sente ? A brisa de um mundo bom que envolve sua pele e refresca a alma ?

Ou o frio congelante da indiferença ?

Aquele seu coração as histórias de amor ?

Ou arde no seu peito a ira das guerras santas , da intolerância humana , da injustiça torpe ?

O mundo tem mil faces e há mil formas de senti-lo .

Você faz parte dele e não foi por vontade própria que veio . Ou , pelo menos , não foi com a consciência desta vida que você se instalou em um ventre .

Porém , uma vez dentro , o que fazer se não viver com os dons e os defeitos que possui com a geografia e a cultura de onde vive , com as fraquezas e a força do ser humano ?

Então você cresce , vai se apaixonar algumas vezes , vai amar algumas pessoas , vai sonhar com o futuro . E o futuro , insípido que é , vai tomar a forma que você lhe der .

E você o sondará vislumbrando graça e imortalidade , materializadas em filhos . Faz parte da natureza humana o desejo de perpetuação , a participação ativa e fundamental em vindoura sociedade .

Está bem , esqueçamos esta história de perpetuação da espécie . Isso é instinto e inconsciência . Damos pouca importância a isso . Queremos perpetuar nosso gene , manter nosso sangue correndo nas veias de nossas crianças .

Queremos ter filhos para chamar de nossos . Sabemos que decidiremos se ele nascerá ou não , e que estamos colocando-o num mundo de riscos e desafios . Não sabemos o que será dele ,mas podemos imaginar que sentirá dores e decepções em meio às alegrias e carinhos .

Ainda assim , o fazemos .
Onde quero chegar ? Que decidir ter um filho é atitude desafiante que pertence aos corajosos .

Não falo dos incautos que proliferam à base da insensatez . Refiro-me aos corajosos que sabem da responsabilidade e do quanto a vida vai mudar . Refiro-me aos destemidos e felizes . Aos que veem a vida com bons olhos . Refiro-me aos bons de alma , que acreditam na humanidade .

Refiro-me a Ricardo e Ketlen , que deram vida ao Kaleff , ás 21h08 do dia 24 de janeiro de 2014 . "
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