segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Momento Lírico : Noite Alta

Em 1998 ela já não era mais aquele bad boy da década anterior e que fora um assíduo frequentador tanto de colunas e notícias policiais quanto das paradas de sucesso , e alguns anos antes havia largado um velho vício : as drogas . Já não emplacava um sucesso há 7 anos e estava , portanto , bem diferente ......Diferente ? Apenas  em parte : continuava a ser o velho homem-polêmica de sempre . Em uma época em que o nome de  João Luiz Woenderbag Filho , o LOBÃO , anda era sinônimo de rebeldia e inconformismo com os tradicionais acomodação , alienação e obscurantismo da sociedade brasileira e em que ele ainda era mais conhecido por ser um cantor e compositor do que por fazer discursos políticos , ele voltou a gravar um disco depois de 3 anos e que se chamava NOITE . A música-título e que abre o disco traz o seguinte refrão , definindo na visão do polêmico cantor  o que é a eterna musa e companheira de poetas , artistas , filósofos , boêmios e pessoas errantes  : " E a noite gira e todo mundo dança o que puder / Como se não houvesse mais o que dançar / Como se não houvesse nada mais pra amanhecer / Como se não houvesse nada mais pra acreditar " .........Ele não é um bad boy como Lobão mas também tem intimidade com as palavras , a ponto de chamá-las de VOCÊS .......E a primeira poesia de novembro é de autoria do escritor e palestrante gaúcho , radicado em Joinville , MILTON MACIEL . CONFIRA :

"Noite alta .

Pés indecisos inscrevem pelas ruas ,

uma ambígua , bizarra caligrafia ,
de passos bêbados , incertos, oscilantes .

Tristes mulheres , pobres, seminuas ,
enregeladas sob a noite fria ,
tentam vender seu corpos excitantes .


Desaba a noite sobre todos os cansaços .

E esmaga – os corpos derreados, lassos –
seres moídos de desesperança .

E, quanto mais a madrugada avança ,
mais tange um tempo que é de solidão.


É então que, no desolado dos seus lares ,

homens vazios sonham sonhos singulares ,



cheios de tédio e de desolação. "

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