segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Velho , Meu Querido Velho

Pesquisando para o ALAMEDA CULTURAL , nos deparamos com  impressionantes casos de longevidade : a norte-americana CARRIE WHITE ( nascida Joyner ) viveu exatos 116 anos e 88 dias , nascendo em 18 de novembro de 1874 e falecendo em 14 de fevereiro de 1991 . Agora um caso ainda mais raro e impressionante : em Devon , cidade do litoral sul da Inglaterra , quatro irmãs ( família Andrews ) ultrapassaram a casa dos 100 anos e foram elas LILY BEATRICE , FLORENCE ELIZA ( 1874-1979 ) , MAUD ANNIE ( 1876-1978 ) e ELEONOR ( 1880-1983 ) .......Imagine quantas pessoas essas simpáticas e centenárias senhoras ajudaram através de suas histórias de vida e sabedoria , quantas histórias interessantes e curiosas elas  contaram , quantos passeios fizeram , quantos momentos agradabilíssimos tiveram e quantos doces deliciosos e quantos presentes deram aos seus netos , bisnetos e até trinetos .........Aliás , quem não se lembra , com carinho e saudade , de seus avós ? Aqueles seres tão bondosos e especiais , responsáveis por muitos dos momentos mais memoráveis  de nossa  infância .......Nas sociedades orientais e tribais , os mais velhos são tratados com verdadeira reverência e respeito ,afinal da sua longa caminhada de vida , eles têm muito o que ensinar e ajudar ! Infelizmente  em nossa  sociedade ocidental , em que o TER e PARECER valem muito mais do que o SER , muitos , infelizmente os tratam como pesos mortos , dementes e chegam ao cúmulo de maltratá-los , humilhá-los e os deixaram em asilos , como um velho produto  que não funciona mais e que não tem mais serventia ........

    Foi pensando nisso que a ONU ( Organização das Nações Unidas ) realizou em 1982 , na cidade de Viena , um congresso que elaborou  um documento contendo 62 pontos relativos ao papel do idoso na sociedade , e isso acabou gerando o seu fruto , em 1991 : uma resolução da ONU determinava os direitos dos idosos - incluindo o acesso livre e democrático à cultura , educação e lazer - o que acabou servindo de base para as legislações de inúmeros países  relativas aos idosos , inclusive o BRASIL . O estatuto brasileiro do idoso data de 1 de outubro de 2003 e por isso celebra-se nessa data o DIA DO IDOSO no Brasil , mas , como estamos cansados de saber , nosso país é um dos campeões mundiais em leis e para  uma lei ser letra morta não conta apenas o fato de não ser cumprida mas também a falta de uma palavra mágica , de 8 letras , chamada EDUCAÇÃO , aliada a falta de algo chamado RESPEITO.........Mas voltemos aos bons exemplos .......não , não seremos que os relataremos , mas sim o jornalista e contador de histórias ROBERTO SZABUNIA , que relembra , saudoso , de 6 pessoas idosas que foram fundamentais em sua vida . CONFIRA :



"Sim, leitor e leitora. Escrevo essa crônica ouvindo Altemar Dutra ( ABAIXO ) , com sua



magnífica voz, entoando a bela canção-homenagem.



 Desconheço a motivação



do artista, mas deve ter composto a música como um libelo de amor ao pai.



Seja como for, não há como não se emocionar ao ouvir os versos – só



lembrando, hoje 1º de outubro, é Dia do Idoso.



Velho meu querido velho





Agora já caminha lento



Como perdoando o vento



Eu sou teu sangue meu velho '





' Como perdoando o vento...'. É uma das frases que me despertam aquela



' inveja do bem ' , eu queria ter escrito isso. Tenho muitas lembranças de



pessoas queridas que já se foram.



Os primeiros velhos – no sentido etário –



com quem convivi foram meus avós paternos, o dzadek e a babushka. Com



eles, transformados em Diaca e Baba, pela dificuldade dos vizinhos brasileiros



em pronunciar seus eslavos nomes (Edward e Genowefa), aprendi na marra a



falar polonês,



 antes mesmo de balbuciar qualquer frase em português. Vivi a



primeira infância bilíngue. Do Diaca,



 especialmente, lembro-me com saudade



das pescarias no barranco do rio Negrinho, nos fundos de casa.



 Ele me



ensinou muitas manhas de pescador. Por exemplo: após uma chuvarada de



verão de fim de tarde ,



correr para o quintal munido de enxada, enchendo uma



latinha com minhocas gordas;



 em seguida, com caniço comprido e anzol



grande, escolher um canto sob as árvores, onde com certeza há um excelente



pesqueiro com bagres,



 jundiás e mariquinhas ávidos pelas suculentas iscas.



Com o dzadek também aprendi a construir cercas no nosso quintal.



 Depois,



com a Baba,



 revirava a terra, de pazada em pazada, preparando o solo para as



mudas de aipim



 ou batata. Só quem viveu esse tempo pode sentir nos



labirintos da memória o aroma da batata-doce assando sobre a chapa do fogão



a lenha.



 Não só na memória, mas no coração, onde Baba e Diaca ocupam



espaço. Ali também estão meus avós maternos. Vovô Gerhard Froehner (que,



obviamente, virou Geraldo),



 incansável nas partidas de canastra, muitas vezes



coçando instintivamente a perna que já não existia. Nossas partidas eram



interrompidas quando da cozinha vinha o inesquecível cheirinho do café fresco





chamando para a mesa, já preparada pela Vovó.



 Enquanto o Vovô se deliciava



com seu pão coberto por uma grossa camada de banha de porco, eu ia de pão



com manteiga e muss, arrematado por um pedação de cuque de banana. (Opa!



Me babei aqui)





' Seus olhos são tão serenos



Sua figura é cansada



Pela idade foi vencido



Mas caminha sua estrada '





Entre outras pessoas que já se foram, e que me deixaram profunda saudade,



está meu pai.



 Não chegou a envelhecer, tinha só 65 anos quando um infarto o



fulminou. Foi pai e amigo, compartilhando bailes



 e mesas de truco.



 Repousa



hoje ao lado dos pais.



Mamãe, na primeira metade dos setentinha ,



 está por aqui hoje, enquanto tia



Alda cuida da gatarada lá no Capri. ( ABAIXO )





E eu ? Mas, barbaridade ! Já sou avô !



Um grande abraço a todos os ' meus velhos '. "


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